quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Eucaristia: a nossa defesa

Na vida de Santa Clara houve um episódio maravilhoso, em que se evidencia a força, a ação e o poder do Santíssimo Sacramento.

Naquela época, os árabes, seguidores de Maomé, estavam invadindo a Europa para destruir o Cristianismo e fazer calar o Evangelho de Jesus. Já haviam feito isso na Terra Santa, construindo mesquitas sobre os lugares onde Jesus nasceu, viveu e morreu, mostrando que eles e sua religião “estavam por cima”. Queriam acabar com o Cristianismo e até mesmo com a lembrança de Jesus Cristo.

Ao chegar em Assis, na Itália, dirigiram-se para o convento, onde moravam Clara e suas irmãs, com o propósito de acabar com aquelas moças consagradas a Deus. Entraram em Assis e invadiram aquele núcleo fortíssimo do cristianismo autêntico, que pregava e vivia o Evangelho. Sabiam que Francisco estava morto e que  lá estariam seus irmãos e as irmãs de Clara.

Quando soube que aqueles homens se dirigiam para o convento, armados e dispostos a destruir tudo, Clara,mesmo doente, foi até o sacrário,pegou o ostensório com a hóstia consagrada e o trouxe em suas mãos.

Era a arma que ela e suas irmãs tinham naquele momento. Então, foi até a janela que dava para o pátio e apresentou o Santíssimo Sacramento diante daqueles homens, que já estavam próximos, subindo a colina. Repentinamente, eles começaram a fugir em debandada. Aconteceu no meio deles uma grande confusão e, sem entender o que se passava, todos se retiraram.

Clara permaneceu com o ostensório diante da janela até que todos fossem embora. Depois, ela e suas irmãs entraram, dando graças a Jesus ali presente na Eucaristia, porque tinham presenciado seu poder libertador.

Aqueles homens contaram depois que, ao subirem em direção ao convento, foram ofuscados por raios provenientes de algo dourado que uma mulher estava segurando. Os raios eram violentos, como em dia de tempestade, e ofuscavam seus olhos. Por isso se retiraram em debandada, numa grande confusão. Enquanto eles não foram embora, os raios não cessaram.

Hoje a nossa defesa diante dos problemas que enfrentamos em nossa casa, com os filhos, com o casamento, com nossa família está na presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo, no Santíssimo Sacramento.

Do Livro “Eucaristia, Nosso Tesouro”, de Mons. Jonas Abib


Nossas escolhas e suas consequências


É interessante perceber como, atualmente, a maioria das pessoas tem uma grande dificuldade para lidar com as consequências de suas escolhas. Sim, vivemos uma concreta crise no senso de responsabilidade, em que muito se escolhe e pouco se quer arcar com as consequências do que se escolhe.

É notória a necessidade manifestada por muitos de, consciente ou inconscientemente, sempre procurar culpados para justificar os próprios sofrimentos, não aceitando que estes, muitas vezes, são diretas consequências das más escolhas que nós fizemos em nossa trajetória pela vida.

É muito mais fácil culpar a alguém por nossos infortúnios – principalmente a Deus –, contudo, ancorado em tal prática o coração nunca poderá verdadeiramente crescer, pois ficará encarcerado em um imaturo – e infantil – sistema de autodefesa e justificação, que retirará do ser toda a responsabilidade pelas escolhas realizadas, fazendo-o descarregar sobre os outros as suas consequências.

Precisamos, mais do que nunca, aprender a arcar com as consequências de nossas escolhas, sabendo que somos os reais protagonistas de nossa existência e que esta só poderá acontecer com qualidade, se por ela (qualidade) decidirmos em cada fragmento que compõe o nosso todo.

Faz-se real em nosso tempo a necessidade de fortalecer a própria vontade. Sim, de resgatar a capacidade de escolher com clareza, tendo diante de si a consciência concreta das consequências do que se escolhe. Nossa vontade precisa ser forte, pois só assim ela poderá acontecer com liberdade e segurança, sem ser condicionada por vícios e más paixões que a deixem opaca e fragmentada.

A maturidade só poderá fazer-se presença na história de quem tiver honestidade o bastante para lidar com as reais consequências do que escolheu, pois, ao contrário, a infantilidade será uma contínua companheira que fará o olhar – sempre e em tudo – contemplar a vida sob uma ótica imprecisa e autopiedosa.

Diante disso, acredito que os pais precisam permitir aos filhos enfrentarem todos os sofrimentos causados por suas más escolhas, pois, se os ausentarem disso, eles nunca conseguirão crescer e acabarão aprisionados a uma intensa imaturidade: mimados e sem uma reta consciência das consequências daquilo que na vida eles realizaram o ofício de escolher.

Sentir o peso das próprias escolhas é profundamente pedagógico e formativo para toda e qualquer pessoa, é experiência que nos faz mais autônomos e livres, para assim podermos nos construir com responsabilidade e consciência, como autênticos seres humanos.

É extremamente necessária esta compreensão: Muito em nossa história dependerá de Deus e dos outros, contudo, muito também depende somente de nós e das escolhas que fizermos e, culpar os outros pelo que em nossa vida não é tão bom não eliminará definitivamente as dores e problemas que configuram nossos dias.

Enfrentemos nossa história e suas consequências sem medo, e, aprendamos com os erros passados a verdadeiramente construir as vitórias e realizações que o futuro reserva para cada um de nós.

Padre Adriano Zandoná, Canção Nova