terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"Sempre trabalhei com amor"

Hoje, a Igreja celebra a festa em honra a Dom Bosco, um homem voltado para o céu e, por isso, enraizado com o sofrimento humano, especialmente, dos jovens. Grande devoto da Santíssima Virgem Auxiliadora, foi um homem de trabalho e oração. Exemplo para os jovens, foi pai e mestre, como encontramos citado na liturgia de hoje.
Abaixo, um trecho das Cartas de São João Bosco, presbítero, Séc. XIX, retirado da Liturgia das Horas de hoje. Essa carta fala sobre a educação dos jovens, não apenas aos educadores escolares, mas também a quem, de uma forma ou de outra, tem sob sua orientação um jovem. 

"Antes de mais nada, se queremos ser amigos do verdadeiro bem de nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela foi sempre o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação salesiana.
 
Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e suavidade.
 
Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga, conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mau humor.

Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu serviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor servirmos.
 
Assim procedia Jesus com seus apóstolos; tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos dele a ser mansos e humildes de coração.
 
Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de tal modo que pareça totalmente dominada.
 
Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais e conseguireis uma verdadeira correção.
 
Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não têm proveito algum para quem as merece."




Algumas frases de S. João Bosco:

"Que os jovens não somente sejam amados, mas que eles próprios saibam que são amados"

"Em todo jovem mesmo no mais infeliz, há um ponto acessível ao bem e a primeira obrigação do educador é buscar esse ponto, essa corda sensível do coração, e tirar bom proveito"

"Meus caros jovens, eu vos amo de todo coração, basta-me saber que sois jovens para que vos ame profundamente".

"Conseguir-se-á mais com um olhar de bondade com uma palavra animadora, que encha o coração de confiança, do que com muitas repreensões que só trazem inquietações e matam a espontaneidade"

"Que os jovens não sejam amados, mas que eles próprios saibam que são amados..."

"Que, sendo amados nas coisas que lhe agradam, aprendam a ver o amor nas coisas que naturalmente pouco lhe agradam...”

"Nossa vida é um presente de Deus e o que fazemos dela é o nosso presente a Ele."

"Deus nos colocou no mundo para os outros"

“Em todo perigo, invocai Maria; eu vos asseguro que sereis ouvidos”
 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Fluindo em mim


 FLUINDO EM MIM
(Gil Monteiro)

Eu quero estar no esconderijo do Senhor
E adentrar na intimidade do meu Deus
E quero ali ficar, à sombra do Altíssimo me esconder
Eu quero me prostrar diante do Rei dos reis.

Quero me derramar, quero me revelar
Todo o meu querer, tudo que há em mim
Vou te ofertar
Quero me entregar, quero Te encontrar
Todo o Teu querer, tudo que há em Ti
Quero sentir fluindo em mim

Eu quero estar junto ao trono do amor
E adorar o santo dos santos, o Senhor
E quero repousar no peito de Jesus eu quero descansar
O meu desejo é viver inteiro a Ti.

Quero me derramar
(quero entregar a Ti meu coração, quero revelar a Ti meu Senhor)
Quero me revelar
(todo o meu viver é Teu amor Senhor, tudo que há em mim vou te ofertar)
Todo o meu querer, tudo que há em mim
Vou te ofertar

Quero me entregar, quero Te encontrar
Todo o Teu querer, tudo que há em Ti
Quero sentir fluindo em mim

Quero entregar a Ti meu coração, quero revelar a Ti meu Senhor
Todo o meu viver é Teu amor Senhor, tudo que há em mim vou te ofertar
Todo o Teu querer, tudo que há em Ti
Quero sentir fluindo em mim

A liturgia da Palavra

Existe um âmbito e um momento em que Jesus fala hoje na forma mais solene e segura: é a liturgia da palavra na Missa. Esta não é senão a atualização litúrgica do Jesus que prega. Nos primórdios da Igreja, a liturgia da palavra destacava-se da liturgia eucarística. Os discípulos, conforme relatam os Atos dos Apóstolos, “perseverantes e bem unidos, frequentavam diariamente o templo”; aí ouviam a leitura da Bíblia, recitavam os Salmos e as orações juntamente com os demais hebreus; faziam o que se faz na liturgia da palavra; depois reuniam-se à parte, em suas casas, para “partir o pão”, isto é, para celebrar a Eucaristia (cf. At 2,46).

Mas esta prática logo se tornou impossível, seja pela hostilidade em suas confrontações com as autoridades hebraicas, seja porque agora as Escrituras haviam adquirido para eles um sentido novo, totalmente voltado para Cristo. Foi assim que também a escuta da Escritura transferiu-se do templo e da sinagoga para os lugares de culto cristãos, tornando-se a atual liturgia da palavra que precede a oração eucarística.

Ouvida na liturgia, as leituras bíblicas adquirem um sentido novo e mais intenso do que quando lidas em outros contextos. Não têm tanto a finalidade de conhecer melhor a Bíblia, quando como a lemos em casa ou em uma escola bíblica, quanto a de reconhecer aquele que se faz presente no partir do pão, de esclarecer todas as vezes um aspecto particular do mistério que se está para receber. Tal atitude aparece de maneira quase pragmática no episódio dos dois discípulos de Emaús: escutando a explicação das Escrituras o coração dos discípulos começou a soltar-se, tanto que depois foram capazes de reconhecê-lo no partir do pão.

Na Missa, as palavras e os episódios da Bíblia não são apenas narrados, mas também revividos; a memória torna-se realidade e presença. O que acontece “naquele tempo”, acontece “neste tempo”, “hoje” como gosta muito de se expressar a liturgia. Nós não somos apenas ouvintes da palavra, somos também seus interlocutores e atores. É a nós, ali presentes, que é dirigida a palavra; somos chamados para que tomemos o lugar dos personagens evocadas.

