domingo, 6 de janeiro de 2013

As delicadezas do amor de Deus



O amor consiste no seguinte: “Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória pelos nossos pecados” (I Jo 4,10) .

O fato de saber reconhecer as delicadezas do amor do Pai na trama ordinária da vida, é uma graça do Senhor. Moisés explicou muito bem isso ao povo, ao enumerar as provações, os sinais e os grandiosos prodígios que presenciou: “Até o dia de hoje, Javé não vos tinha dado um coração para compreender, olhos para ver e ouvidos para ouvir” (Dt 29,4).

Compreender, isto é uma autêntica revolução! Não somos nós que andamos a girar à volta de Deus, para tentar atingi-Lo e amá-Lo, mas é Ele quem gira à nossa volta, até o momento em que consegue uma brecha no nosso coração.

Senhor, dá-nos um coração sensível à Tua presença, para que possamos reconhecer-Te como Nosso Senhor e amigo.

Jesus, eu confio em Vós!

Luzia Santiago, Comunidade Canção Nova

Solenidade da Epifania do Senhor



Mais uma vez comemoramos a festa dos Magos que buscam o presépio do frágil Menino. No Oriente, esta data é a festa do Natal. Sim, tudo começa outra vez. Diante de nós, o presépio de um menino que recebe a visita de gente de longe, de muito longe…

As coisas se passam em torno do tema da luz, da claridade. Isaías, na primeira leitura desta liturgia se dirige a Jerusalém, essa que mata profetas, mas essa cidade encantada para a qual se dirigem aqueles que haviam sido deportados, que passaram por toda sorte de humilhação na terra do degredo. Há solene marcha empreendida pelo povo e por seu chefes. “Levanta-te, acende as luzes Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor”. As trevas vão sendo devoradas pela luz que chega. Há uma festa de luz. “Os povos caminham à tua luz e os reis, ao clarão de tua aurora”.

Jerusalém, a cidade, é descrita como uma mulher que acolhe os filhos que chegam de longe. Esguia ela levanta os olhos. Há chegada dos filhos e das filhas como se fosse uma grande dança. Seus filhos vêm chegando de longe com suas filhas que carregam nos braços. E o coração de Jerusalém  baterá forte e seu semblante terá cores radiantes.

Isaías fala mesmo de uma caravana de homens trazidos por camelos.  “… será uma inundação de camelos e dromedários de Madiã e Efa a te cobrir; virão todos os de Sabá, trazendo ouro, incenso e proclamando a glória do  Senhor”.

Mateus afirma que, no tempo do rei Herodes, quando Jesus tinha nascido Magos do Oriente chegaram a Jerusalém. Traziam uma pergunta:  “Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.

Vieram de longe, esses misteriosos magos. Vieram cheios de interrogações, fazendo uma longa viagem, esses peregrinos da fé. Estavam com o corpo cansado, as roupas encharcadas de suor. Vieram à luz da estrela. Vieram à luz da fé. Vieram consultando as Escrituras e guiados por um filete de fé que vinha de uma estrela, que aparecia e desaparecia.

Depois de interrogações e questionamentos de uns e de outros conseguiram chegar ao presépio do frágil menino. A estrela reaparecera.  “A estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar em que estava o menino”. Novamente, o tema da luz, da estrela da fé que encaminha os passos dos peregrinos até o Senhor. Homens do Oriente que andavam à busca de Deus, que carregavam essa ânsia de jogar suas histórias  diante daquele que os iluminava.  Que fortuna viver com pessoas de fé, pessoas que caminham por entre as coisas como se vissem o Invisível! Fé, dom de iluminação.

Finalmente eles tinham chegado ao termo da viagem. Com a vista da estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. “Quando entraram na casa, viram o Menino com Maria,  sua Mãe.  Ajoelharam-se diante dele e o adoraram.  Depois abriram seus cofres  e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra”.

Terminamos nossa reflexão retomando admirável texto de São Pedro  Crisólogo sobre aquele que nasceu para nós e não quis ser ignorado por nós: “Hoje, os Magos que o procuravam resplandecente nas estrelas, o encontram num berço. Hoje, os Magos contemplam maravilhados,  no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o homem em Deus, Deus no homem e, incluído no corpo pequenino de uma criança, aquele que o universo não pode conter. Vendo-o, proclamam sua fé, não discutem, oferecendo-lhe  místicos presentes:  incenso a Deus, ouro ao rei e mirra ao que havia de morrer. Assim, o povo pagão, que era o último, tornou-se primeiro, porque a fé dos Magos deu início  à fé de todos os pagãos”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães