quinta-feira, 30 de maio de 2013

O Corpo doado e o Sangue vertido



A Palavra do Deus vivo,
transformou o vinho e o pão
no seu sangue  e no seu corpo
para nossa salvação
(Hino das I Vésperas de Corpus Christi)

Uma mesa com uma toalha, uma toalha branca. Branca como a transparente pessoa do Mestre e a limpidez dos corações retos.  Uma cruz que evoca a cruz do Gólgota.  Sobre uma mesa, ao lado, uma cesta de pães e um vaso com o vinho rubro.  Nesse quadro fazemos a memória do Senhor. Anunciamos sua paixão, proclamamos a sua morte e ressurreição, esperando a sua vinda.  Eucaristia, ação de graças, mesa da comunhão, comunhão de irmãos, oferenda do Corpo doado e do sangue vertido.

Era a noitinha, a noitinha da véspera da  Paixão. O Mestre, com roupas bonitas, aguardava os seus íntimos. Depois de lhes lavar os pés tomou o pão e o vinho, seu corpo e seu sangue dados na véspera.  No dia seguinte, na hora das horas, na aridez do sofrimento, fora dos muros da cidade, ele haveria de ver seu corpo triturado pelo sofrimento. Corpo, pão, trigo.  Já, na véspera, ele havia  tomado o pão, segurando firmemente em suas mãos e distribuído como um pai de família para os seus.  Ali, no alto da cruz, o pão era cozido na fidelidade do Filho e no forno do sofrimento. “Isto é o meu corpo é dado por vós”.   Misturam-se o vinho rubro do vaso ou no cálice e o sangue  do esposo que dá a vida pela esposa no alto da cruz, no tálamo nupcial. “Este é o cálice do meu sangue derramado por vós e por todos para o perdão dos pecados”. E ele pedia ou ordenava que aquilo fosse feito para celebrar a sua memória.

Uma mesa com uma toalha, uma toalha branca…  Na capela das irmãs, de manhãzinha,  na catedral, na igreja do bairro bem pobre… a  mesa da toalha branca… O Senhor se fez pão e vinho, seu corpo, seu sangue gloriosos. E chegam os comensais… Eles chegam com as vestes da contrição e do serviço, como o Mestre. Assentam-se, fazem silêncio em seu interior. Os que  chegam do mundo, de suas casas, dos trabalhos, chegam alegres ou preocupados, mas acorrem pressurosos. Querem ouvir a Palavra do Amado,  querem escutá-la com os seus ouvidos e ajudados pelo Espírito que desobstrui sua audição interior. Elevam com  o celebrante a pátena e, na hora da consagração,  o corpo de Cristo que se entrega, é seu corpo também…. Há uma só oblação. Todos os que se acercam da mesa da toalha branca entram em comunhão.  Eles passam a ser um só corpo e uma só carne.

Quando deixam o templo, rezamos com São Francisco: “Nós vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as vossas igrejas que estão pelo mundo inteiro porque pela vossa santa cruz remistes o mundo”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

quarta-feira, 29 de maio de 2013

YOUCAT, um best seller católico



50 países, 28 traduções e mais de 
4 milhões de exemplares

Durante esses dois anos o YOUCAT se tornou um grande best seller na literatura católica. Foi publicado em 28 línguas, incluindo: alemão, inglês, francês, indonésio, italiano, croata, lituânia, holandês, polonês, português, eslovaco, esloveno, espanhol, tcheco, japonês, chinês, búlgaro, russo, árabe, coreano, catalão, sorábia, romeno, húngaro, dinamarquês, norueguês, sueco e ucraniano, e está presente em mais de 50 países.

Segundo nosso diretor executivo do YOUCAT Center, em Augsburg, Bernhard Meuser, "os últimos números mostram que YOUCAT já vendeu um pouco mais de 2 milhões de cópias em todo o mundo. Tem sido um grande sucesso em quase todos os países onde foi publicado", conclui ele. Mas ao longo desse tempo totalizam-se mais de 4 milhões de exemplares do YOUCAT, porque temos números de que 2,3 milhões de exemplares também foram distribuídos gratuitamente por meio da Fundação - AIS: 700 mil exemplares distribuídos na JMJ Madri (2011); 50 mil exemplares em árabe, na visita do Papa Emérito Bento XVI ao Líbano em setembro de 2012; 50 mil exemplares em espanhol para dioceses da América Latina. E a mais expressiva das distribuições: 1,5 milhão exemplares em português desde 2012 para a juventude brasileira em preparação para a JMJ Rio 2013.