Entre as muitas palavras de Deus que ouvimos todos os dias na Missa ou na Liturgia das horas, há quase sempre uma destinada particularmente a nós. Ela pode, por si só, preencher o nosso dia por inteiro e iluminar a nossa oração.

Acolhamos, pois, como sendo dirigida a nós a exortação que se lê no Prólogo da Regra de São Bento: “Abertos os nossos olhos à luz divina, escutemos com orelhas atentas e cheias de pasmo a voz divina que todos os dias se dirige a nós e brada: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, e ainda: Quem tem orelhas, escute o que o Espírito diz às igrejas.”

 
Do Livro “O Mistério da Palavra de Deus”, de PE. Raniero Cantalamessa

Cristoval 2012

"Que a Palavra de Cristo habite em vós..."

“Que a palavra de Cristo
habite em vós com abundância.
Com toda a sabedoria, instrui-vos
e aconselhai-vos uns aos outros”


(Cl 3,16a)

*****************
 
Faça a experiência de ser instruído, aconselhado e consolado pela Palavra de Deus.

Quanta transformação acontecerá em seu coração, em sua vida, por causa da Palavra!

Muitas vezes não sabemos o que dizer aos nossos irmãos, quando estes estão diante de problemas aparentemente sem solução, por isso devemos pedir que a Palavra de Deus penetre em seus corações, pois Ele sonda o interior dos seus filhos e nos dá inspiração para aconselhá-los.

São incontáveis os frutos que podemos colher da Palavra de Deus!
 
Do Livro “Deus Fala com Você”, de Marina Adamo

domingo, 29 de janeiro de 2012

Lanciano, o Milagre Eucarístico

Este milagre ocorreu no século VIII, mais precisamente no ano 750, e a prova do milagre está patente aos olhos de quem quiser ver na igreja de São Legociano, na cidade de Lanciano, perto de Pescara.

Como ocorreu o milagre?
Um monge daquele convento começou a duvidar se na Hóstia estaria verdadeiramente o Corpo de Cristo e no Cálice, o Seu Sangue. Certo dia, celebrando a Santa Missa e sendo acometido da mesma dúvida, viu que, de repente, de modo milagroso, a Hóstia consagrada se transformou num pedaço de carne e o vinho consagrado se coagulou e se transformou em pedaços de sangue. O monge, atônito, ainda pensou em esconder o prodígio, mas, perante a realidade do fato extraordinário, confessou a sua falta de fé e o milagre com que o Senhor viera confirmá-lo.

Hoje, a 1.200 anos de distância, as relíquias sagradas mantém-se praticamente intactas. A Carne, guar¬dada entre dois cristais, tem a forma de Hóstia Redonda, com seis centímetros de diâmetro, mais grossa nos bordos que no centro, onde há um pequeno espaço vazio. A Carne aparece de cor castanho-escuro, que se torna rosada quando se coloca uma luz por trás do reli¬cário. O Sangue, coagulado, tem uma cor vermelho-escura e é for¬mado por cinco gotas diferentes e separadas.

Repetidas vezes, no decorrer dos séculos, fizeram-se exames e reconhecimentos das Sagradas Relíquias. Em 1970, por exemplo, o Arcebispo de Lanciano e o Provincial dos Frades Conventuais de Abruzzo, autorizados por Roma, pediram ao doutor Edoardo Linoli, diretor do hospital de Arezzo e professor de Anatomia, Histologia, Química e Microscopia Clínica, uma minuciosa análise científica das Relíquias de um Milagre de doze séculos atrás. No dia 4 de março de 1971, o professor apresentou um relatório detalhado dos estudos realizados. Eis as conclusões:
1. A “Carne milagrosa” é verdadeiramente carne do tecido muscular fibroso do miocárdio.

2. O “Sangue milagroso” é verdadeiro sangue, demonstrado, com certeza absoluta, pela análise cromatográfica.

3. O estudo imunológico manifesta seguramente que a carne e o sangue são humanos e a prova imunológica revela com segurança que ambos pertencem ao grupo sangüíneo AB, o mesmo grupo do homem do Santo Sudário e característico das populações do Oriente Médio. Esta identidade do grupo sangüíneo indica ou que a Carne e o Sangue são da mesma pessoa ou que pertencem a dois indivíduos do mesmo grupo sangüíneo.

4. As proteínas contidas no Sangue estão normalmente distribuídas numa percentagem idêntica às de um sangue fresco normal.

5. Nenhuma sessão de histologia revelou traços de infiltrações de sais ou de conservantes utilizados nas antigas civilizações para mumificar corpos.


O seu relatório foi publicado nos “Quaderni Sclavo in Diagnostica (fasc. 3, Gráfica Meini, Sena, 1971) e causou um grande interesse no mundo científico.

Em 1973 o Conselho Superior da Organização Mundial da Saúde, organismo da ONU, nomeou uma comissão científica para verificar as conclusões do médico italiano. Os trabalhos duraram 15 meses e foram feitos 500 exames. Realizaram-se as mesmas pesquisas feitas pelo professor Linoli e outras complementares.

Os exames confirmaram que os fragmentos retirados em Lanciano não são semelhantes a tecidos mumificados. A comissão declarou que a Carne é um tecido vivo porque responde a todas as reações clínicas próprias dos seres vivos. A Carne e o Sangue milagrosos de Lanciano têm as mesmas características de carne e sangue recém extraídos de um ser vivo. Esse relatório confirma as conclusões do professor Linoli. As conclusões do pequeno resumo dos trabalhos científicos da Comissão Médica da OMS e da ONU, publicado em dezembro de 1976 em Nova York e em Genebra declaram que a ciência, consciente dos seus limites, não é capaz dar uma explicação natural ao fenômeno.

