sábado, 31 de março de 2012

Meus pecados, minha culpa...

Você já percebeu que toda culpa que você sente em relação a Deus, vem dos pecados cometidos?

Pois é, na minha caminhada fui descobrindo aos poucos que o desejo de ser melhor para Deus tinha que passar pelas chagas dos erros por mim cometidos no passado. A partir daí, o desejo de assumir meu passado, de amá-lo, de integrá-lo à minha vida atual, foi transformando culpas que guardava bem no fundo da minha alma. Fui descobrindo também que somente eu posso fazer com que aquilo que ficou congelado, escondido dentro de mim, venha a descongelar e se transformar em água, e que essa água é que lavará todas as minhas culpas diante de Deus. Pois se fui eu a cometer os erros, eu que tenho que cuidar em repará-los.

Sto.  Agostinho, em seu livro “Confissões”, diz o seguinte: “Quero recordar as minhas  torpezas passadas, as corrupções de minha alma, não porque as ame, ao contrário, para te amar, ó Deus”.  E ele diz mais: “É por amor do teu amor que retorno ao passado, percorrendo os antigos caminhos dos meus graves erros. A recordação é amarga, mas espero sentir tua doçura, doçura que não engana, feliz e segura, e quero recompor minha unidade depois dos dilaceramentos interiores que sofri quando me perdi em tantas bagatelas, ao afastar-me de tua Unidade”. Esse pensamento de Sto. Agostinho explica com clareza o desejo que enche também meu coração de ser melhor, de sentir a doçura de Deus, o carinho dEle por mim.

Ainda Sto. Agostinho diz o seguinte: “Tu és o médico, eu sou o enfermo. Tu és misericordioso, e eu sou o miserável”.

Diante disso é que não me canso de pedir auxílio ao Espírito Santo, para que Ele me oriente quanto às faltas por mim cometidas e em especial aquelas que se encontram escondidas no mais íntimo do meu ser. 

Na minha condição de miserável é que me prostro diante de Jesus Misericordioso, aquele que não condena jamais... E escuto-O falando: “Também eu não te acuso. Vai e não tornes a pecar!”


Jesus experimentou a solidão

“Estou como o pelicano do deserto, como pássaro solitário no telhado. E me deixareis sozinho: mas não estou só, porque o Pai está comigo”. (Salmo 102,7.8; João 16,32).

Ele era “como o pássaro solitário no telhado”. Nesses termos é ilustrada uma das características da personalidade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amava os homens e andava entre eles, mas exatamente por causa de Sua perfeição, foi incompreendido e rejeitado. Ainda outros versículos demonstram Sua solidão: “E cada um foi para sua casa. Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras” (João 7,53; 8,1). “O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lucas 9,58). Seu povo não O reconheceu como o Messias prometido (João 1,10-11). Seus próprios discípulos O compreendiam muito pouco.

Nessa solidão Jesus Cristo vivia próximo de Seu Deus e Pai. “E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só porque eu faço sempre o que lhe agrada” (João 8,29). Contudo, por causa de nossos pecados, os quais foram expiados, teve de ser desamparado por Deus durante as três horas de total escuridão na dolorosa cruz. Porém o Senhor Jesus permaneceu perfeito em Seu amor.

Por isso, se tivermos de atravessar a dor e a solidão, pensemos no Senhor Jesus. Ele passou por circunstâncias semelhantes e sabe o que sentirmos. Ele está vivo e nos ama. Muitos cristãos têm experimentado isso. Quando estava na prisão, o apóstolo São Paulo escreveu: “Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam… Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me” (2 Timóteo 4,16-17). Ao confiarmos nEle, passaremos a conhecê-Lo como o nosso Senhor e Salvador, e a Deus como o nosso Pai que nos ama e jamais nos abandona.

Comunidade Shalom – www.comshalom.org

sexta-feira, 30 de março de 2012

Cristo ofereceu-se por nós

Os sacrifícios das vítimas materiais, que a própria Santíssima Trindade, Deus único do Antigo e do Novo Testamento, tinha ordenado que nossos antepassados lhe oferecessem, prefiguravam a agradabilíssima oferenda daquele sacrifício em que o Filho unigênito de Deus feito carne iria, misericordiosamente, oferecer-se por nós.

De fato, segundo as palavras do Apóstolo, ele se entregou a si mesmo a Deus por nós, em oblação e sacrifício de suave odor (Ef 5,2). É ele o verdadeiro Deus e o verdadeiro sumo-sacerdote que por nossa causa entrou de uma vez para sempre no santuário, não com o sangue de touros e bodes, mas com o seu próprio sangue. Era isto que outrora prefigurava o sumo-sacerdote, quando, uma vez por ano, entrava no santuário com o sangue das vítimas.

É Cristo, com efeito, que, por si só, ofereceu tudo o quanto sabia ser necessário para a nossa redenção; ele é ao mesmo tempo sacerdote e sacrifício, Deus e templo. Sacerdote, por quem somos reconciliados; sacrifício, pelo qual somos reconciliados; templo, onde somos reconciliados; Deus, com quem somos reconciliados. Entretanto, só ele é o sacerdote, o sacrifício e o templo, enquanto Deus na condição de servo; mas na sua condição divina, ele é Deus com o Pai e o Espírito Santo.

