sábado, 28 de janeiro de 2012

O único Jesus que eu conheci!


«Pregue o Evangelho sempre, se(quando) necessário, use palavras»
(Francisco de Assis)

Há alguns anos um prisioneiro branco morreu de ataque cardíaco em Montgomery, no Alabama. Na prisão tivera uma profunda experiência de conversão e construído um relacionamento autêntico com Jesus. O presidiário da cela ao lado, um negro enorme, era cínico. Todas as noites o prisioneiro branco falava por entre as barras da prisão e falava ao seu companheiro sobre o amor de Jesus. O negro troçava dele; dizia que ele estava doente da cabeça, que a religião era o último refúgio dos insanos. Apesar disso, o prisioneiro branco passava-lhe passagens das Escrituras e repartia com ele os doces que recebia de algum parente. Durante o funeral do homem branco, quando o padre falou a respeito da vitória de Jesus na Páscoa, o robusto prisioneiro negro ergueu-se a meio do sermão, apontou para o caixão e disse: "Esse é o único Jesus que eu conheci".

Do Livro "A assinatura de Jesus", Brennan Manning

Irmãos, sejamos como aquele prisioneiro, sejamos como Madre Teresa de Calcutá, sejamos Jesus na vida daqueles que não O conhecem, na vida daqueles que não sabem da Sua existência no meio de nós, nos conduzindo, nos guiando... A esses, levemos a Palavra de Deus, repartamos o pouco que temos, o pouco que sabemos, falemos sobre o amor de Deus por nós. Então, seremos o Jesus para aqueles que não sabem que Ele venceu na Páscoa ;)

(CIC) A Tradição apostólica

"Cristo Senhor, em quem se consuma a revelação do Sumo Deus, ordenou aos Apóstolos que o Evangelho, prometido antes pelos profetas, completado por ele e por sua própria boca promulgado, fosse por eles pregado a todos os homens como fonte de toda a verdade salvífica e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes os dons divinos."

A transmissão do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras:
- oralmente - "pelos apóstolos, que na pregação oral, por exemplos e instituições, transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo";
- por escrito - "como também por aqueles apóstolos e varões apostólicos que, sob inspiração do mesmo Espírito Santo, puseram por escrito a mensagem da salvação"

"Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles 'transmitindo seu próprio encargo de Magistério." Com efeito, "a pregação apostólica, que é expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se por uma sucessão contínua até a consumação dos tempos".

Esta transmissão viva, realizada no Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela. Por meio da Tradição, "a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê". "O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presença vivificante desta Tradição, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja crente e orante."

Assim, a comunicação que o Pai fez de si mesmo por seu Verbo no Espírito Santo permanece presente e atuante na Igreja: "O Deus que outrora falou mantém um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através dela no mundo, leva os crentes à verdade toda e faz habitar neles abundantemente a palavra de Cristo"

Catecismo da Igreja Católica, §§ 75-79

Estampa de Jesus Misericordioso

Nos idos dos anos 80 – século passado! – participei, em um período de um ano e meio, de dois roubos. Não foram roubos comuns, como esses que a gente vê por aí, mas roubos especiais, conforme conto a seguir.

     Em 1979, quando a imagem de Jesus Misericordioso revelada à Irmã Faustina era, ainda praticamente desconhecida no Brasil, ganhei de um amigo com quem servia os pobres, no Pirambu, um santinho de papel, vindo de fora, com o belo rosto da imagem, sob a qual se lia, em inglês: ‘Olhe para mim’. Fiquei muito impressionada com a beleza daquele olhar e coloquei o santinho na minha carteira para que pudesse, de fato, olhá-lo com mais freqüência. Era, para mim, um tesouro.

     No ano seguinte, minha filha recém nascida, eu estava em processo de afastamento do serviço aos pobres, mas estava na missa na Paróquia do Cristo Redentor, no Pirambu, na metade da longa fila da comunhão, na qual cada um retira uma hóstia e a imerge no sangue sagrado, quando alguém bateu no meu ombro, muito afogueado e disse: ‘Estão roubando o teu carro!’ Fiquei entre ir comungar e interferir no roubo do carro. Percebi, por graça de Deus, que receber Jesus uma só vez que fosse era mais importante do que a Parati marrom do ano, que havia estacionado em frente à Igreja, com a carteira e todos os documentos dentro. Calmamente, disse que veria isso depois e fui comungar. Optei pelo mais importante (como queria ter cultivado mais essa fé!).

