quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sempre alegres

Certo dia, estando de passagem pela Bahia, vi numa praia um velho pescador que pescava com vara. Parei e fiquei assistindo.

Durante mais de meia hora o pescador ficou controlando um peixe que já estava fisgado; o peixe era grande e estava se debatendo. Se o pescador quisesse puxar a linha imediatamente, não conseguiria pescá-lo; o peixe iria escapar do anzol ou a sua boca iria se rasgar.

O pescador foi controlando, soltando a linha e deixando o peixe se debater; depois puxava de novo a linha... Isso durou mais de meia hora. No momento certo ele trouxe o peixe para fora da água: era um peixe enorme. Vi toda a arte daquele pescador... seu sorriso quando puxou o peixe. Pude ver a sua realização... Para mim foi uma lição maravilhosa.

Deus procede assim conosco. Somos indóceis e rebeldes como o peixe, achando que somos donos do mundo. Só que estamos sob o controle de Deus.
Deus nos ama e não irá deixar de nos amar, mesmo se rejeitamos o seu amor, pois já estamos fisgados. Ele sabe que cedo ou tarde iremos ao seu encontro.

Quanto mais o peixe se debate mais sofre e se machuca. Nós somos assim, também. Acabamos nos ferindo pela nossa própria rebeldia.

Temos que nos lançar nos braços de Deus. Precisamos dar graças, mesmo não entendendo, porque Deus é mais artista do que aquele pescador.

Eu estava ao lado do pescador, contemplando tudo. Não entendia da arte de dominar um peixe daquele tamanho, pego numa linha por um anzol. Eu não podia dar nenhum palpite, mas estava ao lado, torcendo por aquele pescador. É assim que ficamos ao lado de Deus.

Diante das situações mais intrincadas, por nossas forças, não conseguimos nada, mas se estamos ao lado de Deus, tudo é possível.

A primeira coisa que acontece, quando estamos afastados de Deus é perder a alegria. Aí não se realiza o ''estai sempre alegres''. E a tristeza nos pega. Mas no momento em que fazemos as pazes com Deus, a alegria nos invade o coração.

A palavra de Deus nos afirma que ''a alegria é um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida''. Esta é uma verdade.

A consequência das decepções e tristezas é a morte. A palavra de Deus nos ordena: ''Afasta a tristeza para longe de ti, pois a tristeza matou a muitos'' (cf. Eclo 30, 22-27).


Trecho do livro “Combatentes na Alegria”,  Monsenhor Jonas Abib

Maria, a senhora das senhoras

Comemoramos hoje a Senhora de Guadalupe, Maria que apareceu ao humilde e bom índio Dieguito. Nós, fiéis discípulos de Jesus, aprendemos a olhar com carinho e toda ternura a Mãe desse que é nossa esperança e nossa vida.

A comemoração de hoje é encantadora. A Mãe de Jesus, senhora da glória, aparece a um camponês sincero e simples. Trata-o com ternura e pede que ali, naquele lugar, seja erguida uma igreja. Dieguito convence o bispo e num lugar e num tempo sem rosas, ele consegue  colocar  diante do pastor da diocese muitas destas flores e no manto que as envolvia estavam gravados os traços da Senhora de Guadalupe. Escrevendo sobre o tema o Papa Bento XIV, em 1754, relatava: “Nela tudo é milagroso: uma imagem que provém das flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros; uma imagem estampada numa tela tão rala que, através dela, pode enxergar o povo e a nave da igreja tão facilmente como através de um filó; uma imagem nada deteriorada nem no seu supremo encanto, nem no brilho de suas cores, pelas emanações do lago vizinho que, todavia, corroem a prata, o ouro e o bronze… Deus não agiu assim  com nenhuma outra nação”.

Hoje, Maria está na glória, em corpo e alma. É a Senhora assunta. Em corpo e alma está toda transfigurada junto do Filho. Desde começou a existir essa mulher de Nazaré  não conheceu a desordem, a desarmonia, o pecado. Tudo nela era abertura a Deus. O seu grande refrão: “Faça-se em mim segundo a tua Palavra”.

Lá está ela, Maria do presépio, olhando os pastores simples e pobres que dizem terem sido notificados do nascimento do Menino. Ela escuta e fica admirada. Não sabe o que dizer. Mas guarda tudo no fundo do coração. Acompanha o crescimento do Menino em idade, graça e sabedoria diante dos homens e diante de Deus.  Vive a vida de Nazaré, das coisas cotidianas, das coisas sem muito aparato.  Tem ela o jeito de rezar que tinha Abraão. Certamente, deixou-se impregnar pela espiritualidade dos pobres de Javé pela recitação e ruminação dos salmos. Acompanha de longe os passos do filho e se faz presente na hora das horas cravando suas unhas na cruz, no leito de morte do Menino das Palhas. Depois que tudo havia terminado no alto daquela colina, da colina do Gólgota, ela recebe em seus braços o filho morto, esperando que Deus a arrancasse da morte.  Naquele momento, ela é a Senhora da Pietà.

Maria de Nazaré, Maria das Bodas de Caná, Maria  dos pequenos, Maria de Bernadette Soubirous, Maria de Dieguito,   Maria de Lourdes,  Maria do Advento, Maria da Visitação, Maria do Natal,  Maria Aparecida… Nossa Senhora de Guadalupe.

Frei Almir Ribeiro Guimarães