As
expressões "estou triste" ou "estou deprimido" parecem tão
comuns em nossos dias, mas pouco paramos para pensar no que nos leva a esses “estados de tristeza”.
Mais ainda: algumas pessoas pensam tanto nela, que alimentam, eternamente, um
sentimento que, usualmente, representaria e expressaria apenas uma fase
passageira de sua vida.
Situações difíceis e estressantes exigem de nós uma capacidade de
adaptação que nos permite voltar a alcançar um estado emocional normal. Pensar
naquilo que é positivo é uma forma de superar os momentos de tristeza sem
negá-los, mas, também, sem valorizar fortemente tal situação. Buscar atividades
sociais, esportivas e de lazer também são formas externas de lidar com este
sentimento
.
Estar triste e sentir tristeza são condições psicológicas que fazem parte da
vida humana, e não há por que temer vivenciar tal estado. Sentir dor pela
perda, viver o luto, terminar um namoro, ter frustrações nas amizades e
experimentar que a vida não é feita só de alegrias é o conjunto dinâmico e
equilibrado da vida. Porém, muitas vezes, desenvolvemos respostas emocionais
negativas e, a partir delas, tudo se torna uma tristeza constante; ou
mesmo criamos nossos filhos deixando-os “protegidos” de qualquer ameaça.
Depressão
é muito mais do que uma tristeza, mas esta, se for cultivada e excessivamente
valorizada, pode se tornar uma doença. Ficar triste faz parte da vida, não
precisa de tratamento e nos permite experimentar o lado bom e o ruim da vida.
Muitas pessoas evitam, a todo custo, o sofrimento ou mesmo evitam que as
pessoas ao seu redor sofram. Com isto, apenas alimentam uma vida de conto de
fadas. O tempo da tristeza é relativo e está bastante relacionado ao tipo de
situação que vivemos.
Por outro lado, pense no seguinte: nosso tempo nos coloca um ritmo para que
vivamos os processos da vida sem dor,
sem sofrimento e com muita rapidez. Não admitir a amargura é um mecanismo de
defesa, algo que nos protege, que faz com que evitemos as situações.
O que a tristeza tem para nos ensinar? Nem toda melancolia é depressão, nem
tudo é curado com remédios. Encarar as situações negativas com serenidade,
observando os fatos e as consequências é muito importante. Quando admitimos que
somos parte de um problema, podemos rever nossas atitudes e crescer. Ao fazer o
papel de vítima – que pode ser mais confortável e bastante cômodo – não
assumimos nossas culpas e “terceirizamos” nossos os problemas. Sempre haverá um
culpado, uma situação difícil ou coisa assim. Mas vale lembrar também o quanto
algumas pessoas têm uma visão extremamente negativa de si, sem perceber nada de
positivo no que fazem, olhando o mundo por um olhar altamente crítico,
negativo; apenas valorizando as desolações.
A satisfação é feita de frustrações
,
de perdas e dores. Evitar o sofrimento é como “negar” uma parte importante da
vida e experimentar apenas o imediato, a necessidade urgente de estar melhor,
as alegrias de um mundo que cultiva o imediatismo e o prazer de uma vida fácil. Nesta reflexão, faço a você um
novo convite: que possamos dar um significado às tristezas da vida sem fugir
delas, mas saindo fortalecidos desta batalha, superando as dificuldades do
momento, valorizando as experiências e retomando o ciclo normal de nossas
vidas. Não há solução fácil, mágica ou imediata, mas é algo possível a partir
da nossa iniciativa e nosso empenho, com uma forma diferente de encarar a vida.
Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e
Organizacional,
colaboradora da Comunidade Canção Nova.