sábado, 27 de outubro de 2012

#FicaAdica 45



Equilíbrio é a habilidade de olhar para a vida a partir de uma perspectiva clara: fazer a coisa certa no momento certo. Uma pessoa equilibrada será capaz de apreciar a beleza e o significado de cada situação seja ela adversa ou favorável. Equilíbrio é a habilidade de aprender com a situação e de prosseguir com sentimentos positivos. É estar sempre alerta, ser totalmente focado, e ter uma visão ampla.

Equilíbrio vem do entendimento, da humildade e da tolerância. O mais elevado estado de equilíbrio é voar livre de tudo e, ainda assim, manter-se firmemente enraizado na realidade do mundo. Quem está enraizado é capaz de ter firmeza e, ao mesmo tempo, receber a luz do sol e estar em sintonia com o céu, com o futuro, com a vida…

Frei Paulo Sérgio, ofm

Leitura Bíblica: Lucas 13, 1-9


Cortar uma árvore é uma atitude radical. O dono da vinha parece violento. Parece que se cansou da esperança. Como conciliar esta parábola com a noção de um Deus misericordioso ao infinito?

Joachim Jeremias, exegeta alemão, nos ajuda a compreendê-la em seu contexto original. Começa por lembrar que a figueira faz sombra sobre a parreira, impedindo que as uvas amadureçam. Logo, o dono da vinha devia gostar muito de figos, do contrário não teria plantado a figueira.

Além disso, já esperava por frutos há muito tempo. Segundo a lei do Levítico (19,23ss), os frutos produzidos pela árvore nova nas três primeiras colheitas eram considerados “incircuncisos” ou impróprios para a alimentação. No quarto ano, os frutos colhidos eram oferecidos a Deus como primícias do pomar, em um gesto cultual: “Deus primeiro!” Só a partir do quinto ano é que o produto das frutíferas podia ser colhido como alimento humano.

Ora, já havia três anos que o dono da terra procurava por figos e não os achava. Façamos a soma: 3 + 1 + 3 = 7!!! São sete anos de esterilidade! Sete anos de decepção. E no mundo bíblico o número 7 significa a plenitude, a totalidade, isto é, todo o tempo...

Agora, fica mais fácil entender a mensagem desta parábola: TODO O TEMPO, Deus espera por nós e pelos frutos do Espírito em nossa vida. Mas esse tempo há de acabar, é limitado, tem um fim. Chegado o fim, não haverá outro recurso a não ser cortar a figueira...

Assim sendo, não podemos acusar a Deus – representado na figura do dono da vinha – de impaciente ou sem misericórdia. Ao contrário, nada mais justo que esperar pelos frutos de seu “investimento” em nossa vida. Em Isaías 5, o profeta nos dá o “canto de amor” a respeito da vinha (Israel), que se recusara a dar frutos: depois de cavar a terra, limpá-la das pedras e plantar cepas escolhidas, o “dono” ainda a cercou, ergueu uma torre e construiu um lagar, pois esperava fabricar o seu vinho. No tempo da colheita, a uva não prestava, só dava vinagre. Que fazer?

Sua cerca será arrancada e os javalis a pisarão. Ali crescerão apenas cardos e espinhos. Nem mesmo a chuva há de regá-la... A vinha predileta não correspondera ao amor...

E nós? Estamos correspondendo ao Amor que foi investido em nós?

Antônio Carlos Santini, Comunidade Católica Nova Aliança.