domingo, 15 de abril de 2012

Tesouros escondidos

Quem nunca brincou de caça ao tesouro quando criança? Alegres íamos procurar algo escondido, oculto aos nossos olhos infantis, mas que quando achado, trazia a alegria aos nossos corações. Depois de crescidos, continuamos procurando os tesouros que o próprio Deus colocou em nossos caminhos. Não são mais coisas ou somente objetos, mas são pessoas, amigos.

Diz a Palavra de Deus que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro (Eclo 6,14b). Como tesouro que são, os amigos, muitas vezes, estão escondidos pela nossa vida, por isso é preciso um olhar atento de criança para encontrá-los. Deus até poderia deixar essas pessoas bem aos nossos olhos, mas Ele nos desafia a lutar para encontrá-los e perceber o valor que possuem com a alegria da descoberta.

Tesouros são sempre tesouros. Não importa onde estão guardados, eles trazem em si a surpresa de suas riquezas incontáveis. Muitas vezes não estão em baús bonitos ou em lugares de fácil acesso, por isso vão sempre exigir de nós algum sacrifício pessoal para chegar até eles. Mas quando se os alcança, quando nos deixamos conduzir pela santa curiosidade que nos leva a querer desvendar o mistério escondido, não há nada que possa se comparar à tamanha alegria.

Deus não priva ninguém dos tesouros de uma amizade. O que acontece, muitas vezes, é que o tesouro está ao nosso lado por tanto tempo, mas não nos aproximamos, não queremos abri-lo. Esperamos baús reluzentes que atraiam as nossa expectativas, sem nos lembrarmos de que Deus sempre esconde o melhor naquilo que é mais simples.
Como é maravilhoso ter a certeza no coração de que você encontrou um tesouro e que, conduzido pelo Espírito de Deus, deixou-se atrair por aquilo que as pessoas não viam. No entanto, agora tem a linda missão de conhecer todas as grandes riquezas que sempre esperaram que alguém as encontrassem.

Essa é a experiência que eu faço hoje. Encontrei um grande amigo que, na simplicidade do seu coração, traz grandes riquezas que estavam prontas para serem descobertas, mas que as pessoas por tanto tempo não viram. Agora eu tenho a linda missão de não apenas me aprofundar nesse tesouro, mas mostrar aos que não viram antes o que eles ainda são capazes de encontrar.

Amigos são tesouros que ao encontrarmos queremos levar muitos outros a conhecer suas riquezas. Não são nossos, mas Deus nos permitiu encontrá-los para levar outros a experimentarem a grande riqueza dos seus corações. Essa é a missão de um verdadeiro amigo

Renan Félix, missionário e seminarista da Comunidade Canção Nova

A história do burro

Um dia, o burro de um camponês caiu num poço. Não chegou a se ferir, mas não podia sair dali por conta própria. Por isso o animal chorou fortemente durante horas, enquanto o camponês pensava no que fazer.

Finalmente, o camponês tomou uma decisão cruel: concluiu que já que o burro estava muito velho e que o poço estava mesmo seco, precisaria ser tapado de alguma forma. Portanto, não valia a pena se esforçar para tirar o burro de > dentro do poço. Ao contrário, chamou seus vizinhos para ajudá-lo a enterrar vivo o burro. Cada um deles pegou uma pá e começou a jogar terra dentro do poço.

O burro não tardou a se dar conta do que estavam fazendo com ele e chorou desesperadamente. Porém, para surpresa de todos, o burro aquietou-se depois de umas quantas pás de terra que levou. O camponês finalmente olhou para o fundo do poço e se surpreendeu com o que viu.

A cada pá de terra que caía sobre suas costas o burro a sacudia, dando um passo sobre esta mesma terra que caía ao chão. Assim, em pouco tempo, todos viram como o burro conseguiu chegar até a boca do poço, passar por cima da borda e sair dali trotando.

A vida vai te jogar muita terra nas costas. Principalmente se você já estiver dentro de um poço. O segredo para sair do poço é sacudir a terra que se leva nas costas e dar um passo sobre ela. Cada um de nossos problemas é um degrau que nos conduz para cima. Podemos sair dos mais profundos buracos se não nos dermos por vencidos.