Que este milagre sirva para alimentar a nossa fé na presença de Jesus Cristo na Hóstia consagrada e no Sacrário das igrejas.


Fonte: www.comshalom.org

Teu sou!


TEU SOU
(Intérprete: Davidson Silva)

Eu não sou nada e do pó nasci,
mas Tu me amas e morrestes por mim.
Diante da cruz só posso exclamar:
teu sou, teu sou.

Toma minhas mãos, te peço.
Toma meus lábios, te amo.
Toma minha vida, ó Pai, teu sou.

Quando de joelhos te olho, ó Jesus,
vejo tua grandeza e minha pequenez.
Que posso dar-te eu? Só meu ser.
Teu sou, teu sou.

Toma minhas mãos, te peço.
Toma meus lábios, te amo.
Toma minha vida, ó Pai, Teu sou.

sábado, 28 de janeiro de 2012

O único Jesus que eu conheci!


«Pregue o Evangelho sempre, se(quando) necessário, use palavras»
(Francisco de Assis)

Há alguns anos um prisioneiro branco morreu de ataque cardíaco em Montgomery, no Alabama. Na prisão tivera uma profunda experiência de conversão e construído um relacionamento autêntico com Jesus. O presidiário da cela ao lado, um negro enorme, era cínico. Todas as noites o prisioneiro branco falava por entre as barras da prisão e falava ao seu companheiro sobre o amor de Jesus. O negro troçava dele; dizia que ele estava doente da cabeça, que a religião era o último refúgio dos insanos. Apesar disso, o prisioneiro branco passava-lhe passagens das Escrituras e repartia com ele os doces que recebia de algum parente. Durante o funeral do homem branco, quando o padre falou a respeito da vitória de Jesus na Páscoa, o robusto prisioneiro negro ergueu-se a meio do sermão, apontou para o caixão e disse: "Esse é o único Jesus que eu conheci".

Do Livro "A assinatura de Jesus", Brennan Manning

Irmãos, sejamos como aquele prisioneiro, sejamos como Madre Teresa de Calcutá, sejamos Jesus na vida daqueles que não O conhecem, na vida daqueles que não sabem da Sua existência no meio de nós, nos conduzindo, nos guiando... A esses, levemos a Palavra de Deus, repartamos o pouco que temos, o pouco que sabemos, falemos sobre o amor de Deus por nós. Então, seremos o Jesus para aqueles que não sabem que Ele venceu na Páscoa ;)

(CIC) A Tradição apostólica

"Cristo Senhor, em quem se consuma a revelação do Sumo Deus, ordenou aos Apóstolos que o Evangelho, prometido antes pelos profetas, completado por ele e por sua própria boca promulgado, fosse por eles pregado a todos os homens como fonte de toda a verdade salvífica e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes os dons divinos."

A transmissão do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras:
- oralmente - "pelos apóstolos, que na pregação oral, por exemplos e instituições, transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo";
- por escrito - "como também por aqueles apóstolos e varões apostólicos que, sob inspiração do mesmo Espírito Santo, puseram por escrito a mensagem da salvação"

"Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles 'transmitindo seu próprio encargo de Magistério." Com efeito, "a pregação apostólica, que é expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se por uma sucessão contínua até a consumação dos tempos".

Esta transmissão viva, realizada no Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela. Por meio da Tradição, "a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê". "O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presença vivificante desta Tradição, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja crente e orante."

Assim, a comunicação que o Pai fez de si mesmo por seu Verbo no Espírito Santo permanece presente e atuante na Igreja: "O Deus que outrora falou mantém um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através dela no mundo, leva os crentes à verdade toda e faz habitar neles abundantemente a palavra de Cristo"

Catecismo da Igreja Católica, §§ 75-79

Estampa de Jesus Misericordioso

Nos idos dos anos 80 – século passado! – participei, em um período de um ano e meio, de dois roubos. Não foram roubos comuns, como esses que a gente vê por aí, mas roubos especiais, conforme conto a seguir.

     Em 1979, quando a imagem de Jesus Misericordioso revelada à Irmã Faustina era, ainda praticamente desconhecida no Brasil, ganhei de um amigo com quem servia os pobres, no Pirambu, um santinho de papel, vindo de fora, com o belo rosto da imagem, sob a qual se lia, em inglês: ‘Olhe para mim’. Fiquei muito impressionada com a beleza daquele olhar e coloquei o santinho na minha carteira para que pudesse, de fato, olhá-lo com mais freqüência. Era, para mim, um tesouro.

     No ano seguinte, minha filha recém nascida, eu estava em processo de afastamento do serviço aos pobres, mas estava na missa na Paróquia do Cristo Redentor, no Pirambu, na metade da longa fila da comunhão, na qual cada um retira uma hóstia e a imerge no sangue sagrado, quando alguém bateu no meu ombro, muito afogueado e disse: ‘Estão roubando o teu carro!’ Fiquei entre ir comungar e interferir no roubo do carro. Percebi, por graça de Deus, que receber Jesus uma só vez que fosse era mais importante do que a Parati marrom do ano, que havia estacionado em frente à Igreja, com a carteira e todos os documentos dentro. Calmamente, disse que veria isso depois e fui comungar. Optei pelo mais importante (como queria ter cultivado mais essa fé!).