Nosso editor do YOUCAT em língua portuguesa, irmão Darlei Zanon, nos recorda que "a coisa mais importante a saber sobre o YOUCAT é que ele não é um livro. Ou não é apenas um livro. É um projeto muito maior que tem como objetivo principal ajudar os jovens a responderem ao desafio lançado pelo Papa emérito Bento XVI: saberem o que creem e conhecerem a fé que professam".

É neste sentido que compreendemos que a cada grupo de estudo que surge, cada iniciativa e projeto que se forma, mais do que números, essas experiências significam que a maior contribuição que o YOUCAT tem realizado em torno da "Nova Evangelização" é o despertar para tornar o Nome e o Rosto de Jesus de Nazaré mais amado e conhecido nos ambientes jovens. O YOUCAT é um garimpo que esconde esse imenso tesouro. Vale a pena lançar-se nessa aventura de descobertas da riqueza da nossa fé. Desde que fomos presenteados, a cada contato que os jovens têm com esse Catecismo se cumpre o que o Papa Emérito Bento XVI nos disse no prefácio, de "que este livro é cativante, porque fala do nosso próprio destino, pelo que está profundamente próximo de cada um de nós". E, porque nos cativou nos sentimos "eternamente responsáveis" para que ele também seja conhecido e instrumentalizado por outros.

Fonte: Catecismo Jovem

terça-feira, 28 de maio de 2013

#FicaAdica 86




A vida nos propõe uma linda dinâmica a cada dia, a qual envolvem dois verbos: deixar e fazer. Aprendemos que o verbo indica ação, movimento. Jesus é o Verbo Encarnado que veio habitar entre nós. A cada dia, Ele nos convida e nos ensina a vivermos dentro do dinamismo do Espírito, o qual faz novas todas as coisas e nos impele a viver de uma maneira nova.

Você deve estar se perguntando: “Porque deixar e fazer?”. Explico: Deixar o mal e fazer o bem. “O que agrada o Senhor é afastar-se do mal, e o que o aplaca é deixar a injustiça”(Eclo 35,5).

Não basta apenas deixar o mal, é preciso fazer o bem: “Aparta-te do mal e faze o bem” (Sl 36,27a). Portanto, devemos nos perguntar hoje: “O que eu preciso deixar e o que eu preciso fazer para entrar no Reino dos Céus?”

Concretamente, eu me deparei com a realidade de que preciso deixar a incredulidade que me impede de confiar mais em Deus. Em relação ao fazer, vi que preciso orar mais, pedindo luzes e direção ao Senhor para todas as situações da minha vida, das mais simples às mais complexas. Esta está sendo a minha experiência hoje. E a sua?

Peçamos ao Espírito Santo que nos dê a clareza do que precisamos deixar e do que precisamos fazer. Com certeza, Deus nos mostrará. “Senhor, dá-nos a graça de vivermos dentro da dinâmica do Espírito Santo. Obrigada!”

Luzia Santiago, Comunidade Canção Nova

domingo, 26 de maio de 2013

É na família que tudo começa (ou termina?)



Um adolescente de 17 anos entra na casa do vizinho e mata um menino de seis anos. Dois dias depois, é preso juntamente com a namorada, de 19 anos, grávida de três meses, quando tentava fugir para outro Estado. Na entrevista que, em seguida, deu à imprensa, revelou que, quando chegou à casa da vítima, foi recebido com alegria pela criança: «Ela me ofereceu pão e maçã, dizendo que, se eu quisesse mais, podia entrar e pegar».

Uma mãe de 42 anos e seu filho de 20 contratam os serviços de um “matador de aluguel” para assassinar o marido e padrasto de 63 anos e ficar com os seus bens. Armando uma emboscada ao idoso, o chamam para conversar em local insuspeito e, quando aparece, é friamente assassinado pelo criminoso, que mal completou 17 anos.

Um adolescente de 15 anos mantém a “esposa” de 25 sob a ameaça de um facão durante varias horas. Chamada ao local, a polícia detém a ambos: o rapaz por violência e a moça por desacato à autoridade.

Os três fatos aconteceram em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, mas poderiam ter ocorrido em qualquer outra cidade. O que impressiona – se é que ainda impressiona – é que, em todos eles, os protagonistas são adolescentes e os delitos se sucederam no espaço de três dias, de 4 a 6 de abril de 2013.