Acredita, pois, firmemente e não duvides que o próprio Filho Unigênito de Deus, a Palavra que se fez carne, se ofereceu por nós como sacrifício e vítima agradável a Deus. A ele, na unidade do Pai e do Espírito Santo, eram oferecidos sacrifícios de animais pelos patriarcas, profetas e sacerdotes do Antigo Testamento. E agora, no tempo do Novo Testamento, a ele, que é um só Deus com o Pai e o Espírito Santo, a santa Igreja católica não cessa de oferecer em toda a terra, na fé e na caridade, o sacrifício do pão e do vinho.

Antigamente, aquelas vítimas animais prefiguravam o corpo de Cristo, que ele, sem pecado, ofereceria pelos nossos pecados, e seu sangue, que ele derramaria pela remissão desses mesmos pecados. Agora, este sacrifício é ação de graças e memorial do Corpo de Cristo que ele ofereceu por nós, e do sangue que o mesmo Deus derramou por nós. A esse respeito, fala São Paulo nos Atos dos Apóstolos: Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos colocou como guardas, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho (At 20,28). Antigamente, aqueles sacrifícios eram figura do dom que nos seria feito; agora, este sacrifício manifesta claramente o que já nos foi doado.

Naqueles sacrifícios anunciava-se de antemão que o Filho de Deus devia sofrer a morte pelos ímpios; neste sacrifício anuncia-se que ele já sofreu essa morte, conforme atesta o Apóstolo: Quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado (Rm 5,6). E ainda: Quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho (Rm 5,10).

São Fulgêncio de Ruspe, bispo, séc. VI

quinta-feira, 29 de março de 2012

Perseverança até quando?

O ser humano é realmente frágil, diante das agruras da vida. Somos capazes de grandes heroísmos. Mas perante a presença do mal, das oposições contínuas de gente mal intencionada, sentimos a falta de coragem. A tentação da fuga, pura e simples, é uma alternativa aliciadora. “Todos os discípulos, deixando-o, fugiram” (Mt 26, 56). Nisso somos parecidos com os animais que, diante do perigo, por instinto de conservação, fogem rapidamente. Os homens, por educação ou por graça divina (martírio), tem a capacidade de resistência. Essa capacidade nos faz esperar que os tempos mudem, e tudo pode tomar um rumo novo. As pessoas, - homens ou mulheres, e até jovens - que tem perseverança e firmeza de conduta, tornam-se arrimo para outros  mais frágeis. Os que tem personalidade, e não se deixam desviar dos seus intentos, são líderes e vencedores. Tais pessoas se tornam heróis, pelo fato de abrirem caminho aos pusilânimes. Mas a perseverança é virtude proposta a todos, não só aos heróis. Este desafio nos é aberto em dois sentidos.

Antes de tudo, somos chamados ao heroísmo da fé. A tentação do desânimo, de abandonarmos a fé diante de outras propostas mais tentadoras, de alcançarmos a solução dos problemas pela via rápida dos milagres fáceis, nos pode fazer balançar. “Maldito seja aquele que vos anunciar um evangelho diferente daquele que eu anunciei” (Gal 1, 8). A Igreja possui a doutrina de Jesus (imagem do Pai). Nesta doutrina seremos perseverantes e seguiremos o que ensinavam os Apóstolos: “sede firmes na fé”. Entre nós católicos há muitos que se deixam seduzir com facilidade, e abandonam a fé do seu batismo, para aderirem a soluções menos complicadas. Outro chamado, feito a todos, é de sermos perseverantes na prática do bem. Trabalhar gratuitamente em benefício dos outros, pode cansar. As ingratidões, a falta de compromisso, pode nos levar ao desânimo, e a “jogar tudo para cima”. É mais fácil ter vida mansa e assistir tudo de camarote. Mas a Escritura nos alerta: “Quem for perseverante até o fim, este será salvo” (Mt 10, 22).

Dom Aloísio Roque Oppermann, Arcebispo em Uberaba/MG

terça-feira, 27 de março de 2012

Encontrar-me com Jesus em minha casa...

“Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: ‘Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa’.” (Lc 19,5)

Veja a reação de Jesus diante do esforço de Zaqueu, que, desejoso de conhecê-Lo, subira a um lugar alto, de onde pudesse avistá-Lo. Dessa mesma forma, nos dias de hoje, Jesus reage ao nosso esforço em encontrá-Lo. Ele jamais despreza a quem o procura, mesmo que não seja a melhor das criaturas – Zaqueu também não o era...

Ó, Senhor Jesus, quão lindo é o seu amor para conosco, para comigo! Esse amor é o que desperta em mim, a cada dia, o desejo de ser melhor, de fazer a Sua vontade!

Louvo e agradeço ao Senhor pelas respostas que dEle recebo todas as vezes em que me coloco a procurá-Lo.

Obrigada, Senhor, por mais um dia em que pude contar com o Seu amor, com a Sua presença em minha casa, que é o meu coração.  

 ♪ Eu abro as portas do meu coração... te dou livre acesso, Senhor!

(CIC) “Um para o outro” – “Uma unidade a dois”

Criados conjuntamente, Deus quer o homem e a mulher um para o outro. A Palavra de Deus dá-nos a entender isto por meio de diversas passagens do texto sagrado. Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda" (Gn 2,18). Nenhum dos animais pode ser este "vis-à-vis" do varão . A mulher que Deus "modela" da costela tirada do varão e que leva a ele provoca da parte do homem um grito de admiração, uma exclamação de amor e de comunhão: "É osso de meus e carne de minha carne" (Gn 2,23). O homem descobre a mulher como um outro "eu" da mesma humanidade.