     Ao sair da missa, formou-se ao meu redor um bolo de curiosos, pois, pelo jeito, havia-se espalhado a notícia. Quando cheguei no local, o carro estava lá. Estavam lá, também, a bolsa, a carteira, os documentos e o pouco dinheiro que tinha. Só me tinham levado... a pequena estampa de Jesus Misericordioso! Algumas testemunhas disseram que haviam sido uns ‘meninos drogados’ que haviam arrombado o carro. Pensei nos adolescentes aditos de drogas com quem havíamos trabalhado, no adolescente adito acompanhado pelo nosso grupo morto a paulada pelos traficantes, nas crianças da escola que meu marido, eu e alguns casais havíamos construído, passaram pela minha mente dezenas de rostos. Poderia ter sido qualquer um, mas o mais provável era que não fosse nenhum deles. Eles não fazem isso com pessoas que se colocam ao seu lado.

    As pessoas ao redor davam mil sugestões: chamar a polícia, identificar os meninos, ir procurar nos arredores. Eu, entretanto, nem ouvia. Só me vinha a pergunta: ‘Por que será que só tiraram o santinho de Jesus Misericordioso?’ E, enquanto dava partida no carro, rezei pedindo à misericórdia de Deus que fosse ao alcance daqueles adolescentes que o haviam escolhido acima de tudo o que haviam encontrado em minha bolsa e no carro, exatamente porque precisavam dele acima de todas aquelas coisas. No fundo, eles haviam feito a mesma opção que eu, ao decidir comungar tranqüilamente e só sair depois da bênção final: haviam escolhido o mais importante. Pedi ao Senhor que os socorresse e que, como um sinal de que eles seriam alcançados pela misericórdia de Deus, me fizesse chegar às mãos uma outra estampa daquela, o que era dificílimo na época.

    Em 1981, em Roma, durante o Congresso Mundial da RCC, a Irmã Briege McKenna rezou por mim e profetizou uma pequena lista do que Deus queria de mim. O item final, veio em forma de pergunta: ‘E os meus pobres? Por que você abandonou os meus pobres?’ Foi uma facada! Teria ficado por aí se, no dia seguinte, um missionário na Índia não tivesse me abordado enquanto eu escrevia alguma coisa no saguão do hotel: ‘Desculpe, mas Jesus insistiu que eu lhe interrompesse para entregar-lhe algo’, disse, enquanto manuseava um envelope grande nas mãos. ‘Trabalho em um hospital em Bombaim, na Índia e sempre mostro isso às pessoas que estão sofrendo ou morrendo e elas entram em grande paz. Tenho visto, também, muitas pessoas mudarem de vida. Trago isso sempre comigo e, sinceramente, não entendo porque Jesus manda que eu lhe dê.’ Abriu o grande envelope e tirou de dentro o mesmo rosto, da mesma imagem, com os mesmos dizeres da pequena estampa ‘roubada’. Só que, desta vez, impressa em papel mais grosso, brilhoso, muito, muito bonita.

    Emocionada, contei-lhe minha história e tentei, em vão, fazer com que ele ficasse com a estampa. Ele recusou, impressionado com o sinal que aquela estampa era para mim. Naturalmente, não caberia mais em minha carteira. Teria que colocá-la sobre a mesa e trazê-la no coração, junto com a esperança de que o Senhor, um dia, me fará voltar a servir os pobres, com a certeza de que os meninos (hoje homens!) encontraram a misericórdia de Deus e a confiança absoluta de que essa misericórdia não se rouba, porque ela se entrega, inteira e livremente, pelos meios mais insondáveis, a quem dela precisa!

Maria Emmir Nogueira.
Publicado na Revista Shalom Maná, 2004

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Para Deus sonhar em mim preciso me esvaziar

A frase que intitula essa matéria está no final de uma linda música interpretada pela cantora católica Eliana Ribeiro, e, em outras palavras, diz assim: que quando decidimos deixar tudo para a Deus seguir não temos noção de onde Ele vai nos levar; que a vida passa a ser apenas o hoje, pois o amanhã dEle depende, só nos resta confiar; que devemos estar abertos ao novo a cada dia e amar os que Deus quer ao nosso lado, e seguir, pois se Deus é o nosso tudo, nada há de faltar! ...

Quem é que não almeja algo em sua vida? Seja se dar bem nos estudos, conseguir um(a) namorado(a), ter sucesso profissional, adquirir isso ou aquilo... É através dos nossos sonhos que vamos dando impulso à nossa vida. Mas o que significa “Deus sonhar em mim (em você)”? Existe uma passagem bíblica que diz que “o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, foi isso que Deus preparou para aqueles que o amam. A nós, porém, Deus o revelou pelo Espírito Santo. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus” (1Cor 2,9-10). Ou seja, Deus sonha por nós e não é sonho pequeno, não! Precisamos descobrir quais são os sonhos de Deus para nós e para isso Ele também nos dá a receita, enviando o Espírito Santo para nos auxiliar nesse discernimento.

Precisamos nos esvaziar de toda e qualquer coisa que nos impeça de descobrir quais os sonhos que Deus tem para nós e um dos fatores que não nos permite tomar essa decisão é o medo de perder coisas, pessoas, posição... Esse medo tem fundamento, pois para seguir os planos de Deus temos que realmente nos desligarmos de algumas coisas e pessoas. Em nosso meio, vemos tantos jovens que procuram a Deus, vão a um encontro de oração, se sentem tocados, mas, enquanto mantém “um pé na Igreja”, deixam o outro junto com a turminha das festas regadas a bebedeiras, prostituição, drogas.  Isso faz com que eles não consigam discernir o que o Espírito Santo deseja tanto lhes revelar, faz com que os sonhos de Deus para suas vidas não sejam concretizados.

