quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Leitura Bíblica: Marcos 4,1-20


Mais uma vez  ouvimos na Liturgia da Palavra a parábola do semeador.  Sempre de novo somos convidados a examinar a qualidade de  nossa escuta dos sons misteriosos  e  esplendorosos do coração de Deus.  Veneramos com especial carinho as palavras das Escrituras.  Desde a nossa mais tenra infância aprendemos a nos situar diante de suas recomendações,  verdades, exortações.  Sabemos também que  o Senhor tem  outros meios de  entrar  em contato conosco:  os acontecimentos de todos os dias, os sinais dos tempos,  as alegrias e os sofrimentos,  a voz dos mais abandonados, as exortações da Igreja.

Palavra, comunicação, semente… Deus fala,  deseja entrar em comunhão com os homens para  manifestar seu amor e operar maravilhas  no coração de cada um.  Jesus pregador é  ser desejoso de estabelecer  pontes. Do Pai sai a Palavra,  o Verbo  que corre veloz tentado  poder se alojar no seio das pessoas.  A Palavra chega perto de  Maria.  Acolhendo a Palavra  Deus nasce nela.  Este é o milagre da semente e a força da palavra.

A vida é  madrasta.  Por vezes os corações dos homens, entregues às suas preocupações pequenas  ou  grandes, vão  endurecendo por dentro. Uma vida de descuido da voz da consciência, posturas de indiferenças para as coisas do coração e da fé  fazem com os corações se tornem   duros como a pedra.  Deus quer falar,  mas  o chão é duro e terreno impermeável. “Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor e  não endureçais o vosso coração”.  A semente cai no caminho pisado,  duro e o vento as leva para longe.

Há pessoas de  boa vontade.  Recolhem-se, cantam, participam das coisas da fé. Mas parece que o coração de alguns não tem profundidade.  São pessoas das exterioridades.  Há também  pedras.  A fé não foi à raiz de seu existir.  A raiz  não tinha suficiente  quantidade de terra  para alimentar uma planta sadia.  Tantos que começam bem, mas depois são influenciados por opiniões diferentes ou são fracos para  o desafio da fidelidade!

A vida é complicada.  Por vezes sentimo-nos no céu, junto de Deus.  Outras vezes andamos preocupados demais com  a graça do corpo, as roupas bonitas, o brilho disso e daquilo.  Tantos desejos que sufocam a plantinha que tinha começado a medrar… Vidas acanhadas;  semente que brota no meio de espinheiros.

Por fim  há tantos e tantos que estão na espera do Senhor, que sabem que ele anda batendo à porta, que  espera ser recebido na sala de nossa interioridade.  Acolhendo o  Senhor as pessoas  que são terra  boa ficam, por assim dizer, grávidas de Deus.  “Aqueles que recebem a semente em terreno bom  são os ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto;  uma dá trinta, outro sessenta e outro cem por um”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães