sábado, 26 de maio de 2012

Pedro e João: a unidade na diversidade

Algumas pessoas a quem não é concedida uma promoção deduzem daí que não são amadas; se não são envolvidas nos negócios e nas actividades, lastimam-se por terem sido postas de lado. E isto é, sabemo-lo bem, uma fonte de grave desentendimento entre pessoas que passavam por amigas; no cúmulo da indignação, estas pessoas chegam a separar-se e a maldizer-se. [...]

Que ninguém diga que foi posto de lado porque não lhe foi atribuída uma promoção. A este respeito, o Senhor Jesus preferiu Pedro a João; no entanto, não foi por conferir a primazia a Pedro que retirou a sua afeição a João. Confiou a Sua Igreja a Pedro; a João entregou a Sua Mãe muito amada (Jo 19,27). Deu a Pedro as chaves do Seu reino (Mt 16,19); a João mostrou os segredos do Seu coração (Jo 13,25). Por conseguinte, Pedro ocupa um posto elevado, mas o lugar de João é mais seguro. Embora tivesse recebido o poder, quando Jesus disse: «um de vós há-de entregar-me» (Jo 13,21), Pedro treme e assusta-se como os outros; João, instigado por Pedro e encorajado pela sua proximidade ao Senhor, interroga-O para saber de quem fala. Pedro entrega-se à acção; João é posto à parte, para testemunhar a sua afeição,
de acordo com a palavra: «Quero que fique até Eu voltar». Ele deu-nos o exemplo para que também nós façamos o mesmo.

Santo Aelredo de Rievaulx (1110-1167), monge cistercense

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