Aí você pode até perguntar: mas que sonhos são esses que sobrepõem uma vida de festas, amigos, diversão? E eu te respondo que a alegria que cada momento desses vivido proporciona é momentânea, não passa daquela noite, daquela festa; após passar o “efeito”, deixa um vazio enorme. Por muitas vezes vejo nas mídias sociais as pessoas falarem de um alguém que “arrasou” em tal festa e, pouco tempo depois, vejo esse alguém falando que tá de mal com a vida, com os amigos, que nada mais faz sentido... Faço agora uma comparação com algumas pessoas que decidiram largar fardos pelo caminho, decidiram se esvaziar e seguir a Deus. Essas pessoas além de estarem vencendo diariamente os obstáculos da vida, ainda conseguem levar outras para o caminho da Salvação. São pessoas que também passam por dificuldades, mas conseguem encarar essas dificuldades com mais confiança. São vencedores no plano de Deus.

Tomemos como exemplo o próprio Jesus, que decidiu esvaziar-se de si mesmo para se tornar Cristo, que deixou o mundo da glória – é isso mesmo, ele estava se tornando famoso por causa dos seus milagres, da sua pregação! – para se entregar na cruz, para sonhar os sonhos do Pai. O resultado desses sonhos: a remissão dos nossos pecados.

Sonhar o sonho de Deus é confiar plenamente na Sua ação e abandonar-se em Suas mãos, acreditando que Ele jamais nos abandonará, que Ele deseja o melhor para nós!
Que o Senhor nos abençoe na caminhada rumo à concretização dos planos que Ele tem para nós.
Amém!

Texto também postado no blog gocarnaubadosdantasrcc.blogspot.com

Assim é o Reino de Deus

No Evangelho de hoje (27/01/2012), temos duas pequenas parábolas, a primeira própria de Marcos e a segunda compartilhada por Mateus (13,21ss) e Lucas (13,18ss).

Na parábola da semente, Jesus indica que o Reino tem uma força intrínseca que independe dos trabalhadores. Na segunda parábola, Ele indica que o Reino, minúsculo no tempo de Cristo, expandir-se-á de modo a se estender pelo mundo inteiro. Vejamos alguns versículos:

E dizia: “Assim é o Reino do Deus, como se um homem lançasse a semente sobre a terra” (v. 26). Que significa “Reino de Deus”? No Antigo Testamento Javé, o Deus de Israel, era o verdadeiro Rei e Seu Reino abrangia todo o universo. Os juízes eram praticamente os Seus representantes. Por isso, o Seu profeta Samuel, último juiz, escutou estas palavras: “Não é a ti que te rejeitam, mas a mim, porque não querem mais que eu reine sobre eles” (I Sm 8,7). A partir de Davi, o Reino de Deus tem como representante um rei humano, mas a experiência terminou em fracasso, e o Reino de Deus acabou por ser um reino futuro-escatológico como final dos tempos e transcendente, como sendo Deus mesmo o que seria ou escolheria o novo rei. Esse Reino está chegando e tem seu representante na pessoa de Jesus e dos apóstolos. Nada tem de material ou geográfico, e é formado pelos que aceitam Jesus como Senhor, caminho, verdade e vida. Por isso, dirá Jesus que “o Reino está dentro de vocês”.

A Igreja fundada por Jesus é a parte visível desse Reino, que não é como os do mundo, mas tem sua base em servir e não em ser servido (Lc 22,27). O oposto do amor, que é serviço no Reino, é o amor ao dinheiro (Mt 6,24), de modo que podemos afirmar que o dinheiro é o verdadeiro deus deste mundo.

“E durma e se levante noite e dia; e a semente germine e cresça de um modo que ele não tem conhecido” (v. 27). É importante unir este versículo ao anterior para obter o sentido completo da parábola. O agricultor faz sua vida independente e a semente nasce e cresce sem ter nada a ver com o agricultor, fora o fato de ser semeada por ele no início. Deste modo, Paulo pode afirmar: “Eu plantei, Apolo regou; mas era Deus quem fazia crescer. Aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa somente Deus, que dá o crescimento” (1 Cor 3,6-7). Assim, na continuação dirá Jesus: “Pois por si mesma a terra frutifica primeiramente a erva, depois a espiga, depois o trigo pleno na espiga” (v. 28).

“Como com a semente da mostarda, a qual quando sendo semeada na terra é a menor de todas as sementes sobre a terra” (v.31). A mostarda é uma planta da família da couve ou repolho, de grandes folhas, flores amarelas e pequenas sementes, que tem duas espécies principais: branca e preta. A branca chega até atingir 1,2 m de altura e a preta pode chegar até 3m e 4m de altura. As sementes não são as menores entre as conhecidas, mas parece que eram modelo, na época, de coisas insignificantes. “E quando está semeada surge e se torna maior do que todas as hortaliças e produz galhos grandes de modo que podem, sob sua sombra, as aves do céu habitar” (v. 32).

Na primeira destas parábolas temos a exposição de como o Reino se expande com uma força que não depende dos homens, mas do próprio Deus. Poderíamos dizer que descreve a força interna do Reino.

Na segunda parábola encontramos a visão externa do Reino. Seu crescimento seria espetacular desde um pequeno grupo insignificante como é a semente da mostarda – que se parece com a cabeça de um alfinete – até uma árvore que nada tem a invejar os carrascos da Palestina.

Uma certeza é evidente: o Reino é uma realidade que não se pode ignorar. Em que consiste? Jesus não revela sua essência, mas, devido ao nome, estamos inclinados a afirmar que o Reino, como nova instituição, é uma irrupção da presença de Deus na história humana, que seria uma revolução e uma conquista – não violenta mas interior do homem – e que deveria mudar a religião em primeiro lugar e as relações sociais em segundo termo.

Texto extraído da homilia diária do Padre Bantu Mendonça, site Canção Nova

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Deus é capaz de trocar reinos por ti

O que poderia Deus ser capaz de fazer por mim e por você?

