terça-feira, 16 de outubro de 2012

(CIC) Revelação progressiva da ressurreição


A ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus a seu povo. A esperança na ressurreição c corporal dos mortos foi-se impondo corno uma consequência intrínseca da fé em um Deus criador do homem inteiro, alma e corpo. O criador do céu e da terra é também aquele que mantém fielmente sua aliança com Abraão e sua descendência. E nesta dupla perspectiva que começará  a exprimir-se a fé na reação. Nas provações, os mártires Macabeus confessam:


O Rei do mundo nos fará  ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis (2Mc 7,9). É desejável passar para a outra vida pelas mãos dos homens, tendo da parte de Deus as esperanças de ser um dia ressuscitado por Ele (2Mc 7,14).


Os fariseus e muitos outros contemporâneos do Senhor esperavam a ressurreição. Jesus a ensina com firmeza. Aos saduceus que a negam, ele responde: "Não é por isto que errais, desconhecendo tanto as Escrituras como o poder de Deus?" (Mc 12,24). A fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus, que "que não é um Deus dos mortos, mas dos vivos" (Mc 12, 27).

Mais ainda: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: "Eu sou a ressurreição e a vida" (Jo 11,25). É Jesus mesmo quem, no último dia, há  de ressuscitar os que nele tiveram crido e que tiverem comido seu corpo e bebido seu sangue. Desde já, Ele fornece um sinal e um penhor disto, restituindo a vida a certos mortos, anunciando com isso sua própria ressurreição, que no entanto será  de outra ordem. Deste acontecimento único Ele fala como do "sinal de Jonas", do sinal do templo: anuncia sua ressurreição, que ocorrerá  no terceiro dia depois de ser entregue à morte.

Ser testemunha de Cristo é ser "testemunha de sua ressurreição" (At 1,22), "ter comido e bebido com Ele após sua ressurreição dentre os mortos" (At 10,41). A esperança cristã na ressurreição está  toda marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado. Ressuscitaremos como Ele, com Ele, por Ele.

Desde o início, a fé cristã na ressurreição deparou com incompreensões e oposições. "Em nenhum ponto a fé cristã depara com mais contradição do que em torno da ressurreição da carne" (Sto. Agostinho). Aceita-se muito comumente que depois da morte a vida da pessoa humana prossiga de um modo espiritual. Mas como crer que este corpo tão manifestamente mortal possa ressuscitar para a vida eterna?


Catecismo da Igreja Católica, § 992-996

Leitura Bíblica: Lucas 11, 37-41


“O Senhor disse ao fariseu: ‘Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior?’” (Lc 11,39-40)

O comentário do Evangelho de hoje foi feito por São Rafael Arnaiz Baron, monge trapista espanhol:


“Vós purificais o exterior, mas Deus encontra-Se no interior.

Se as pessoas que procuram a Deus soubessem! Se esses sábios que buscam a Deus no conhecimento intelectual e nas vãs discussões soubessem; se os homens soubessem onde se encontra Deus! Quantas guerras se evitariam; quanta paz não haveria no mundo, quantas almas seriam salvas. Insensatos e tolos, os que procuram a Deus onde Ele não está! Escutai e espantai-vos: Deus está no coração do homem, isso eu sei. Mas reparai, Deus vive no coração do homem quando esse coração está desapegado de tudo o que não é Ele, quando esse coração se apercebe de que Deus bate à porta (Ap 3,20) e, varrendo e limpando todas as suas salas, se dispõe a receber Aquele que é o único que o pode saciar.

Que bom é viver assim, com Deus no mais fundo do coração; que doçura tão grande vermo-nos cheios de Deus! [...] Custa pouco, não custa mesmo nada fazer tudo o que Ele quer, pois amamos a Sua vontade e até mesmo a dor e o sofrimento se tornam paz, pois sofremos por amor. Só Deus sacia a alma e a preenche plenamente. [...] Que venham os sábios perguntar onde está Deus: Deus encontra-Se onde o sábio, com toda a sua orgulhosa ciência, não consegue chegar.”