quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Liberdade... tô longe de casa!


“Longe de casa
Há mais de uma semana
Milhas e milhas distante...” [música]

Caramba, sempre quis ficar fora de casa, curtir uns dias sem ninguém me olhando e dizendo que eu tinha de acordar e arrumar minha cama, cuidar dos cachorros, lavar meu tênis “surrado”, sair e comprar os pães do café da manhã!

Como é bom sentir que a vida está em suas mãos para ser vivida e não há ninguém por perto para ser juiz de seus atos.

Mas será que ser livre é só isso?

Porque, as vezes, mesmo longe das pessoas e de tudo, ainda não me sinto livre? Onde está minha liberdade? Mas todo mundo quer ser livre; disso, tenho certeza!

Fiz a seguinte pergunta: Por que ser livre? Algumas pessoas responderam: “Huummm… Acho que eu queria ser livre para não ter que dar satisfações para ninguém ou explicar o que eu estou fazendo. É bastante interessante querer e realmente poder.”

“… eu quero me libertar das coisas ruins que acontecem no mundo dizendo, simplesmente: eu quero fugir para ser livre!”

“Quero ser livre para poder sorrir quando eu quiser, chorar quando eu quiser sem ter alguém ao meu lado que insista para eu fingir meus sentimentos para que os outros não se sintam magoados.”

“… para fazer tudo que tiver ao meu alcance sem restrições; muito menos culpa”.

“Eu queria ser livre da MATEMÁTICA. Não é justo eu ser dependente dela, porque se eu tento entendê-la, ela me menospreza; se eu a ignoro, ela me derrota. ISSO NÃO VALE!!!!!!!!!!”

Pôxa, com estas respostas chego a uma conclusão:

Não nos sentimos livres, porque queremos uma liberdade baseada em pessoas, situações e fatos. A liberdade está na Pessoa. Na Pessoa de Jesus que diz: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”.

Tenho que me conhecer… Quem sou eu?… Assim me torno livre.

A maior prisão é a cela interior que me prende a mim mesmo. Medo de errar já é erro em si, pois não nos resumimos a um saco de moléculas que funciona direitinho.
Longe de casa… Mas dentro de si mesmo! Livre em si e bem perto de Deus!
Encerro com uma frase de Gandhi: “A liberdade não tem qualquer valor se não inclui a liberdade de errar.”

Adriano Gonçalves, Comunidade Canção Nova

A oferta da vida


Na dinâmica divina, é mais importante servir do que ser servido. Na atualidade, numa mentalidade marcada pelo triunfalismo e pela ambição do poder, tem mais força ser servido do que propriamente servir. Os interesses pessoais e egoístas são muito mais evidentes. Sabemos que não é fácil ser servos uns dos outros.

Ser servo é ser solidário, principalmente nas dificuldades. Esta prática acontece muito entre as pessoas simples, que têm o coração e os bolsos muito mais sensíveis, com muito mais capacidade de partilha. É mais saudável, na prática da vida, dar do que receber, mesmo que isto curte sacrifício, dentro do contexto da fraternidade.

A oferta da vida é uma atitude de fidelidade à vontade divina. É consequência da justiça, que contrapõe aos planos dos dominadores. Quem assim age não faz o jogo da pressão capitalista-consumista, mas se detém naquilo que diminui as dores de quem passa necessidade. É como ofertar a vida para resgatar a justiça.

O importante é ser vitorioso diante das maldades do mundo. O egoísmo impede que a vida seja para todos, e mata. O acúmulo, sem função social, é sempre insaciável. “Quanto mais a pessoa tem, mais quer ter”. Quem age assim, não tem dificuldade de passar por cima dos princípios éticos e realiza, silenciosamente, a exploração.

O egoísmo causa disputa de poder, competições, ciúmes, inveja e quer tirar proveito das situações. Esta é a ideologia dominante, com critérios do reino do mundo, que dificulta a primazia das relações sociais, da justiça, da paz e da fraternidade. Parece até que não conseguimos descartar a busca de honras e privilégios.

Sendo ainda mais preciso, no seguimento de Jesus Cristo não existe lugar para privilégios pessoais, lugar para os qualificados como “grandes”. Há lugar, e abundante, para “servidores”, e servos de todos. Não é fácil carregar as dores e as transgressões do mundo, mas vale a pena ser capaz de lutar para que a vida seja assumida como dom de Deus e colocada sempre a serviço do bem da humanidade.

Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba