Deus não fará
justiça aos seus escolhidos, que dia e noite
gritam por ele? (Lc 18, 7)
gritam por ele? (Lc 18, 7)
Uma viúva
procura um juiz para que lhe faça justiça. Insiste, suplica, volta a pedir. O
homem, mesmo não temendo a Deus, devido à insistência da mulher, atende
seu pedido. Ora, Deus vigilante e carinhoso não haverá de nos atender?
Desde
pequenos, a mãe nos ensinou a rezar ao Pai do céu, a pedir pelo
irmãozinho doente ou pela avó que aniversariava. Sem muita teoria fomos
aprendendo a jogar nossa vida em Deus e colocar no seu coração as nossas
preocupações. Crescemos, entendemos melhor as coisas e continuamos a
rezar: o Pai nosso, os salmos penitenciais, as orações, suplicando
sabedoria na hora das tomadas de decisão. Trabalhando, lutando, sofrendo,
planejando, vivendo vamos sempre tendo o olhar posto no Senhor e o coração se
torna um coração de súplica. Queremos que o casamento dê certo, que os
filhos não se desviem, que os padres sejam padres, que não nos faltem vocações,
que os doentes tenham coragem de carregar suas cruzes, que os que perdem seus
entes queridos não desesperem. Pessoal ou comunitariamente
apresentamos a Deus estas e tantas outras súplicas. “E Deus não fará justiça aos
seus escolhidos, que dia noite gritam por ele. Será que vai fazê-los esperar?”
A vida vai
fazendo seu curso. Ficamos doentes. Procuramos o médico. Ficamos bons ou não.
Pedimos a Deus que nos cure ou que no dê forças para suportar a dor.
Queríamos que
nossos meninos crescessem bem e eis que enveredam pelo caminho das drogas…
Pedimos a força do Senhor que parece vir e não vir. Às vezes dizemos com
Jesus: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” “Se for
possível afasta este cálice de mim; não se faça como eu quero, mas como
tu queres? “
Num determinado
momento há uma simplificação da vida de oração.
Caminhamos à
luz do Senhor. Ele nos olha e nós o olhamos. Nossa oração passa a ser
simplesmente um caminhar na sua presença. Gostamos dos lugares
silenciosos, degustamos os salmos, repetimos incessantemente: “Tu és o
bem, o sumo bem, o tudo…”.
Assim, a vida
de oração vai purificando o nosso coração. A certeza da companhia do
Senhor nos estimula. Vivemos, apesar do pecado e da precariedade de
nossos propósitos, no Senhor. Somos amigos do Senhor. Será que o
Senhor vai nos abandonar? “Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem
depressa”.
O evangelho de
hoje termina com esta misteriosa frase: “Quando o Filho do Homem vier, será que
ainda vai encontrar fé sobre a terra?”.
Frei Almir Ribeiro Guimarães