segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ele não teve a coragem de dar um passo adiante

Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico” (Mt 19,22)

Na missa de hoje se lê o episódio do jovem que não teve a coragem de aceitar um convite todo especial de Jesus para o seu seguimento  porque era muito rico. Mateus fala que se tratava de um jovem

Estamos diante do tema da vocação, de um chamamento por parte de Jesus para um tipo de seguimento mais radical, mais exigente. 

 Há pessoas boas.  Há homens e mulheres que nasceram em famílias com tradição católica. Muitos foram batizados quando crianças,  fizeram sua comunhão,  são mais ou menos fiéis à missa de domingo. São católicos até com certa prática. Há pessoas que, num determinado momentos de suas vidas, gostariam de dar uma dimensão de maior densidade aos seus dias e à sua vida. Nesses momentos  e  para esses corações  o Ressuscitado pode se insinuar. 

 Alguém poderia dizer mais ou menos o seguinte a Jesus hoje:  “Mestre, tu me encantas com tua fala, a limpidez das coisas que expões, o exemplo de tua vida.  Tu falas de vida, de vida em plenitude, de vida eterna.  Arde dentro de mim um desejo de plenitude. Não gostaria de levar uma cristã de mesmice, de ritualismo, de coisas que se repetem, uma vida sem alma.  Que devo fazer para obter essa vida que  qualificas de eterna?”. 

Jesus responderia: “Ora, será necessário seguir os ditames de tua consciência e observar os mandamentos.  O agir reto leva à vida. Amarás o Senhor com todo o teu coração,  haverás de respeitar os bens e a vida dos outros, serás limpo de corpo e de coração, respeitarás o bom nome dos outros”. 

 O homem retorquiu: “Desde a minha juventude, desde que me conheço por gente não faço outra coisa. O que me falta?” 

E  Jesus:  “Que bom…Vou te mostrar um caminho… Tu haverás de te colocar inteiramente à disposição do Pai… Tu deverás aprender com Abraão, ou seja, partir para uma terra distante, sem mapa na mão,  na direção que o Pai te mandar… sem seguranças, sem dinheiro, sem bens… confiando unicamente no Pai. Tu vais te desvencilhar de teus bens… e vendendo-os dar o dinheiro aos pobres. O mais importante, no entanto, não é o dar aos pobres, mas é tornar teu interior livre de apegos e todo escuta da minha vontade que vim fazer a vontade do Pai. E eu sou um pobre na plenitude dos termos: nada tenho, sou do Pai, vivo a aventura da entrega ao Pai para o que der e vier.  Só te resta isto: ser pobre e vir no meu seguimento”. 

O homem não teve coragem… E assim continuou a levar uma vida apenas certinha, monotonamente certinha, rotineira… Sem a coragem de jogar todas  as cartas em Deus e no Evangelho. 


Frei Almir Ribeiro Guimarães