Misericórdia e Perdão

Domingo da misericórdia! As leituras deste segundo domingo da Páscoa giram em torno desse tema, começando com a oração de abertura repetida no Salmo, e culminando na passagem do Evangelho em que Jesus apareceu aos discípulos no Cenáculo, mostrou-lhes as mãos e seu lado traspassado.

Sabemos que o fundamento teológico da devoção ao Coração de Jesus é o Seu Coração traspassado pela lança, do qual brotaram sangue e água; o sangue que regenera a vida da graça, e a água que nos purifica de nossos pecados. Quando contemplamos a imagem de Jesus misericordioso, vemos que Ele se mostra precisamente com o Coração traspassado, do qual surgem dois raios: um vermelho, que simboliza o sangue derramado, e o outro branco, que simboliza a água que nos purifica no nosso Batismo. Este quadro é relativo à Festa da Divina Misericórdia, celebrada no segundo domingo de Páscoa. Os escritos dos Santos Padres comparam esses sinais ao nascimento da Igreja do lado aberto de Cristo.

A festa da Divina Misericórdia foi instituída pelo Papa Beato João Paulo II em abril de 2000. E em 29 de junho de 2002, com um novo decreto, acrescenta a esta festa uma indulgência plenária. Assim, o já chamado “domingo in Albis” (em branco, recordado pelas vestes dos que haviam sido batizados na noite de Páscoa) tornou-se o Domingo da Divina Misericórdia.

Esta festa vem precedida por uma novena de preparação, pois, anexa a ela existe uma grande promessa de Jesus a todos aqueles que confessarem e comungarem, celebrando dignamente esta Festa – serão remidas as penas das culpas e reencontrarão a veste branca batismal.

Sabemos que o Batismo nos faz novos. Nas primeiras comunidades cristãs alguns esperavam para recebê-lo mais tarde, pois assim estariam certos de que todos os seus pecados teriam sido perdoados pelo Batismo. Comportamento que revela, conforme a mentalidade da época, a fé na eficácia do sacramento.

Sabemos que o Batismo, como também a Crisma e a Ordem, opera uma consagração ontológica (do ser), que consagra de uma vez por todas o ser da pessoa que o recebe, o que significa que não pode ser dissolvido nem recebido uma segunda vez. Portanto, para nós que não podemos mais receber o Batismo, esta festa contribui a dar-nos de volta a veste branca do batismo, como foi inspirado por Santa Faustina: "Desejo que o primeiro domingo depois da Páscoa seja a Festa da Minha Misericórdia. A alma que naquele dia tiver se confessado e comungar, vai ficar completamente remida dos pecados e das culpas. A alma que recorrer à minha misericórdia não perecerá: Eu, o Senhor, vou defendê-la como minha própria glória, e na hora da morte não virei como um juiz, mas como Salvador. Diga à humanidade sofredora que se refugie em meu Coração Misericordioso e eu a preencherei de paz”.

Dessa maneira, ao trazer à tona o nascimento da Igreja, nova Eva, com o simbolismo da água e do sangue jorrados do lado de Cristo e ao procurar renovar o cristão revivendo o seu batismo recordando que com o perdão ele se reveste com a veste branca, o domingo anteriormente chamado “in albis” continua retomando o seu caráter eclesial e batismal com a festa da Divina Misericórdia recentemente introduzida.

Nestes tempos em que um grupo minoritário impõe aos brasileiros, contra a vontade deles, suas opiniões sobre a vida e coloca o nosso país em retrocesso com relação aos valores do ser humano, sem dúvida, que para nós, cristãos, é tempo de aprofundar ainda mais nossa vida e missão nessa sociedade.

Nós estamos submersos sob uma avalanche de informações que nos é transmitida por diferentes canais. Temos de recuperar a orientação da verdade, o labirinto de informações destorcidas e desinformadas que afirmam hoje em letras garrafais, mas que amanhã corrigem em notas ao pé da página e que podem, até depois de amanhã ratificar, fazendo muitos perderem a cabeça, por não saberem mais em que acreditar.

Façamo-nos difusores da boa notícia da salvação e da misericórdia divina, e rios de água viva irrigarão o mundo com a presença de Deus. E uma nova primavera vai surgir! Gritemos ao mundo com toda a força: Cristo ressuscitou, aleluia, ressuscitou, verdadeiramente, aleluia! Em sua infinita misericórdia Ele quer nos salvar!

Dom Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião-Rio de Janeiro