terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fé sem fronteiras


Foi atravessando os desertos do preconceito que Jesus adentrou no território mais sagrado do ser humano: o coração. Em regiões pagãs onde cada tarde anunciava o fim das esperanças, Ele devolvia a cada pessoa o direito de ver o dia renascer com cores de ressurreição. Onde os limites das fronteiras da impureza serviam como obstáculos para a vivência do amor incondicional, Jesus Cristo ajudou cada um dos que Dele se aproximavam a descobrir que a Fé que carregavam na alma era sem fronteiras.

Foi em um dia onde o sol escondia o brilho de uma linda manhã que se aproximou de Jesus uma mulher, cuja filha era atormentada por um demônio. Aquela mulher carregava na vida uma noite que não permitia a sua filha contemplar a estação de um novo tempo onde as flores pudessem devolver à vida a beleza de outros tempos. Nos limites da vida ela reconhecia em Jesus aquele que poderia ajudar a sua filha a vislumbrar uma manhã de possibilidades.

Diante de Jesus aquela mulher reconhece sua condição de pagã. O fim das esperanças anunciada por muitas tardes começava a se transformar em sinais de um novo tempo que iria chegar. Jesus olhou além das aparências que aquela mulher trazia impressa nas páginas da história de sua vida já cansada de sofrimentos e dores. O olhar de Cristo adentrou o território pagão daquela vida e reconheceu no grito de uma mãe que clamava pela cura de sua filha, uma Fé que ultrapassava os limites das palavras. O clamor das lágrimas de outrora acendeu a chama da Fé adormecida no coração daquela mulher e transformou o inverno de angustias em uma linda manhã de primavera.

Diante da dor estacionada no coração de cada ser humano os limites da Fé poderiam ultrapassar as fronteiras que impediam a vivência de uma nova vida de plenitude e paz. E foi assim que dois cegos se aproximaram de Jesus. Enquanto Jesus passava, os olhos da alma daqueles cegos se abriram para a possibilidade de terem a dignidade de suas vidas resgatadas. Diante dos olhares daquela sociedade eles haviam sido condenados por Deus, por terem cometido algum pecado muito grave. Excluídos da sociedade conviviam com o peso de carregarem nos ombros uma impureza imposta por outros.

Jesus ao curar aqueles cegos
desmascara um sistema religioso opressor que impedia os doentes de se sentirem amados por Deus. Os olhos da vida são abertos para que aqueles dois cegos possam testemunhar a misericórdia de um Deus que se compadece com a dor de seus filhos. As alegrias de um novo tempo deixaram para trás as noites da condenação. Eles agora podiam caminhar na luz de um novo tempo nascido da Fé que carregavam no coração. Só pode se despedir do medo quem com a Fé aprendeu a caminhar na confiança da misericórdia de Deus.

As fronteiras da Fé se tornam sem limites a partir do momento em que as cercas da desconfiança são derrubadas e os campos da esperança são unidos pelo amor que depositamos em Deus. O que nos une em Cristo é a Fé que carregamos em nosso coração. Se nas incertezas da vida o medo quiser fazer morada em nossa alma será preciso construir um caminho que uma a nossa esperança ao amor que Cristo tem por cada um de nós. As tardes da vida somente são poéticas e belas quando a Fé é a certeza plena de um novo amanhecer.

Padre Flávio Sobreiro

Leitura Bíblica: Lucas 13, 18-21


Era apenas um grão de mostarda. No ambiente palestino, a menor semente conhecida. Foi este pequeno grão que Jesus escolheu para manifestar um aspecto do Reino de Deus. Isto é, nas coisas espirituais, não podemos ficar presos àquilo que nossos olhos veem. O mais importante permanece sempre oculto.

Sim, Jesus também insinua que a semente da mostarda – por mínima que seja – já traz em seu interior um dinamismo que a impelirá a crescer e frutificar. Aquilo que parecia sem força e sem valor, agora é um arbusto (com cerca de 3m de altura, lá na Palestina), capaz de abrigar as aves do céu e seus ninhos.

Um dos simbolismos bíblicos para as “aves do céu” é o “estrangeiro”, os povos que não eram Israel, os que vinham “das ilhas”, isto é, de longe. Assim, o Reino de Deus há de se expandir a ponto de acolher em seu seio também aqueles que “não eram povo” (cf. 1Pd 2, 10).

A mesma ideia de crescimento oculto, subterrâneo, é repetida na pequena parábola do fermento. Nesta, Jesus se vale da imagem que contemplava em Nazaré: Maria juntando farinha, água e fermento, preparando em silêncio a massa do pão de cada dia. Durante a noite, a massa “descansava” na janela. Ao amanhecer, misteriosamente, uma força interior fizera crescer os pães. E o Menino Jesus, futuro Rabi da Galileia, meditava: “É assim que o Reino de meu Pai há de crescer, mesmo na escuridão da longa noite dos homens...”

O mundo capitalista, alimentado de produção e consumo, de pragmatismo e eficiência, prefere os gestos grandiloquentes, as realizações “macro”, modernas torres de Babel. Deus é pobre. Deus é simples. Prefere os inícios humildes. Trabalha sempre na sombra, como os 30 anos de vida oculta em Nazaré...

