quarta-feira, 11 de abril de 2012

Quando os olhos se abrem para a fé

Lá iam eles, os dois. Um chamava-se Cléofas.  Do outro não se sabe o nome. Talvez seja eu ou você.

Era o primeiro dia da semana.  Os dois caminhavam desalentados, desanimados, meio como que fugindo de um lugar geográfico que os fazia sofrer.  Deram as costas para Jerusalém e para tudo o que ali havia acontecido, de modo especial, a morte hedionda desse Jesus no qual eles haviam colocado sua esperança.

Primeiro momento: tristeza e desolação.

Um homem curioso, um peregrino não esperado, começa a falar das coisas da fé, das coisas das Escrituras, de tudo aquilo que deveria existir vivo no coração dos crentes. Teoricamente  Cléofas e seu companheiro conheciam as Escrituras. Mas, quem sabe, foram se acostumando com elas e já não tinham mais a capacidade de admirar o que elas diziam e não ligavam as ditas Palavras com os fatos que tinham acontecido em Jerusalém. Tinham quem sabe, uma fé meio rotineira, sem densidade, sem fogo, sem força. Eram pessoas religiosas sem fé viva.

“Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram”.  Mulheres contaram que lá estiveram, que seu corpo não estava lá. Mas a ele ninguém viu…

E o peregrino começou a lembrar aos dois desanimados palavras da Escritura que anunciavam a vitória do  Messias depois da morte, sua ressurreição… Os discípulos desalentados tinham negligenciado de se deixarem ensopar pelas Escriturar e assim não tinham mais fé.  “Como sois sem inteligência  e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram.  Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?”

Ele vive, está no nosso meio, veio para dar  um sentido novo e belo ao domingo, primeiro dia da semana, veio para ser encontrado em sinais velhos e novos que apontam para ele.

Quando juntos ouvimos a Palavra, quando o coração tem quietude para ouvir com os próprios ouvidos e junto com os ouvidos de outros caminheiros,  sentimos que o coração arde e nossa fé se aquece.  Até que ponto nossas liturgias da Palavra, nossos encontros com a Palavra, nos colocam  diante do Ressuscitado que chega até nós na nuvem da fé?

Esse “aquecedor” de corações que era esse curioso peregrino, deu a entender que ia embora.  Aceita o convite que lhe é feito de  entrar no albergue, senta-se à mesa, parte o pão e os olhos de Cléfas e de seu companheiro se abrem

Somos membros da  Igreja feliz que hospeda o Ressuscitado.  Esse que não queria que ninguém lhe agarrasse os pés,  faz com que sua presença se adense na audição da comunicação do coração de Deus ao nosso coração e na reunião em torno da mesa do pão branco.

“Nisto, os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus porém desapareceu de frente deles. Então um disse ao outro: Não estava ardendo o nosso coração  quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? ”

Frei Almir Ribeiro Guimarães - www.franciscanos.org.br

Os “ismos” modernos


Desde o Concílio Vaticano II a Igreja vem nos esclarecendo mais intensamente sobre o que há de bom e santo na modernidade, mas também nos adverte sobre os perigos das ideias contrárias ao Evangelho de Jesus Cristo, as ideologias pagãs, os costumes e as práticas que induzem o Povo de Deus aos tantos relativismos modernos. O Cardeal Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) muito tem falado sobre o perigo do “Relativismo” e dos “ismos modernos”. É o esforço do homem de se emancipar de Deus e ter uma vida eterna e feliz sem o auxílio de Deus. O sacrifício de Cristo de nada valeu para esses “ismos modernos”. Muitos nem acreditam que seja Ele o Filho de Deus. As falsas religiões e seitas se utilizam muito desses “-ismos”, de suas filosofias, símbolos e mentalidades para fazerem suas pregações e discursos. Alguns “-ismos” se confundem e é necessário conhecer bem a Doutrina Católica para identificar o que há de errado nessas ideologias e pensamentos. Vejamos alguns dos mais propagados:

  • Ø  Iluminismo e Reinado da Razão: Surgiu primeiramente como “movimento filosófico cultural na Europa” (Séc. XVIII), mas logo mostrou sua forma errônea e ideológica de ver o homem. Trata-se de uma supervalorização da Razão. Todas as realidades são explicadas pelas faculdades do homem (inteligência), por isso a crença no cientificismo, ou seja, só é digno de crédito o que é provado pela experiência através da Ciência. Os especialistas são os donos da verdade. O iluminismo quer impor suas leis ao Estado e, por isso, é contrário a toda forma de Lei Eclesiástica, à Moral da Vida Cristã e à Doutrina Católica. Gerador de um individualismo cruel, que coloca o homem como independente de Deus, da fé e da Religião Cristã, continua se ramificando em todos os seguimentos da sociedade. Vejamos alguns exemplos:
  • Ø  Racionalismo: Tantas vezes tem usado o nome de “racionalismo cristão”, mas não é nada cristão. São críticos ferrenhos da religião cristã. Ridicularizam as verdades da fé. A filosofia do racionalismo é ateia, obscurantista. Ora, é preciso esclarecer que este mundo não é absoluto, mas finito, pois é obra do Criador. Somente Deus é o Absoluto, o Eterno. Deus não é simplesmente “uma força, uma energia” que se extrai da capacidade intelectual, mas é um Ser Pessoal, Ser Espiritual, Sumo Bem, Suma Verdade, que se comunica conosco e nos ama infinitamente.
  • Ø  Agnosticismo: Prega uma vida puramente natural sem relação com Deus. Diz: “Não podemos crer. Se Deus existe ou não, ninguém pode provar”. São aqueles que querem “prova para atestar se realmente aquilo é verdade”. Andam de braço dado com o ateísmo que assume a bandeira de que Deus é uma ilusão, não existe (ateus).
  • Ø  Ceticismo: Ensinam que somente as sensações, instáveis ou ilusórias, podem ser o parâmetro dos nossos juízos sobre a realidade. A felicidade vem pelo simples equilíbrio das faculdades mentais.
  • Ø  Positivismo: inspirado a criar uma religião da humanidade. Para ele nada há de sobrenatural, portanto, não existe um Deus no céu. Tudo em que creem se baseia na Ciência. Aqui se predomina literalmente a substituição do primado de Cristo por um “pretenso primado do homem”.
  • Ø  Materialismo: Trata-se de uma supervalorização da matéria e desprezo pelo sobrenatural. A posse desregrada, a obsessão por dinheiro, o consumo que escraviza, o individualismo, a ganância, as “ideologias de mercado e da sociedade socialista” são predominantes em suas ideias.
  • Ø  Hedonismo: A mentalidade hedonista moderna propõe o prazer pelo prazer e o prazer e satisfação imediatos em detrimento de valores morais. Ter prazer e satisfação é o principal objetivo da vida. O hedonismo não se refere somente ao uso da sexualidade, mas também à cultura imediatista e consumista que não sabe esperar para ter a satisfação que julga precisar imediatamente. Nesse sentido, é o pano de fundo para o uso de drogas, álcool e sexo sem compromisso.

Extraído do Livro “Enchei-vos – Seminário de Vida no Espírito Santo”