quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Toma consciência, ó Cristão, da tua dignidade

Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com promessa da eternidade.

Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida.

Quando chegou a plenitude dos tempos, fixada pelos insondáveis desígnios divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconciliá-lo com seu criador, de modo que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que antes vencera.

Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos cantam jubilosos: Glória a deus nas alturas; e anunciam: Paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14). Eles vêem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não devem alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim se rejubilam?

Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, compadeceu-se de nós. E quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo (Ef 2,5) para que fôssemos nele uma nova criação, nova obra de suas mãos.

Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne.

Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de corpo és membro. Recorda-te que foste arrancado do poder das trevas e levado para a luz e o reino de Deus.

 

(Sermão de São Leão Magno, Papa, Séc. V)

 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Lisieux, França


Viagem “Ao Encontro de Nossa Senhora”
Sexta parte
 

No dia 21 de novembro partimos de Lourdes com destino a Lisieux. O pernoite do dia 21 se deu na cidade francesa de Tours.
No dia seguinte, 22, chegamos a Lisieux para mais um encontro com Nossa Senhora. Lisieux é uma cidade francesa, localizada na região da Normandia, e lá viveu e morreu Santa Teresinha do Menino Jesus. Nessa mesma cidade, encontrei Nossa Senhora ao encontrar a história de vida de Santa Teresinha do Menino Jesus. Digo isso porque, como Nossa Senhora, Santa Teresinha gastou seus poucos anos de vida buscando a santidade, buscando viver a vontade de Deus.
"Sempre desejei ser santa, mas - pobre de mim! - sempre constatei, ao me comparar com os santos, que entre eles e eu existe a mesma diferença que há entre uma montanha cujo cume se perde nos céus e o grão de areia obscuro pisado pelos transeuntes. Longe de desanimar, disse a mim mesma: ‘O bom Deus não pode inspirar desejos irrealizáveis. Logo, apesar de minha pequenez, posso aspirar à santidade. Tornar-me grande, é impossível; devo, pois, me suportar tal como sou, com todas as minhas imperfeições, mas quero procurar um meio de ir ao Céu por uma pequena via bem direita, bem curta, uma pequena via inteiramente nova'." (Manuscritos Autobiográficos de Santa Teresinha do Menino Jesus). 

Em Lisieux ficamos por uma boa parte do dia 22 e lá visitamos:
- A Basílica de Santa Teresinha, uma construção imponente, iniciada em 1929 e consagrada em 1954. Dentro da Igreja, num silêncio respeitoso, as pessoas se dirigem ao ponto mais frequentado: o relicário, onde estão expostos os ossos do braço direito de Teresinha. Na cripta, toda revestida de mármore e mosaicos que representam cenas da vida de Teresinha, pudemos participar do Sacrifício da Missa, celebrada por Padre Stanley. A Basílica abriga várias capelas dedicadas aos países e dentre elas está a do Brasil, testemunhando a fé do povo brasileiro em Santa Teresinha.
- O Carmelo, mosteiro carmelita onde, em 1888, aos 15 anos de idade, a futura Santa Teresinha do Menino Jesus, entrou para a vida religiosa, determinada a seguir uma vida de oração. Em 1923 a capela do Carmelo foi ampliada para abrigar os restos mortais da religiosa, transferidos do cemitério. Nela, Santa Teresinha está representada em seu leito de morte, revestida com o hábito carmelita.
- A Catedral de São Pedro, igreja frequentada pela família de Teresinha. A atual catedral não é a primeira construída no local. Em estilo gótico-normando, esta catedral já chegou a ruir, foi violada e profanada. Voltou a se constituir como lugar de culto em 1802.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Em Lourdes, França


Viagem “Ao Encontro de Nossa Senhora”
Quinta parte

 
Dia 18 de novembro, partimos de Santiago de Compostela, Espanha, rumo à Lourdes, França. Antes, diante da longa distância entre as duas cidades (Santiago de Compostela e Lourdes), paramos para pernoitar em Gijón.
No dia 19, no início da noite, chegamos a Lourdes. Após o jantar, uma visita à gruta de Massabielle. Muito frio! Mas o encontro com Nossa Senhora de Lourdes compensou todo o desconforto causado pela temperatura.
Lourdes é uma pequena cidade do sudoeste da França, nos montes Pirineus, e é mais um dos grandes santuários marianos do mundo. Ali, Nossa Senhora apareceu... No local das aparições passa o rio Gave; ao lado está o rochedo Massabielle. No rochedo, se forma uma reentrância oval, que é chamada Gruta Massabielle, onde Nossa Senhora apareceu 18 vezes no ano de 1858 à adolescente Bernardette Soubirous, de 14 anos.
Em Lourdes, visitamos o belíssimo Santuário de Lourdes, gigantesco, que compreende várias capelas, igrejas e locais de recolhimento e oração. Na Capela dedicada a São Miguel participamos da Santa Missa, celebrada pelo Pe. Stanley. A Capela-Mor da Basílica de Nossa Senhora do Rosário foi construída, a pedido de Nossa Senhora, exatamente em cima de Gruta Massabielle. A imagem de Nossa Senhora na Gruta, com seus 2,5 metros de altura, representa a aparição da Virgem Maria, no mesmo lugar e atitude. A Cripta, que fica embaixo da Basílica, foi a primeira capela aberta ao público, onde a primeira missa, celebrada no dia 19 de maio de 1866, teve a presença de Bernadette. Ali, num dos vários espaços do Santuário, tive a graça de viver a experiência do banho nas águas milagrosas. “Ao Encontro de Nossa Senhora”, título da nossa peregrinação, se fez valer verdadeiramente nesse lindo momento. Só com os olhos da fé se pode entender isso!
Em Lourdes, também visitamos a Basílica Pio X, uma construção em estrutura baixa, sem torre, no formato oval, está praticamente enterrada, sendo a cobertura externa do teto um jardim de grama; as casas onde a menina Bernadette nasceu e viveu; o Château Fort, ou Castelo Fortaleza, que, durante os séculos XI e XII, serviu de residência do Conde de Bigorra, já foi um quartel, uma prisão e, agora, abriga o Museu dos Pirineus; dentre outros pontos.