O homem e a mulher são feitos "um para o outro": não que Deus os tivesse feito apenas "pela metade" e "incompletos"; criou-os para uma comunhão de pessoas, na qual cada um dos dois pode ser "ajuda" para o outro, por serem ao mesmo tempo iguais enquanto pessoas ("osso de meus ossos...") e complementares enquanto masculino e feminino. No matrimônio, Deus os une de maneira que, formando "uma
só carne" (Gn 2,24), possam transmitir a vida humana: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra" (Gn 1,28). Ao transmitir a seus descendentes a vida humana, o homem e a mulher, como esposos e pais, cooperam de forma única na obra do Criador.

No desígnio de Deus, o homem e a mulher têm a vocação de "submeter" a terra como
"intendentes" de Deus. Esta soberania não deve ser uma dominação arbitrária e destrutiva. À imagem do Criador "que ama tudo o que existe" (Sb 11,24), o homem e a mulher são chamados a participar da Providência divina em relação às demais criaturas. Daí a responsabilidade deles para com o mundo que Deus lhes confiou.

Catecismo da Igreja Católica, §§ 371-373

«Quando tiverdes erguido ao alto o Filho do homem, então ficareis a saber que Eu sou»

Cristo nosso Senhor foi crucificado para libertar a humanidade do naufrágio deste mundo. No Antigo Testamento, Moisés tinha erigido, no meio dos hebreus que morriam, uma serpente de bronze amarrada a uma estaca, instando o povo a pôr a sua esperança de cura neste sinal (Nm 21,6 s), do qual retirou remédio de tal poder contra as picadas das serpentes, que o ferido, voltando-se para a serpente em cruz, se enchia de esperança e recuperava rapidamente a saúde. O Senhor não deixa de recordar este episódio no Evangelho quando diz: «Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto» (Jo 3,14).

A serpente é pois a primeira a ser crucificada, e é-o por Moisés. É justo que assim seja, já que o diabo foi o primeiro a pecar aos olhos do Senhor (Gn 3). Ela é crucificada numa vara, o que é justo, dado que o homem foi enganado por via da árvore do desejo; doravante, é salvo por uma vara pregada a outra árvore. Depois da serpente, foi o homem que foi crucificado no Salvador, sem dúvida para punir, não só o responsável, mas também o crime. A primeira cruz vinga a serpente, a segunda o seu veneno: o veneno que a sua persuasão incutiu no homem foi rejeitado e sanado. Eis o que o Senhor fez com a Sua natureza humana: Ele o inocente, sofreu; n'Ele a desobediência, causada pela famosa mentira do diabo, foi corrigida; libertado da sua culpa, o homem foi libertado da morte.

Uma vez que temos como Senhor aquele Jesus que nos libertou pela Sua Paixão, mantenhamos permanentemente os olhos fixos n'Ele, na esperança de encontrarmos neste sinal a cura para as nossas feridas. Se o veneno da avareza se espalhou dentro de nós, olhemos para a cruz, ela nos livrará; se o desejo, esse escorpião, nos corrói, imploremos-lhe e ela curar-nos-á; se as mordeduras dos pensamentos deste mundo nos dilaceraram, oremos e viveremos. Estas são as serpentes espirituais da nossa alma: o Senhor foi crucificado para as espezinhar. Ele mesmo diz: «Olhai que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões, nada vos poderá causar dano» (Lc
10,9).

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo

domingo, 25 de março de 2012

O caminho da salvação

Bem que eu poderia pôr minha confiança na carne. Se algum outro pensa que pode confiar na carne, eu mais ainda: fui circuncidado no oitavo dia, sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus; quanto à observância da Lei, fariseu; no tocante ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça que vem da Lei, irrepreensível.

Mas essas coisas, que eram ganhos para mim, considerei-as prejuízo por causa de Cristo. Mais que isso, julgo que tudo é prejuízo diante deste bem supremo que é o conhecimento do Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele. E isto, não com a minha justiça que vem da Lei, mas com a justiça que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, com base na fé. 

É assim que eu conheço Cristo, a força da sua Ressurreição e a comunhão com os seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na sua morte, para ver se chego até a Ressurreição dentre os mortos. Não que eu já tenha recebido tudo isso, ou já me tenha tornado perfeito. Mas continuo correndo para alcançá-lo, visto que eu mesmo fui alcançado pelo Cristo Jesus.

Irmãos, eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, faço: esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente. Lanço-me em direção à meta, para conquistar o prêmio que, do alto, Deus me chama a receber no Cristo Jesus.

Filipenses 3,4-14

Escolhas que saram

Quando um homem se entrega a Deus, não só suas orações, mas também suas escolhas e atitudes cooperam para sua cura. Depois de nos dar uma garantia, a Palavra de Deus nos manifesta uma ordem: “O Senhor conhece os que são seus. Renuncie a iniquidade todo aquele que pronuncia o nome do Senhor” (II Tm 2,19).

O Senhor conhece os que são seus. Deus conhece você. Sabe para quê você foi feito e até onde você aguenta. Ele sabe suas necessidades e conhece uma maneira saudável de supri-las.