A Abraão e a Sara, sua esposa estéril, Deus foi capaz de fazê-los fecundos e torná-los pais de uma grande nação: "O Senhor visitou Sara, como ele tinha dito, e cumpriu em seu favor o que havia prometido. Sara concebeu e, apesar de sua velhice, deu à luz um filho a Abraão, no tempo fixado por Deus. Abraão pôs o nome de Isaac ao filho que lhe nascera de Sara. E, passados oito dias do seu nascimento, circuncidou-o, como Deus lhe tinha ordenado. Abraão tinha cem anos, quando nasceu o seu filho Isaac. Sara disse: 'Deus deu-me algo de que rir; e todos aqueles que o souberem se rirão de mim.' E ajuntou: 'Quem teria previsto que Sara amamentaria filhos a Abraão? Porque eu lhe dei um filho em sua velhice'." (Gn 21,1-7). A Moisés, Deus foi capaz de abrir o mar para que seu povo pudesse atravessar a pé enxuto: "Moisés estendeu a mão sobre o mar. O Senhor fê-lo recuar com um vento impetuoso vindo do oriente, que soprou toda a noite. E pôs o mar a seco. As águas dividiram-se e os israelitas desceram a pé enxuto no meio do mar, enquanto as águas formavam uma muralha à direita e à esquerda." (Ex 14,21-22). A Sidrac, Misac e Abedenago Deus foi capaz de salvá-los do fogo da fornalha onde foram jogados: "Então a fúria de Nabucodonosor desencadeou-se contra Sidrac, Misac e Abdênago; os traços de seu rosto alteraram-se e ele elevou a voz para ordenar que se aquecesse a fornalha sete vezes mais que de costume. Depois deu ordem aos soldados mais vigorosos de suas tropas para amarrar Sidrac, Misac e Abdênago, e jogá-los na fornalha ardente. Esses homens foram então imediatamente amarrados com suas túnicas, vestes, mantos e suas outras roupas, e jogados na fornalha ardente. Mas os homens que, por ordem urgente do rei, tinham superaquecido a fornalha e lá jogado Sidrac, Misac e Abdênago, foram mortos pelas chamas, no momento em que eram precipitados na fornalha os três jovens amarrados." (Dn 3,19-23). Deus foi capaz de livrar Daniel da morte quando ele foi jogado em uma cova com leões.

A estes, Deus conhecia as suas necessidades, e em meio a elas nunca os abandonou. Entre eles existia alguma coisa em comum, acreditavam e confiavam que Deus era e é capaz de realizar o impossível.

Meu irmão, não sei que situação você está passando hoje, se em sua família o amor está infecundo, se você está passando por batalhas ou tribulações onde não tem mais forças para lutar, se sua vida hoje está jogada no fogo ou na lama por uma sexualidade desregrada ou mesmo se está numa cova onde se encontra afundado no vício que  está te levando à destruição. Meu irmão de uma coisa você pode ter certeza: que o Senhor te conhece pelo nome e conhece suas necessidades. É preciso que você acredite e confie que Deus Onipotente é capaz de transformar a sua família, que através do poder do Espírito Santo você pode vencer qualquer batalha ou tribulação, Ele tem o poder de lhe tirar do fogo, da lama e de qualquer situação lhe livrará, tudo isso porque te ama. Deus é capaz de fazer tudo por mim e por você, a maior prova foi que Ele deu a vida do seu Filho Jesus Cristo em troca da minha e da sua salvação.

Uma coisa amigo leitor, você pode ter certeza, que Deus nunca será capaz de deixar de te amar. “Mesmo que os montes se retirem e as colinas vacilem, meu amor nunca vai se afastar de você, minha aliança de paz não vacilará”, diz Javé, que se compadece de você (Is 54,10).

Que o Espírito Santo venha renovar em nós o dom da fé, para que enxerguemos o que Deus já realizou e o que é capaz de realizar em nossas vidas. Peçamos que a mãe do nosso Salvador venha derramar em nossas famílias as graças que o Senhor lhe confiou. Amém.

      Rita de Cássia Shirley Dantas Azevêdo - Ministério de Pregação da RCC de Carnaúba dos Dantas.

Texto original publicado no blog gocarnaubadosdantasrcc.blogspot.com

Jovem, te olho


JOVEM, TE OLHO
(Adriana)
 
Jovem, te olho mas não entendo
Sinto no ar tua inquietação
Te procuro na pista certa
Mas só te vejo na contramão
Olha pra ti, não precisas de espelho
Mas olha dentro do teu coração
Aceita a Jesus Cristo
E tudo terás em tuas mãos
Sempre que te vejo no caminho a vagar
Estás sozinho e teus passos querem retornar
Teu olhar me diz que não tens paz
Teu olhar me diz que não tens paz
Jovem, deixa o mundo
Sê jovem e não um moribundo
Aceita a Jesus, ele vai mudar o teu viver
Com Jesus tu vais vencer
Tu vais vencer, tu vais vencer
Tu vais vencer, tu vais vencer
Com Jesus tu vais vencer

(CIC) Cristo Jesus “Mediador e Plenitude de toda a Revelação”

"Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho" (Hb 1,1-2). Cristo, o Filho de Deus feito homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai. Nele o Pai disse tudo, e não há outra palavra senão esta. São João da Cruz, depois de tantos outros, exprime isto de maneira luminosa, comentando Hb 1,1-2:
Porque em dar-nos, como nos deu, seu Filho, que é sua Palavra única (e outra não há), tudo nos falou de uma só vez nessa única Palavra, e nada mais tem a falar, (...) pois o que antes falava por partes aos profetas agora nos revelou inteiramente, dando-nos o Tudo que é seu Filho. Se atualmente, portanto, alguém quisesse interrogar a Deus, pedindo-lhe alguma visão ou revelação, não só cairia numa insensatez, mas ofenderia muito a Deus por não dirigir os olhares unicamente para Cristo sem querer outra coisa ou novidade alguma.

