sábado, 31 de dezembro de 2011

A doutrina da verdade



Toda a perfeição, nesta vida, é misturada de imperfeição; como todas as luzes são mescladas de sombras.

O humilde conhecimento de você mesmo é um caminho mais certo para ir a Deus que o esquadrinhar à profundidade da ciência.

Não se deve condenar a ciência, nem qualquer conhecimento, porque, considerados em si, são bons e ordenados por Deus; mas sempre lhes há de antepor a boa consciência e a vida virtuosa.

Muitos, porém, estudam mais para saber bem viver, por isso erram a cada passo, ou nenhum fruto colhem de seus estudos.

Oh! Se eles pusessem tanto cuidado em arrancar os vícios e plantar as virtudes como põem em mover questões, não se veriam tantos males e escândalos no povo, nem haveria tanto desregramento nos mosteiros.

Certamente, no dia do juízo, não será perguntado a nós o que lemos, mas o que fizemos; nem quanto bem temos falado, mas quanto honestamente temos vivido.

Diga-se, onde estão agora aqueles senhores e mestres que conheceu quando viviam e floresciam nos estudos?

Outros ocupam seus lugares e talvez não haja quem se lembre deles. Em suas vidas pareciam alguma coisa; e hoje já ninguém fala deles.

Oh! Como passa depressa a glória do mundo! Quisera Deus que suas vidas estivessem de acordo com sua ciência! Então teriam lido e estudado bem.

Quantos se perdem neste mundo por sua vã ciência, pouco se importando com o serviço de Deus?

E por quererem ser grandes em vez de humildes, fazem-se vãos em seus pensamentos.

Verdadeiramente grande é aquele que tem um grande amor.

Verdadeiramente grande é o que a seus olhos é pequeno e avalia em nada a maior honra.

Verdadeiramente prudente é aquele “que tem por imundície todas as coisas terrenas para ganhar a Jesus Cristo” (Fl 3,8).

Verdadeiramente sábio é aquele que faz a vontade de Deus e renuncia à sua própria.

Do Livro “Imitação de Cristo”

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