     Ao sair da missa, formou-se ao meu redor um bolo de curiosos, pois, pelo jeito, havia-se espalhado a notícia. Quando cheguei no local, o carro estava lá. Estavam lá, também, a bolsa, a carteira, os documentos e o pouco dinheiro que tinha. Só me tinham levado... a pequena estampa de Jesus Misericordioso! Algumas testemunhas disseram que haviam sido uns ‘meninos drogados’ que haviam arrombado o carro. Pensei nos adolescentes aditos de drogas com quem havíamos trabalhado, no adolescente adito acompanhado pelo nosso grupo morto a paulada pelos traficantes, nas crianças da escola que meu marido, eu e alguns casais havíamos construído, passaram pela minha mente dezenas de rostos. Poderia ter sido qualquer um, mas o mais provável era que não fosse nenhum deles. Eles não fazem isso com pessoas que se colocam ao seu lado.

    As pessoas ao redor davam mil sugestões: chamar a polícia, identificar os meninos, ir procurar nos arredores. Eu, entretanto, nem ouvia. Só me vinha a pergunta: ‘Por que será que só tiraram o santinho de Jesus Misericordioso?’ E, enquanto dava partida no carro, rezei pedindo à misericórdia de Deus que fosse ao alcance daqueles adolescentes que o haviam escolhido acima de tudo o que haviam encontrado em minha bolsa e no carro, exatamente porque precisavam dele acima de todas aquelas coisas. No fundo, eles haviam feito a mesma opção que eu, ao decidir comungar tranqüilamente e só sair depois da bênção final: haviam escolhido o mais importante. Pedi ao Senhor que os socorresse e que, como um sinal de que eles seriam alcançados pela misericórdia de Deus, me fizesse chegar às mãos uma outra estampa daquela, o que era dificílimo na época.

    Em 1981, em Roma, durante o Congresso Mundial da RCC, a Irmã Briege McKenna rezou por mim e profetizou uma pequena lista do que Deus queria de mim. O item final, veio em forma de pergunta: ‘E os meus pobres? Por que você abandonou os meus pobres?’ Foi uma facada! Teria ficado por aí se, no dia seguinte, um missionário na Índia não tivesse me abordado enquanto eu escrevia alguma coisa no saguão do hotel: ‘Desculpe, mas Jesus insistiu que eu lhe interrompesse para entregar-lhe algo’, disse, enquanto manuseava um envelope grande nas mãos. ‘Trabalho em um hospital em Bombaim, na Índia e sempre mostro isso às pessoas que estão sofrendo ou morrendo e elas entram em grande paz. Tenho visto, também, muitas pessoas mudarem de vida. Trago isso sempre comigo e, sinceramente, não entendo porque Jesus manda que eu lhe dê.’ Abriu o grande envelope e tirou de dentro o mesmo rosto, da mesma imagem, com os mesmos dizeres da pequena estampa ‘roubada’. Só que, desta vez, impressa em papel mais grosso, brilhoso, muito, muito bonita.

    Emocionada, contei-lhe minha história e tentei, em vão, fazer com que ele ficasse com a estampa. Ele recusou, impressionado com o sinal que aquela estampa era para mim. Naturalmente, não caberia mais em minha carteira. Teria que colocá-la sobre a mesa e trazê-la no coração, junto com a esperança de que o Senhor, um dia, me fará voltar a servir os pobres, com a certeza de que os meninos (hoje homens!) encontraram a misericórdia de Deus e a confiança absoluta de que essa misericórdia não se rouba, porque ela se entrega, inteira e livremente, pelos meios mais insondáveis, a quem dela precisa!

Maria Emmir Nogueira.
Publicado na Revista Shalom Maná, 2004