Mas, o que esperar de uma sociedade que, depois de escancarar as portas ao materialismo, ao permissivismo e ao relativismo, finge se escandalizar com suas consequências e abarrota as prisões com jovens, cujo pecado foi seguir seus ensinamentos? Se se quer extirpar ou diminuir a violência que grassa entre eles, mais do que diminuir-lhes a maioridade penal, do que se precisa é investir na formação de sua consciência ética através da família. Foi o que lembrou a CNBB, em “nota” publicada, no dia 16 de maio: «O debate sobre a redução da maioridade penal, colocado em evidência mais uma vez pela comoção provocada por crimes bárbaros cometidos por adolescentes, conclama-nos a uma profunda reflexão sobre nossa responsabilidade no combate à violência, na promoção da cultura da vida e da paz e no cuidado e proteção das novas gerações de nosso país. A delinquência juvenil é, antes de tudo, um aviso de que o Estado, a Sociedade e a Família não têm cumprido adequadamente com seu dever. Criminalizar o adolescente com penalidades no âmbito carcerário seria maquiar a verdadeira causa do problema, desviando a atenção com respostas simplórias, inconsequentes e desastrosas para a sociedade».
É na família que se inicia a renovação, ou a perdição, da sociedade. Nesse sentido, só deveria casar – e, mais ainda, gerar filhos – quem está preparado e maduro para assumir os compromissos que o ato comporta. É o que tenta transmitir uma estória que, há poucos dias, recebi via internet. Em sua simplicidade, ela tem muito a ensinar.

Certo dia, a professora pediu aos alunos que fizessem uma redação, expressando um pedido que gostariam fazer a Deus. Em casa, ao corrigir os trabalhos escolares, ela se deparou com um escrito que a deixou abalada. Entrando na sala e vendo-a soluçar, o marido perguntou: «O que aconteceu?». Como resposta, ela lhe repassou a oração que uma aluna redigira: «Senhor, transforma-me numa televisão! Quero ocupar o espaço dela. Ter um lugar especial para mim e reunir a família ao redor. Ser levada a sério quando falo. Quero ter a mesma atenção que ela recebe quando não funciona. Ter a companhia do meu pai quando chega em casa, apesar de cansado. Que minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de me ignorar. Que meus irmãos “briguem” para poderem estar comigo. Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado para passar alguns momentos comigo». Ao ouvir a leitura, o marido exclamou: «Pobre dessa menina! Que família ela tem!». A professora baixou os olhos e sussurrou: «É nossa filha!».

A estória confirma o que escreveram, em 2007, os bispos latino-americanos em sua reunião de Aparecida: «Os meios de comunicação invadem todos os espaços, inclusive a intimidade do lar. A sabedoria das tradições se vê obrigada a competir com a informação do último minuto, a distração e as imagens de “vencedores” que sabem usar a seu favor as ferramentas tecnológicas, levando as pessoas buscarem afoitamente um sentido para a vida onde nunca poderão encontrá-lo».

Dom Redovino Rizzardo, Bispo de Dourados (MS)


Solenidade da Santíssima Trindade



Sirva de texto de meditação  para esta solenidade  a reflexão a de Nicolau Cabasilas, Padre do Oriente.
“Embora a Trindade santa tenha dado a salvação  ao gênero humano mediante um só e único amor  pelos homens, a fé nos diz que cada uma das pessoas divinas tem contribuição particular.  O Pai reconcilia-se conosco, o Filho opera a reconciliação e o Espírito Santo é  dom concedido aos que se tornaram amigos de Deus.  O Pai nos libertou, o Filho foi o preço de nosso resgate; o Espírito Santo é a liberdade. De fato lá onde o Espírito se  faz presente há liberdade (2Cor 3, 17), diz  Paulo.  O Pai nos criou, o Filho nos recriou e o Espírito nos faz viver (cf. Jo 6,63).
Na criação inicial a Trindade estava presente em figura:  o Pai plasmava, o Filho era a mão do plasmador, o  Espírito, o sopro que inspirava a vida.  Por que digo isto?  Somente na nova criação foram reveladas as distinções de Deus.  Em todo o tempo  Deus derramou seus dons sobre  sua criação, mas não se encontra nenhuma revelação que se refira só ao Pai, só ao Filho ou só ao Espírito Santo, mas todos são comuns à Trindade pois com um só poder, uma só providência e uma só ação criadora ela realiza todas as coisas.
No desígnio da salvação  com o qual restaurou  o gênero humano, renovando-o foi a Trindade inteira que quis minha salvação  e que providencia sua realização, mas não  a Trindade inteira que a efetivou.  Seu artífice não é nem o Pai, nem o Espírito, mas somente o Filho. Foi ele que assumiu a carne e o sangue,  ele foi  flagelado, sofreu e morreu e também ressuscitou. Por estes mistérios a natureza humana retomou vida e foi instituído o batismo, novo nascimento e nova criação.  Por isso, no batismo é necessário invocar  Deus  distinguindo  as pessoas – o Pai, o Filho, o Espírito Santo – que somente a nova criação nos revelou.