segunda-feira, 8 de abril de 2013

#FicaAdica 76



Já foi dito e repetido: só sabemos reconhecer o valor das pessoas quando elas se vão! E quanto é difícil, para grande maioria das pessoas, introjetar essa verdade, aprender com as perdas e valorizar o que se tem. O quão difícil, parece também, ter um coração agradecido a Deus por tantas graças e bênção recebidas… Como nos custa aprender essas verdades tão simples: a vida é uma passagem, uma aventura bonita que se torna ainda mais bela quando aprendemos a generosidade, a partilha, a gratidão, o amor!

À cada grande perda, faz-se de novo o propósito: de agora em diante vou valorizar mais as pessoas, vou ser mais amoroso (a)… Mas os dias se vão e voltamos a ser como éramos! Falsas promessas tomadas em momentos emotivos… Passa-se o luto e tudo volta ao “normal” e continuamos a ser insensíveis, rígidas, sem a unção do amor. A Páscoa nos convida à renovação: é tempo de assumir mais e melhor nossas vidas, de sermos melhores do que éramos… É tempo de amar mais, com gestos concretos!

Frei Paulo Sérgio, ofm


Solenidade da Anunciação do Senhor



Quando refletimos  sobre a anunciação do anjo a Maria lembramo-nos das belas e delicadas linhas de São Bernardo de Claraval: “Apressa-te, ó  Virgem, em dar a  tua resposta;  responde sem demora ao Anjo, ou  melhor,  responde ao  Senhor por meio do Anjo.  Pronuncia  uma palavra e recebe  a Palavra;  profere a tua palavra e recebe a Palavra de Deus;  dize uma palavra passageira e abraça a   Palavra eterna”.

Ela, Maria da cidade de Nazaré,  vivia a vida de todas as mulheres de sua terra.  Cuidava das coisas da casa,  buscava água no poço,  participava das festas religiosas  em  Jerusalém,  frequentava a sinagoga. A julgar pelo  Cântico do Magnificat,  composição inspirada na espiritualidade dos  “pobres de Javé”,  Maria devia ter familiaridade com o espírito dos  salmos e  marcada também pela figura de Abraão:  crer irrestritamente. Frequentava a sinagoga e vivia no meio do seu povo.  Como todos os verdadeiros buscadores de Deus Maria, sempre se perguntava a respeito dos desígnios de Deus a seu respeito.

Quando  chegou a plenitude dos tempos, o Altíssimo resolveu concretizar seu eterno plano de amor: juntar sua eternidade  à fugacidade do tempo dos viventes, realizar  uma comunhão de amor entre seu  Mistério e a humanidade que saíra de suas  mãos. Seu projeto era ganhar carne para poder beber a água  de nossas fontes, sentar-se às nossas mesas e experimentar ser homem, vivendo nossa vida e nossa morte. Este o Mistério central da fé cristã:  Deus se tornou carne.

O enviado do  Altíssimo se aproxima de Maria de Nazaré  e dá-se o grande anúncio. O céu se aproxima da terra. O mensageiro  divino fala:   “Maria, tu és cheia da graça do Senhor. O Senhor é contigo.  Tu conceberás um filho na tua virgindade, na inteireza de tua vida,  na plenitude da presença de Deus em ti com sua graça.  Tu estás prometida em casamento a José.  A sombra do Altíssimo pousará sobre ti e esse que vai nascer de ti será chamado de santo,  Filho de Deus. O Espírito fará gerar vida. Todo o  mundo aguarda teu  Esperamos quem não hesites.”

E Maria:  “Está bem.  Acolho com carinho e obediência esse apelo que veio até esse ser pequeno que sou eu.  Faça-se em mim segundo a tua Palavra.  Eu sou a serva do  Senhor.  Está muito bem”.   Assim, com sim de Maria de Nazaré Deus começava a concretizar  o sonho eterno de ser um de nós e nos arrancar das sombras da morte levando-nos para a luz que não conhece ocaso.

Belamente cantamos no Prefácio da Missa:  “A Virgem Maria recebeu com fé o anúncio do anjo; e à sombra  do Espírito  Santo,  acolheu com amor no seio puríssimo, aquele que, para salvar  os seres humanos, quis  nascer entre eles.  Assim, cumpriam-se  as promessas feitas a Israel, e de inefável,  realizava-se a esperança das nações”.

Maria  deu  carne, braços, mãos, pés, respiração, vida ao Verbo para viver e morrer por  amor dos  homens.

Frei Almir Ribeiro Guimarães