E nós? Estamos contribuindo para a construção do Reino de Deus com os pequenos gestos de amor de cada dia? Valorizamos também as pequenas tarefas enquanto sinal de afeto e de compromisso? Já chegamos a perceber a importância das pequeninas ações, fermento de vida e impulso criador, humildes tijolos da humanidade?

Ou ainda estamos cegos à ação do Espírito, que age em surdina na matéria do mundo?

Orai sem cessar: “Venha a nós o vosso Reino!” (Mt 6, 10)

Antônio Carlos Santini, Comunidade Católica Nova Aliança.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

#FicaAdica 46



Muitas vezes vamos atrás do sofrimento, mas o que é preciso é sofrer bem, com discernimento, com classe, som serenidade de quem já é iniciado no sofrimento. Não para tirar dele uma compensação, um benefício secundário, mas um aprendizado que leva à evolução. O sinal mais seguro da sabedoria é a constante serenidade, a paz que trazemos em nós, apesar de toda adversidade.

A serenidade de espírito vai proporcionando-nos encarar os problemas com maior equilíbrio e segurança, pois aprendemos com a experiência da própria vida que tem coisas que não tem solução imediata. É preciso deixar de molho, passar os dias, passar o tempo! A sabedoria da serenidade é a capacidade de não desesperar-nos diante dos acontecimentos, mas de manter-nos no caminho da vida com disposição, coragem e audácia!

Frei Paulo Sérgio, ofm

O passado: lugar de gratidão


Deus nos conhece e quer nos modelar a partir do que nós somos. Então encare sua história pessoal sem medo, em obediência à proposta do Papa João Paulo II, dê uma resposta efetiva. Em sua carta apostólica, "Novo Milênio Ineunte", o Papa nos recorda que é preciso: lembrar com gratidão o passado, viver com paixão o presente e abrir-nos com confiança e esperança ao futuro.

A nossa atitude com relação ao passado precisa ser de gratidão e louvor. Quantas vezes não rezamos com essa música que diz: “Não quero mais estar preso ao que já passou. Pois meu passado não é mais do que Aquele que me escolheu, para sentir e experimentar seu infinito Amor, que transformou a minha vida e me fez crer que nada é maior que Deus”. Não podemos mais estar presos ao que já passou, mas livres pela gratidão e louvor.

Façamos esse compromisso de deixar no coração do Pai e na cruz de Jesus o que já passou. Portanto, com relação ao passado, nada de lástimas, queixumes, murmurações, críticas, acusações, tais como: “Se não fosse fulano eu não teria feito”, buscando culpados ou culpando-se por situações que já fazem parte da história, já passaram. Ao invés disso, gratidão e louvor. Não fiquemos com complexo de culpa, inferioridade e incapacidade.

Olhemos com franqueza para nossos erros e quedas, e reconheçamos todo o aprendizado e crescimento que tivemos passando por eles. Cultivemos essa atitude no coração: gratidão e louvor. Deus conhece todas as coisas e nos diz: “Todo aquele que está em Cristo, é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!” (2Cor 5, 17).

O Senhor tem o poder de fazer novas todas as coisas. Com relação ao nosso passado, sofrido, cheio de marcas, traumas, feridas, o caminho é Jesus. Ele quer e pode nos curar. Pelo seu Espírito, Ele pode nos renovar, restaurar, transformar. Não é suficiente nascer no Espírito, é de fundamental importância, andar, viver e crescer no Espírito.

Do livro “O Caminho da Graça”, de Eduardo Issa. Editora RCCBRASIL.

domingo, 28 de outubro de 2012

O que o Senhor quer de nós? Coerência de vida


Hoje, o Senhor está nos colocando em xeque, assim como fez com todo o povo de Israel que observava a lei, oferecendo sacrifícios a Ele e fazendo orações conforme eram prescritas, mas a vida deles não correspondia às suas orações. O Senhor, então, é muito direto ao lhes dizer: "Povo meu, que te fiz, ou em que te contristei? Responde-me" (Miquéias 6,3).

Deus enumera os milagres e prodígios que fez por aquele povo e diz que para Ele não bastavam apenas os sacrifícios e os atos externos, pois o que precisava era do coração sincero e da vida deles. O que o Senhor quer de nós? Ele quer que pratiquemos a justiça e que andemos com humildade, seguindo Seus mandamentos.

Esta é a Palavra, para nós, no dia de hoje. Aquele povo fazia sacrifícios, mas não mudava de vida. Nós não somos maus, graças a Deus, mas também não temos coragem de ser inteiramente do Senhor. Preferimos ficar na mediocridade, ou seja, "no mais ou menos". Por essa razão precisamos recordar constantemente o que Jesus disse: "Assim porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca". E Cristo voltou a lhes perguntar (assim como pergunta a nós): "O que foi que Eu lhes fiz?" Respondamos, com sinceridade, ao Senhor.

Monsenhor Jonas Abib