Há sempre mais de um caminho para se alcançar um objetivo. Renuncie ao modo ruim, você que pronuncia o nome do Senhor. Nosso erro é ficar olhando para o modo como agem os outros que não se comprometeram com Deus. Os outros são os outros. Deixe que eles se entendam com Deus.

Quanto a nós, queremos o que é bom, o que presta, o que vale a pena. De que vale ser rico à custa de roubo? De que vale ser aprovado tendo copiado as respostas de alguém? Qual a vantagem de se dar bem à custa dos outros? Mais cedo ou mais tarde, tudo isso vem à tona.

A conquista só tem valor quando nos torna melhores. A Escritura nos compara compara com vasos (cf. II TM 2,20-21). Que tipo de vaso você é? Para que você serve? O que você traz dentro de si? Quem o usa? O maligno também tem seus vasos e costuma abastecê-los com tudo que é nocivo. Não devemos ser vasos envenenados, cheios de toda espécie de perversidade.

Para apontar o caminho, Timóteo avisa: “Foge das paixões da mocidade” (IITm 2,22). As paixões são nossas inclinações e emoções desequilibradas. Elas são mais fortes na juventude. O segredo para vencê-las é fugir delas. Fazemos isso de duas maneiras: ao buscar a justiça, a fé, o amor e a paz com aqueles que invocam a Deus, e ao rejeitar as discussões tolas e absurdas que geram contendas.

Numa família, entre amigos, na Igreja, dificilmente as pessoas brigam por coisas importantes. Em geral, desentendem-se por ninharias. Como insiste Timóteo, não convém a um homem de bem se meter em brigas e discussões nervosas. O caminho que nos torna serenos e equilibrados é outro.

Há um caminho para quem quer curar suas emoções e viver com mais saúde. Você quer percorrer esse caminho? Então, vamos viver bem um dia de cada vez, vamos ser bons com todos que cruzarem nosso caminho, manifestar-lhes um amor terno e paciente. Com doçura e firmeza, vamos ensinar e ajudar a sair do erro aquele que se perdeu. Mas, para isso, também teremos que ser pacientes em aceitar as chateações, as contrariedades, as decepções. E, se vamos ter que suportar tudo isso, de uma forma ou de outra, de que adianta ficar amuado e aborrecido? É com brandura que corrigimos nossos adversários para livrá-los do erro e dos laços do demônio (cf. II Tm 2,24-26).

Faça a experiência. Você perceberá que o primeiro beneficiado em suas escolhas será você. O bem que sai do seu coração não chega ao outro sem antes abençoar a sua vida.

Do Livro “O Dom da Cura”, de Márcio Mendes

sábado, 24 de março de 2012

Aprendendo a ser um servo fiel e manso

No tempo em que não havia automóveis, na cocheira de um famoso palácio real, um burro de carga curtia imensa amargura, em vista das pilhérias dos companheiros de apartamento.

Reparando-lhe o pêlo maltratado, as fundas cicatrizes do lombo e a cabeça tristonha e humilde, aproximou-se formoso cavalo árabe que se fizera detentor de muitos prêmios, e disse, orgulhoso: - Triste sina a que recebeste! Não invejas minha posição em corridas? Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra dos reis!

- Pudera! - exclamou um potro de fina origem inglesa - como conseguirá um burro entender o brilho das apostas e o gosto da caça? O infortunado animal recebia os sarcasmos, resignadamente.

Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou no assunto e comentou: - Há dez anos, quando me ausentei de pastagem vizinha, vi este miserável sofrendo rudemente nas mãos do bruto amansador. É tão covarde que não chegava a reagir, nem mesmo com um coice. Não nasceu senão para carga e pancadas. É vergonhoso suportar-lhe a companhia.

Nisto, admirável jumento espanhol acercou-se do grupo, e acentuou sem piedade: - Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É animal desonrado, fraco, inútil, não sabe viver senão sob pesadas disciplinas. Ignora o aprumo da dignidade pessoal e desconhece o amor-próprio. Aceito os deveres que me competem até o justo limite; mas se me constrangem a ultrapassar as obrigações, recuso-me à obediência, pinoteio e sou capaz de matar.

As observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou o recinto, em companhia do chefe das cavalariças. - Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade, informou o monarca, um animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança.

O empregado perguntou: - Não prefere o árabe, Majestade?

- Não, não - falou o soberano, é muito altivo e só serve para corridas em festejos oficiais sem maior importância.

- Não quer o potro inglês?

- De modo algum. É muito irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça.

- Não deseja o húngaro?

- Não, não. É bravio, sem qualquer educação. É apenas um pastor de rebanho.

- O jumento espanhol serviria? - insistiu o servidor atencioso.

- De maneira nenhuma. É manhoso e não merece confiança.

Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou: - Onde está meu burro de carga?

O chefe das cocheiras indicou-o, entre os demais. O próprio rei puxou-o carinhosamente para fora, mandou ajaezá-lo com as armas resplandecentes de sua casa e confiou-lhe o filho ainda criança, para longa viajem.

E ficou tranquilo, sabendo que poderia colocar toda a sua confiança naquele animal...

Assim também acontece na vida. Em todas as ocasiões, temos sempre grande número de amigos, de conhecidos e companheiros, mas somente nos prestam serviços de utilidade real aqueles que já aprenderam a servir, sem pensar em si mesmos.