"A Economia cristã, portanto, como aliança nova e definitiva, jamais passará, e já não há que esperar nenhuma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo". Todavia, embora a Revelação esteja terminada, não está explicitada por completo; caberá à fé cristã captar gradualmente todo o seu alcance ao longo dos séculos.

No decurso dos séculos houve revelações denominadas "privadas", e algumas delas têm sido reconhecidas pela autoridade da Igreja. Elas não pertencem, contudo, ao depósito da fé. A função delas não é "melhorar" ou "completar" a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a viver dela com mais plenitude em determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o senso dos fiéis sabe discernir e acolher o que nessas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou de seus santos à Igreja.

A fé cristã não pode aceitar "revelações" que pretendam ultrapassar ou corrigir a Revelação da qual Cristo é a perfeição. Este é o caso de certas religiões não-cristãs e também de certas seitas recentes que se fundamentam em tais "revelações".

Catecismo da Igreja Católica, §§ 65-67

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Fugindo da vã esperança e da soberba (III)

Não se julgue melhor que os outros para que não seja talvez tido por pior diante de Deus, que sabe o que há no homem.

Não se ensoberbeça com as suas boas obras, porque muito diferentes são os juízos de Deus dos homens e a ele muitas vezes desagrada o que a estes contenta.

Se tiver algo de bom, pense que há muitos melhores que você, e assim conservará a humildade.

Não há nenhum mal que se reconheça inferior a todos; mas muito danoso é se preferires a um só.

De contínua paz goza o humilde; e no coração do soberbo reinam a inveja e a ira frequentes.

Do Livro “Imitação de Cristo”

Por amor de Cristo, Paulo tudo suportou

Hoje, 25 de janeiro, a Igreja Católica celebra a CONVERSÃO DE SÃO PAULO. Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo Paulo, Saulo de Tarso e São Paulo, foi um dos mais influentes escritores do cristianismo primitivo, cujas obras compõem parte significativa do Novo Testamento. Conhecido como Saulo antes de sua conversão, ele se dedicava à perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de Jerusalém. De acordo com o relato na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, Saulo teve uma visão de Jesus e, a partir dos fatos que se seguiram, começou então a pregar o Cristianismo.
Abaixo, um trecho sobre Paulo escrito por São João Crisóstomo, Bispo, século IV:

O que é o homem, quão grande é a dignidade da nossa natureza e de quanta virtude é capaz a criatura humana, Paulo o demonstrou mais do que qualquer outro. Cada dia ele subia mais alto e se tornava mais ardente, cada dia lutava com energia sempre nova contra os perigos que o ameaçavam. É o que depreendemos de suas próprias palavras: Esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente (cf. Fl 3,13).

Percebendo a morte iminente, convidava os outros a comungarem da sua alegria, dizendo: Alegrai-vos e congratulai-vos comigo (Fl 2,18). Diante dos perigos, injúrias e
opróbrios, igualmente se alegra e escreve aos coríntios: Eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições (2Cor 12,10); porque sendo estas, conforme declarava, as armas da justiça, mostrava que delas lhe vinha um grande proveito.

Realmente, no meio das insídias dos inimigos, conquistava contínuas vitórias triunfando de todos os seus assaltos. E em toda parte, flagelado, coberto de injúrias e maldições, como se desfilasse num cortejo triunfal, erguendo numerosos troféus, gloriava-se e dava graças a Deus, dizendo: Graças sejam dadas a Deus que nos fez sempre triunfar (2Cor 2,14). Por isso, corria ao encontro das humilhações e das ofensas que suportava por causa da pregação, com mais entusiasmo do que nós quando nos apressamos para alcançar o prazer das honrarias; aspirava mais pela morte do que nós pela vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava muito mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso depois do trabalho. Uma só coisa o amedrontava e fazia temer: ofender a Deus. E uma única coisa desejava: agradar a Deus.

Só se alegrava no amor de Cristo, que era para ele o maior de todos os bens; com isto julgava-se o mais feliz dos homens; sem isto, de nada lhe valia ser amigo dos senhores e poderosos. Com este amor preferia ser o último de todos, isto é, ser contado entre os réprobos, do que encontrar-se no meio de homens famosos pela consideração e pela honra, mas privados do amor de Cristo.

Para ele, o maior e único tormento consistia em separar-se de semelhante amor; esta era a sua geena, o seu único castigo, o infinito e intolerável suplício.

Em compensação, gozar do amor de Cristo era para ele a vida, o mundo, o anjo, o presente, o futuro, o reino, a promessa, enfim, todos os bens. Afora isto, nada tinha por triste ou alegre. De tudo o que existe no mundo, nada lhe era agradável ou desagradável.

Não se importava com as coisas que admiramos, como se costuma desprezar a erva apodrecida. Para ele, tanto os tiranos como as multidões enfurecidas eram como mosquitos.

Considerava como brinquedo de crianças os mil suplícios, os tormentos e a própria morte, desde que pudesse sofrer alguma coisa por Cristo.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Uma espiritualidade regada a prazer

De todos os segredos da personalidade de Maria, que devem ter encantado o Deus Todo-Poderoso para que ela educasse o menino Jesus, o mais espetacular é que sua espiritualidade não era apenas inteligente, mas regada a prazer. Os pensamentos no corpo do texto do Magnificat (Lc 1,46-56) revelam a inteligência de Maria, mas as duas primeiras frases revelam uma maneira de se relacionar com Deus completamente diferente da religiosidade humana, não apenas da época, mas de todos os tempos.

Maria disse: "A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito exulta em Deus". Que religioso teria a coragem de dizer que sua mente engrandece a Deus?

