domingo, 10 de junho de 2012

Adão, onde tu estás?


Temos saudade de  viver num mundo de harmonia.  Por vezes nosso interior experimenta terremotos e turbulências.  Temos vontade de dizer com  Paulo:  “Quem nos livrará deste corpo de morte”  A essa desordem de nosso coração não é de hoje.  A Escritura nos ensina que tudo começou quando nossos primeiros pais foram tentados pelo inimigo.  Adão  foge dos olhos de Deus.  Depois da queda não tem mais coragem de encarar o Senhor. Seu interior se agita e tudo nele se atropela.  Sim, o esposo de Eva, depois de comer do fruto que não podia ser colhido, tendo feito isto por sugestão da mulher,  fica desamparado e some da vista do Senhor.

“Adão, aquele que plasmei do barro da terra, Adão  que recebeste de minhas narinas o sopro da vida, Adão tu que circulavas pelo Paraíso e me encontravas no cair da tarde. De repente, desapareceste.  Onde estás?”

Adão dá explicação sem dar explicação. “Ouvi a tua voz no jardim e fiquei com medo porque estava nu; e me escondi”.  O homem não dá a verdadeira explicação  que seria o ter desobedecido a Deus. Na verdade, a nudez de Adão que, antes do pecado, não era problema passou a ser motivo de perturbação.  Acontecera o pecado e a desordem estava instaurada. O livro do Gênesis dá a entender que a serpente, o tentador, a partir de então começou a perturbar a vida de nossos primeiros pais.  O Evangelho de  Marcos hoje proclamado vai dizer  que  Jesus nada tem a ver com Belzebu, o príncipe dos demônios.  Os seus adversários diziam que ele estava possuído por um demônio, justamente aquele que viera para estabelecer uma luta terrível contra o inimigo.  Desde o deserto, passando pelas coisas da caminhada, e chegando ao abandono da cruz… Jesus será aquele que não se dobrará ao mal, terá como alimento fazer a vontade do pai e sendo de condição divina não hesitou em tomar a condição de servo, não aceitando o ídolo do prestígio. De aniquilamento em aniquilamento, não tendo uma pedra para reclinar a cabeça, até o  jardim das oliveiras e à colina do Crâneo, Jesus vai vencendo o inimigo  para que com o dom de sua vida o pecado de Adão e o pecado de cada ser humano pudesse ser perdoado.  Para que pudéssemos olhar nos olhos do Senhor e não nos importamos com nossa nudez, nossa pobreza,  na obediência que se transforma em riqueza.

Paulo lembra que aquele que ressuscitou  Jesus dos mortos, também haverá de ressuscitar a nós. E lembra: “Mesmo se o nosso homem exterior se vai arruinando,  nossos homem interior, pelo contrário, vai se renovando a cada dia”.   A vida cristã é luta contra a tentação, contra as solicitações do mal, contra essa proposta que é sempre repetida.  “Se comerdes do fruto da árvore proibida serias como deus”.  Os homens de ontem e de hoje  sempre querem ser “deuses” .  Quando conseguem seus intentos precisam correr e buscar um esconderijo para esconder sua nudez….

“Ó homem, onde estás nesta altura de tua vida? Por que te escondes de mim?  Não te esqueças que no alto da cruz  arrancaram minhas vestes, expuseram minha nudez para que pudesse te vestir da graça. Onde tu estás?”

Frei Almir Ribeiro Guimarães

A tolerância dos defeitos do próximo


O que o homem não pode emendar em si ou nos outros deve padecê-lo com paciência, até que Deus ordene de outro modo.

Pensa que talvez seja melhor ser assim, para colocares à prova a sua paciência, sem a qual não são dignos de muita estimação os nossos merecimentos.

Deves, porém, pedir a Deus que te ajude para que possas vencer estes obstáculos ou sofrê-los com resignação.

Se alguém, censurado uma ou duas vezes, não se emendar, não discuta com ele; mas encomende tudo a Deus, que sabe tirar bem do mal para que se faça sua vontade, e ele seja honrado em todos os seus servos.

Esforce-se por sofrer com paciência quaisquer defeitos e fraquezas alheias, pois há muito em você que os outros têm que suportar.

Se não consegue ser o que deseja, como poderá transformar os outros segundo seus desejos?

Desejamos que os outros sejam perfeitos, e não somos capazes de corrigir nossos próprios defeitos.

Desagrada-nos que aos outros sejam dadas amplas liberdades, mas não suportamos que nos neguem seja o que for.

Do Livro “Imitação de Cristo”