Deus me ama como sou

Num mundo onde as pessoas se sentem angustiadas com o desejo de agradar e serem agradadas, percebemos quão distante está a verdade do que realmente somos diante de Deus e diante de nós mesmos. Santa Teresinha, apesar de sua breve existência e em meio às suas dores, imperfeições e imaturidades, soube erguer seus olhos e pegar depressa o “elevador” que a conduziria aos braços do Pai. Descobriu-se aceita por um Deus que a amava e que faria tudo por ela. Esse exemplo de vida muito tem a nos ensinar, pois Teresinha se recusou a levar uma vida sem sentido e acreditou e nada colocou como impedimento para fazer da sua vida uma oportunidade de “cantar as misericórdias do Senhor”.

Como nós reagimos diante disso? Aceitamos ou não como somos ou quem somos? E de que maneira isso acontece?

“Onde está o Espírito do Senhor, lá está a liberdade” (cf. 2Cor 3,17). Deus é realista e deseja realizar sua obra em nossa vida na verdade, não em uma ilusão de quem somos ou como somos. A tentativa de negar ou vencer nossas fraquezas e limitações por nós mesmos é uma ilusão porque o próprio Jesus nos disse: “Sem mim nada podeis fazer”.

Uma das formas mais eficazes de deixar a graça de Deus agir em nós é dizer “sim” ao que somos e às situações que enfrentamos dentro e fora de nós. Isso nos faz acreditar que a pessoa que o Pai ama não é a que eu irei me tornar ou a que eu desejo ser, mas a pessoa que eu sou. Deus não tem as expectativas ilusórias que nós temos de amar o que é ideal ou virtuoso, Ele ama de forma real, aliás, desconsidero que seja amor tudo que escape da realidade. Perdemos muito tempo tentando corresponder a modelos ou nos lamentando de nossos limites e fraquezas, ou porque poderíamos ser menos feridos, menos complicados... isso só faz retardar a belíssima obra que o Espírito Santo quer realizar em nós.

Muitas vezes bloqueamos a nossa intimidade com Deus recusando a nossa pobreza, fragilidade, debilidade, ao invés de nos reconhecermos pequenos, e sem nos darmos conta, esterilizamos a ação do Espírito Santo.

Um problema decorrente disso é que, quando não conseguimos acolher a nós mesmos, também não acolhemos os outros – e perdemos tempo reclamando por ele não corresponder às nossas expectativas.

Essas atitudes e sentimentos são muito sérios porque revelam uma não aceitação de nós mesmos muito forte, que tem raízes em uma falta de confiança e fé em Deus. Aceitar-nos como somos, com nossa pobreza e limites, não significa acomodar-se, tomar uma atitude passiva ou preguiçosa diante da vida. Ao contrário, já que o próprio Evangelho nos chama a sermos perfeitos (cf. Mt 5,48), é preciso querer melhorar, crescer, superar, progredir... é indispensável, porque deixar de progredir é deixar de viver! Mas tudo isso só acontece de forma equilibrada se nos aceitamos e reconhecemos necessitados de Deus.

Márcia Fernanda Moreno dos Santos – www.comshalom.org

Morada Santa


MORADA SANTA
(Ministério Amor e Adoração)
 
Sei que estás em mim, posso sentir o teu agir
O meu coração, tua morada santa
Sem tua presença não conseguirei seguir
Luz que ilumina todo o meu interior.

Onde estiver sei que comigo estarás
E se eu chorar sei que irás me consolar (2x)

Espírito de Deus, leva-me além
Conduz os passos meus,
Fazer tua vontade é o meu querer
Espírito de Deus, leva-me além
Farol a me guiar,
Na imensidão do mar do meu viver

sexta-feira, 23 de março de 2012

Quando só Deus é a resposta



“Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,19-20).




Por que eu perco todas as pessoas que amo?
Por que as coisas nunca dão certo para mim?
Por que eu estou passando necessidades?
Por que eu estou sofrendo?
Por que me sinto tão infeliz?
Por que eu fui traído?
Por que tive de passar por todas aquelas coisas quando era criança?

Essas e outras perguntas levaram muitas pessoas ao desespero. Há momentos da nossa vida em que a dor é tão aguda que nada parece responder às necessidades que temos. Onde encontrar a resposta que faz calar o coração?

Nem sempre as perguntas podem ser respondidas com palavras. Há casos cuja solução é humanamente impossível, como por exemplo, a morte de alguém ou uma doença incurável. Essa é a hora em que só Deus é a resposta.

A resposta pode ser um milagre. Ela existe! Mas cada pessoa precisa buscá-la pessoalmente, e o lugar do encontro é a oração. Deus pode e quer nos dar tudo do que necessitamos para ser felizes. Se muitas vezes não recebemos é porque não pedimos — temos dificuldade de acreditar que Ele nos atenderá.

Deus não nos quer atender se não tivermos a certeza de ser atendidos por Ele: “Tudo é possível ao que crê”. Não há limites! Para Deus, tudo é possível. Se os nossos problemas nos superaram, não superam a Deus. Se perdemos o domínio da situação, Deus não perdeu. Ele é o Senhor de tudo e de todos.

A oração é uma chave que abre as portas do Céu. Deus se comprometeu conosco e empenhou a Sua Palavra, já não pode voltar atrás. Ainda que os montes se abalem e as colinas mudem de lugar, Ele permanecerá fiel. Mesmo que passem o Céu e a Terra, Ele não abandonará você! Deus o ama e por isso lhe é fiel. Ele sabe do que você precisa e vem em seu socorro neste exato momento.

Não são poucas as pessoas que custam a crer que Deus vai ajudá-las; até acreditam que Ele é bom, acreditam também que é poderoso para fazer o que quiser. Pensam e aceitam que Deus fará bem a toda gente, mas não conseguem acreditar que o fará a elas. Na verdade, não se sentem amadas por Ele.

Se lhes perguntamos o porquê, a resposta não demora a vir: “Depois de tudo o que já fiz na vida… Eu não mereço… Os meus pecados são muitos”… A Palavra nos garante: “Se formos infiéis… ele continua fiel, e não pode desdizer-se” (2Tm 2,13b).

Ainda que tenhamos pecado e caído na infidelidade, Deus continua ao nosso lado e nos convida a voltar para Ele a fim de recebermos Seu amor. Ele veio para os pecadores e para os doentes, veio para quem precisa dEle.

E você?? Precisa de Deus??

O Senhor o ama e quer demonstrar o quanto. Permita que aconteça! Aproxime-se dEle confiantemente, pela oração, e verá o que realmente é verdade. Vive bem quem reza bem! Abra seu coração para ser amado e amar por meio da oração. Agora é um bom momento para começar esta nossa caminhada de oração, e se você já a começou será ainda melhor. Poderá lançar mais profundamente suas raízes no terreno fértil, úmido e quente de uma conversa amorosa com Deus.

Do livro “Quando só Deus é a resposta”, Márcio Mendes

Santo Anjo do Senhor

“Não poderá te fazer mal a desgraça,
nenhuma praga cairá sobre tua tenda.
Pois ele dará ordem a seus anjos
para te guardarem em todos os teus passos.”

(Sl 51,12)

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Que linda promessa!

Se você está sob a proteção de Deus, os anjos estão ao seu lado.

Já conversou com o seu anjo da guarda hoje?

Reze assim:

Santo Anjo do Senhor,

Meu zeloso guardador,

Se a ti me confiou a piedade divina,

Sempre me rege, me guarda,

Me governa, me ilumina.

Amém!




Do Livro “Deus Fala com Você”, de Marina Adamo

quinta-feira, 22 de março de 2012

O diabo: esperto e experto


Se alguém duvida da existência do diabo talvez seja porque nunca foi vítima de assaltos e estupros, roubos e sequestros, mentiras e calúnias, torturas físicas e psicológicas – ou de qualquer outra injustiça. Ou então uma pessoa que não tem filhos drogados nem cônjuges alcoólatras. Alguém que não precisa passar horas, dias e meses nas filas de espera ou nos corredores de um hospital. Por fim – para não prolongar a ladainha e a procissão – quem ainda não foi atingido pela corrupção generalizada e institucionalizada que oprime em toda a parte.

Em matéria de maldade e depravação, o ser humano parece não ter limites, superando qualquer outro animal. A hecatombe perpetrada durante a 2ª Guerra Mundial por Hitler, sobretudo – mas não só – à custa de judeus e de cristãos, amordaçando a consciência de um povo culto e desenvolvido como era o alemão, prova que não estava equivocado o rei Davi ao declarar: «Prefiro cair nas mãos de Deus, cuja misericórdia é imensa, do que nas mãos dos homens» (1Cr21,13).

Ante o sangue derramado ao longo da história – tanto que, até há poucos anos, o que ela narrava, eram sobretudo guerras e de revoluções – e diante dos sete vícios capitais que ofuscam e oprimem a existência e as relações humanas, parece difícil negar a existência de uma raiz iníqua, uma fonte contaminada, personificação do erro e do mal, numa palavra, do “Maligno”.

Sobre ele, a Igreja é sóbria e incisiva, como atesta o “Catecismo da Igreja Católica”, publicado pelo Papa João Paulo II, a 15 de agosto de 1997: «Por trás da opção de desobediência de nossos primeiros pais há uma voz sedutora que se opõe a Deus e que, por inveja, os faz cair na morte. A Escritura e a Tradição da Igreja veem neste ser um anjo destronado, chamado Satanás ou Diabo. A Igreja ensina que ele tinha sido anteriormente um anjo bom, criado por Deus».

Provavelmente, esta doutrina se fundamenta num texto do Apocalipse: «Aconteceu uma batalha no céu: Miguel e seus anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão batalhou juntamente com seus anjos, mas foi derrotado, e no céu não houve mais lugar para eles. Esse grande Dragão é a antiga Serpente, que seduz todos os habitantes da terra» (Ap 12,7-9).

Para Jesus, duas são as definições que melhor traduzem a identidade e a atividade do “Tentador”. Primeiramente, ele é o “pai da mentira” (Jo 8,44), já que, ao longo da história, o que ele melhor faz é enganar as pessoas: «No dia em que comerem deste fruto, seus olhos se abrirão e vocês se tornarão como deuses, decidindo o que é bem e o que é mal» (Gn 3,5). É o que ele continua fazendo todos os dias, com experiência e resultados cada vez maiores...

Outra característica vista por Jesus no Demônio é de ser “assassino desde o início” (Jo 8,44). De fato, se existe na atualidade uma prova que mais fala da existência e do poder do Diabo é o clima de maledicência, discórdia, violência e vingança que medra em todos os ambientes e em toda a parte.