Nossa mente, ao contrário, frequentemente diminui Deus, pois o reduzimos ao tamanho dos nossos preconceitos, no cárcere de nossas verdades. Em nossas mentes passa um monte de tolices, ideias bizarras, pensamentos mórbidos, imaginações negativistas e perturbadoras.

O canal de comunicação de Maria com Deus não era fundamentado em rituais, palavras decoradas, sacrifícios programados, mas num diálogo aberto, singelo, sem barreiras. Nós diminuímos Deus no teatro da nossa mente, Maria teve a ousadia de dizer que O engrandecia, O exaltava, O condecorava.

Quem pode afirmar que Deus é sua fonte de prazer? Quem tem serenidade para dizer que Deus é o manancial mais excelente de alegria. Que fariseu poderia fazer essa afirmação? Que cristão da atualidade tem um relacionamento com Deus repleto de prazer?

Os pensamentos de Maria me deixam abismado. Eles indicam que Maria se comportava de forma diferente da dos fariseus e escribas, enfim, dos mestres da lei. Para eles, Deus estava nos céus, num lugar inatingível; para Maria, Deus estava num lugar extremamente próximo, tão próximo que tocava seu espírito.

Eles faziam rituais e orações programadas, Maria era amiga de Deus. Antes de o Anjo aparecer e anunciar o nascimento do menino Jesus, Deus já tocava seu ser. Somente isso explica que o seu pensamento não apenas exaltava Deus em sua mente, mas seu espírito o exultava. Maria não servia a Deus, ela vivia Deus.

Não sei como Maria aprendeu esse relacionamento. Possivelmente nenhum religioso a ensinou. Talvez tenha aprendido intuitivamente. Provavelmente na sua infância ela conversasse sozinha com um Deus. Talvez tenha sido tachada de louca, insana, por tal comportamento. Mas o fato é que entre Deus e ela não havia barreiras, não havia separação.

Para Maria, Deus era muito mais do que a religião judaica. Deus era um oásis de alegria, um rio em que fluía satisfação. Ela estava em sintonia com a maneira como Jesus divulgava Deus para a humanidade.

Para Jesus, Deus não era um ser punitivo, mas generoso e acolhedor; Deus não era um acusador de erros, mas uma fonte inesgotável de perdão; Deus não era um carrasco distante do sofrimento humano, mas um pai compreensivo e afetivo capaz de chorar nossas lágrimas.

Ele anunciava eloquentemente: "Quem tem sede venha a mim e beba". Os homens queriam servir com temor o Deus que habitava os céus, uma dimensão muito distante de nós, mas Jesus discursava sobre um Deus que estava infinitamente próximo, que visitou a humanidade como manancial de prazer.

Maria foi escolhida porque, antes de Jesus anunciar esse Deus, de algum modo ela O tocou de maneira única.

Do Livro “Maria, a maior educadora da História”, de Augusto Cury

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fui criada porque Deus me ama!

“Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra’. Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou.”

Lendo mais uma vez o Capítulo 1 do Livro do Gênesis, pude meditar sobre a criação do universo, sobre a minha criação. E nessa releitura, comprovei mais uma vez que eu sou uma criatura; não existo a partir de mim mesma, mas fui criada por Deus. Eu fui criada para amar e ser amada por Deus, para conhecer e amar a Deus. Fui criada puramente por amor, somente porque Deus me amou e não em função de outra pessoa, coisa ou acontecimento, e não só para conhecer, mas para participar da vida da Trindade.

É grande a minha alegria em constatar mais uma vez que Deus fez tudo com um carinho especial: as aves, os animais terrestres, o firmamento, o mar, as estrelas... mas Ele se encheu de um contentamento especial ao criar o homem, ao me criar! A cada um que Ele cria, o faz com a vontade de ver a glória do Seu nome santificado. Somos criados à sua Imagem e Semelhança. Isso é demais!

(CIC) Como falar de Deus?

Ao defender a capacidade da razão humana de conhecer a Deus, a Igreja exprime sua confiança na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os homens. Esta convicção esta na base de seu diálogo com as outras religiões, com a filosofia e com as ciências, como também com Os não-crentes e os ateus.

Uma vez que nosso conhecimento de Deus é limitado, também limitada é nossa linguagem sobre Deus. Só podemos falar de Deus a partir das criaturas e segundo nosso modo humano limitado de conhecer e de pensar.

As criaturas, todas elas, trazem em si certa semelhança com Deus, muito particularmente o homem criado à imagem e a semelhança de Deus. Por isso as múltiplas perfeições das criaturas (sua verdade, bondade e beleza) refletem a perfeição infinita de Deus. Em razão disso podemos falar de Deus a partir das perfeições de suas criaturas, "pois a grandeza e a beleza das criaturas fazem, por analogia, contemplar seu Autor" (Sb 13,5).

Deus transcende a toda criatura. Por isso, é preciso incessantemente purificar nossa linguagem daquilo que possui de limitado, de proveniente de pura imaginação, de imperfeito, para não confundirmos o Deus "inefável, incompreensível, invisível, inatingível" com as nossas representações humanas. Nossas palavras humanas permanecem sempre aquém do Mistério de Deus.

Assim falando de Deus, nossa linguagem se exprime, sem dúvida, de maneira humana, mas ela atinge realmente O próprio Deus, ainda que sem poder exprimi-lo em sua infinita simplicidade. Com efeito, é preciso lembrar que "entre o Criador e a criatura não se pode notar uma semelhança, sem que se deva notar entre eles uma ainda maior dessemelhança", e que "não podemos apreender de Deus o que ele é, mas apenas O que ele não é e de que maneira os outros seres se situam em relação a ele"

Catecismo da Igreja Católica (CIC), §§ 39-43