Os nossos
critérios de ação devem ultrapassar a realidade unicamente humana. Na origem
das atitudes há os dados da ética e da moral, mas também as questões divinas
que estão relacionadas com as questões da fé.
Ser generoso
não é simplesmente ser justo, mas atender as necessidades de quem está em jogo.
Não é fato apenas de merecimento e de justiça, mas de solidariedade e de
partilha de forma fraterna, para que todos tenham vida digna.
O mundo é como
um terreno onde se planta de tudo. É daí que tiramos os alimentos. Mas todos
devem trabalhar uns mais e outros menos, dependendo das condições de cada
pessoa. Os frutos são para sustento da coletividade e de forma solidária.
Para o
trabalho, há pessoas que chegam cedo, outras trabalham menos, mas ambos têm
necessidade de vida e de alimento. Na partilha, ninguém pode ser injustiçado,
mesmo que alguém receba além do que é justo por não ter trabalhado o tempo
todo.
Jesus conta a parábola do patrão que combinou o salário do dia com um trabalhador. Outros foram chegando ao transcorrer do dia, havendo até quem chegasse ao final da tarde. A ambos o patrão pagou o mesmo valor. Ele agiu com justiça e com generosidade.
No mundo
capitalista as atitudes são diferentes, mesmo sabendo da existência de quem
partilha com os trabalhadores os lucros da empresa. No mundo de Deus, a ternura
e a generosidade ultrapassam as nossas, a lógica é diferente do que fazemos.
A prática da vida cristã deve ser a do amor, com capacidade de doação maior do que aquilo que merecemos. É a misericórdia, a paciência, a compaixão, a bondade e a justiça, tendo como objetivo viver bem, tendo uma vida que faça sentido.
Para Deus, a
partilha não é matemática e nem mesquinha, porque Ele olha a necessidade da
pessoa. A sua bondade ultrapassa os critérios humanos e seus dons são sem
medida. O que importa não é o que fazemos, mas a forma como fazemos as coisas.
Dom Paulo
Mendes Peixoto, Bispo de São José do Rio Preto – SP