Na véspera de sua morte, Jesus rezou ao Pai por seus discípulos: «Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal» (Jo 17,15). Na oração do “pai-nosso”, aparece o mesmo pedido: «Não nos deixes cair na tentação, mas livra-nos do mal» (Mt 6,13). Em ambas as citações, “mal” e “Maligno” se identificam, já que todos os que são levados pelo mal, o fazem porque seduzidos pelo Maligno.

Costuma-se dizer que a grande vitória alcançada pelo Demônio no século XX foi a de fazer crer que ele não passa de uma invenção... «Se Deus não existe, tudo é permitido», escreveu Dostoiévski. Mas, se isso acontece com Deus, muito mais com o Diabo. Ele age sorrateiramente, «disfarçando-se em anjo da luz» (2Cor 11,14), confundindo e invertendo os valores. O pecado passa a atrair mais do que a virtude. A liberdade é transformada em devassidão. A sabedoria é substituída pela esperteza. O dever pelo prazer. O ser pelo ter. O amor pelo ódio.

Para o apóstolo São João, «quem comete o pecado é escravo do Diabo – o pecador desde o princípio – mas o Filho de Deus veio ao mundo para destruir as obras do Diabo» (1Jo 3,8). Quem tem Deus, não teme o Demônio: «Se Deus é por nós, quem será contra nós?» (Rm 8,31). O Diabo só existe e tem poder nas pessoas e ambientes donde Deus foi banido...

Dom Redovino Rizzardo

quarta-feira, 21 de março de 2012

Páscoa: a nossa maior festa

Já estamos iniciando a quarta semana da Quaresma, tempo conversão e de preparação para a Páscoa. Mas, como tem sido nossos dias? Estamos, realmente, nos preparando para a maior festa da nossa fé? O artigo a seguir nos ajuda a refletir sobre esse tema.

Pergunte a qualquer criança de sete anos que esteja na catequese: “Qual é a festa mais importante da Igreja?”. Muito provavelmente ela responderá: “É o Natal!”. Talvez até mesmo você, leitor, também teria dado esta resposta. Mas será que o Natal é mesmo a festa mais importante da Igreja?

O Sagrado Magistério da Igreja nos ensina que “em cada semana, no dia que a Igreja passou a chamar 'dia do Senhor', ela recorda a ressurreição de Cristo, celebrando-a uma vez por ano, juntamente com sua sagrada paixão, na solenidade máxima da Páscoa” (Concílio Vaticano II, Constituição Conciliar sobre a Sagrada Liturgia, nº 102) e que, portanto, “a Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a festa das festas, a solenidade das solenidades” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1169).

A salvação da humanidade começou a acontecer no mistério da Encarnação do Verbo, celebrado no Natal. Mas a consumação dessa salvação aconteceu no mistério da Ressurreição do Senhor, celebrado na Páscoa!

Nós realmente temos dado a devida importância para esta solenidade? Na sua realidade, como é a celebração do Tríduo Pascal? Certamente, milhares de pessoas vão à Igreja celebrar a Paixão do Senhor na Sexta-Feira Santa, com as belíssimas procissões do Encontro e do Senhor Morto. Mas quantas destas pessoas comparecem à Vigília Pascal para celebrar a Ressurreição do Senhor?

A Páscoa, muito mais do que troca de ovos de chocolate, é a celebração máxima da nossa fé: “se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados. Mas, na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio à morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos serão vivificados, para que Deus seja tudo em todos!” (cf. 1Cor 15, 17.20-22.28).

Nesta reta final da Quaresma, façamos atos concretos de preparação para celebrar a Páscoa. Além da penitência, oração e jejum, coloquemos em prática um gesto muito nobre de caridade: instruir os que estão no erro (cf. Catecismo da Igreja Católica, nº 2447) a respeito da importância da Páscoa, para a qual se dirige todo o esforço quaresmal. Isso pode ser feito através da catequese, de formações, de pregações... enfim, em qualquer lugar onde dois ou mais estiverem reunidos em nome do Senhor! (cf. Mt 18,20).

João Paulo Veloso, Coordenador Nacional do Ministério para Seminaristas
www.rccbrasil.org.br

terça-feira, 20 de março de 2012

Utilidade das contrariedades

É vantajoso suportar, de quando em quando, algumas penas e contrariedades, porque elas chamam o homem à compreensão de si mesmo, fazendo-o reconhecer que está exilado neste mundo e que não deve colocar a sua esperança em alguma coisa da terra.

É bom padecermos de contradições algumas vezes e que os homens pensem mal ou pouco favoravelmente de nós, ainda que atuemos bem e tenhamos boa intenção. Estas coisas, muitas vezes, ajudam-nos a sermos humildes e nos defendem da presunção.

Com efeito, procuramos mais a Deus como testemunha de nossa consciência, quando somos desprezados pelos homens ou pensam mal de nós.

Por isso, deveria o homem confiar de tal modo em Deus, que não fosse necessário buscar muitas consolações humanas.

Quando o homem de boa vida é atribulado, ou tentado, ou combatido por maus pensamentos, então conhece ter de Deus maior necessidade, experimentando que sem ele não pode fazer coisa boa.


Do Livro “Imitação de Cristo”

segunda-feira, 19 de março de 2012

Imagem e semelhança

Dia de São José - Simplesmente José!