Um pouco da história de Lourdes:
Em 11 de fevereiro de 1858, na vila francesa de Lourdes, às margens do rio Gave, Santa Maria manifestou de maneira direta e próxima seu profundo amor para conosco, aparecendo-se a uma menina de 14 anos, chamada Bernadette Soubirous.
O documento mais significativo acerca das aparições e da própria Bernadette, é uma carta datada de 1862, onde Bernadette relata com clareza todo o ocorrido durante as dezoito visões. Somente parte da carta está disponível ao acesso público:
 
 
Eu tinha ido com duas outras meninas na margem do rio Gave quando eu ouvi um som de sussurro. Olhei para as árvores e elas estavam paradas e o ruído não era delas. Então eu olhei e vi uma caverna e uma senhora vestindo um lindo vestido branco com um cinto brilhante. No topo de cada pé havia uma rosa pálida da mesma cor das contas do rosário que ela segurava. Eu queria fazer o sinal da cruz, mas eu não conseguia e minha mão ficava para baixo. Aí a senhora fez o sinal da cruz ela mesma e na segunda tentativa eu consegui fazer o sinal da cruz embora minhas mãos tremessem. Então eu comecei a dizer o rosário enquanto ela movia as contas com os dedos sem mover os lábios. Quando eu terminei a Ave-Maria, ela desapareceu. Eu perguntei às minhas duas companheiras se elas haviam notado algo e elas responderam que não haviam visto nada. Naturalmente elas queriam saber o que eu estava fazendo e eu disse a elas que tinha visto uma senhora com um lindo vestido branco, embora eu não soubesse quem era. Disse a elas para não dizer nada sobre o assunto porque iriam dizer que era coisa de criança. Voltei no domingo ao mesmo lugar sentindo que era chamada ali. Na terceira vez que fui, a senhora reapareceu e falou comigo e me pediu para retornar todos os próximos 15 dias. Eu disse que viria e então ela disse para dizer aos padres para fazerem uma capela ali. Ela me disse também para tomar a água da fonte. Eu fui ao rio que era a única água que podia ver. Ela me fez realizar que não falava do rio Gave e sim de um pequeno fio d’água perto da caverna. Eu coloquei minhas mãos em concha e tentei pegar um pouco do líquido sem sucesso. Aí comecei a cavar com as mãos o chão para encontrar mais água e na quarta tentativa encontrei água suficiente para beber. A senhora desapareceu e fui para casa. Voltei todos os dias durante 15 dias e cada vez, exceto em uma Segunda e uma Sexta, a Senhora apareceu e disse-me para olhar para a fonte e lavar-me nela e ver se os padres poderiam fazer uma capela ali. Disse ainda que eu deveria orar pela conversão dos pecadores. Perguntei a ela, várias vezes, o que queria dizer com isto, mas ela somente sorria. Uma vez finalmente, com os braços para frente, ela olhou para o céu e disse-me que era a Imaculada Conceição. Durante 15 dias ela me disse três segredos que não era para revelar a ninguém e até hoje não os revelei.”
 
 
Santa Bernardette realizou muitos milagres em vida e mais ainda após a sua morte. Por causa dos milagres e visões, a fama de Bernadette se espalhou e muitas pessoas vinham procurá-la de todas as partes. Para fugir dessa gente, Bernadette se internou no hospital das Irmãs de Caridade em Nevers, Lourdes. Ali, ela recebeu aulas, aprendeu a ler e escrever. Lá ela faz de próprio punho, o primeiro relato das aparições de Lourdes. Bernadette sofria de uma doença que a deixou totalmente paralisada em seus últimos anos de vidas. Ela faleceu no dia 19 de abril do ano de 1897, aos 35 anos. Trinta anos após sua morte, seu corpo foi exumado por causa do processo de canonização que se iniciara em seu favor. E, para o espanto de todos, seu corpo estava intacto, incorrupto, do mesmo modo como ela tinha sido enterrada, apesar de seu hábito apresentar umidade e o rosário em suas mãos ter oxidado. Hoje, mais de um século após sua morte, seu corpo continua intacto e está exposto em uma redoma de vidro, na Igreja do Convento de Saint Gildard de Nevers.