SIMPLESMENTE JOSÉ
(Mensagem Brasil)
 
Eu tão simples, tão pequeno, um carpinteiro e nada mais.
Mas meu Deus olhou pra mim e me escolheu pra ser pai do Filho Seu.
Eis-me aqui, faça-se em mim o Teu querer,
Sou Teu José, simples José e nada mais.


Eu tão simples, tão pequeno, um carpinteiro e nada mais.
Mas meu Deus olhou pra mim e me escolheu pra ser pai do Filho Seu.
Eis-me aqui, faça-se em mim o Teu querer,
Sou Teu José, simples José e nada mais.


Eu sou escravo de Tua promessa, feito pra amar até o fim.
Eu sou escravo de Tua promessa e sou feliz vivendo assim.


Eu tão simples, tão pequeno, um carpinteiro e nada mais.

Pois sou escravo de Tua promessa, feito pra amar até o fim.
Eu sou escravo de Tua promessa e sou feliz vivendo assim.

domingo, 18 de março de 2012

Uma brisa suave e amena

O Primeiro Livro dos Reis, escrito uns seis séculos antes da era cristã, descreve uma curiosa experiência de Deus, rica de ensinamentos e atual.

O profeta Elias não se conformava com o comportamento do Povo Escolhido, que deixara de lado o culto ao Deus verdadeiro para seguir falsos profetas, adoradores de Baal, deus de povos vizinhos. Uma vez que os argumentos não conseguiram convencer os israelitas, Elias lhes propôs um desafio: mataria um touro, o prepararia para o sacrifício e pediria a Deus que acendesse o fogo. Os 450 profetas de Baal, por seu lado, fariam o mesmo. Conforme o resultado obtido, todos poderiam ver, com clareza, do lado de quem estava o Deus verdadeiro.

O povo de Israel respondeu a Elias: “Ótima proposta!” (1Re 18,24). Também os profetas de Baal concordaram com o desafio e prepararam o novilho para a oferenda. Quando tudo estava pronto, começaram a invocar o nome de seu deus, mas sem acender o fogo, conforme fora combinado. Multiplicaram as orações e nada conseguiram. Vendo-os e escutando-os, Elias, um profeta com ironia nada sutil, aproveitou a oportunidade para um comentário: “Gritai mais forte, pois ele é deus, tem suas preocupações: teve de se ausentar ou está de viagem; talvez esteja dormindo e precisa ser acordado” (1 Re 18,27). O grupo de Baal passou das súplicas aos gritos; se autoferiu até o sangue escorrer. E não obteve resposta.

Ao chegar sua vez, Elias, além de preparar o altar, mandou que derramassem água sobre a lenha e a oferenda. Pediu, então, que Deus se manifestasse: “Escuta-me, Senhor, escuta-me para que este povo reconheça que tu, Senhor, és Deus e que convertas os corações deles” (1Re 18,37). A resposta foi imediata: veio fogo sobre o altar, consumindo a oferta, a lenha e as pedras. Tirando proveito de seu sucesso, e querendo exterminar o mal pela raiz, Elias mandou que fossem degolados todos os profetas de Baal. Por causa disso, foi ameaçado de morte e perseguido. Para piorar sua situação, sentiu o desgosto de ver que os seguidores deles, mesmo após a manifestação do poder divino, não se converteram. Desanimado e com vontade de morrer, foi socorrido providencialmente por um anjo e partiu em direção ao Monte Horeb, berço da aliança entre Deus e seu povo. Ali fez o que chamamos de “experiência de Deus”.

Sabendo que o Senhor passaria em seu caminho, Elias o esperou, de pé. Viu então, sucessivamente, vários fenômenos atmosféricos grandiosos. Ficou atento, pois Deus poderia se manifestar através deles. Mas Ele não estava nem no furacão violento, nem no terremoto, como também não estava no fogo. “Finalmente... percebeu-se uma brisa suave e amena” (1Re 19,12); o Senhor estava nela.

Aplicando essa experiência de Elias aos dias de hoje, concluímos que também em nossa vida Deus se manifesta de diversas maneiras. Por vezes, serve-se de acontecimentos extraordinários, fortes, como se fossem um “tsunâmi” em nossa vida.

Normalmente, porém, manifesta-se através de “brisas suaves” – isto é, de acontecimentos tão simples que nem valorizamos, tão rotineiros que quase nem percebemos, tão frequentes que não lhes damos importância. Neles, o Senhor passa em nossa vida. Ora, cada passagem divina é especial, porque é única. Consciente disso, Santo Agostinho († 430) manifestou uma preocupação, que traduzo assim: “O que acontecerá comigo, se Ele passar e não mais voltar?...”

Elias nos ensina a cultivar a atitude de prontidão. O profeta não sabia quando o Senhor passaria, não sabia nem a maneira que o Senhor escolheria para se manifestar. Afinal, não cabia a ele próprio fazer tal escolha, mas a Deus. Conosco, não é diferente. É necessário, pois, estar atentos. Caso contrário, poderemos aumentar o grupo formado por aqueles que vivem correndo atrás de experiências emocionais, inclusive no campo religioso. Tais pessoas buscam o que agrada a seus sentidos, o que acalma seus pensamentos e não compromete sua consciência. Enfim, buscam um “deus” à sua própria imagem e semelhante. Enquanto isso, o Deus vivo e verdadeiro passa em suas vidas como uma brisa suave e amena...

Dom Murilo S.R. Krieger