segunda-feira, 25 de junho de 2012

Uma busca sem fim


O ser humano, sem jamais desfalecer, é um ser desinquieto, curioso, que adora ser desafiado na sua inteligência. Ele quer saber por que o sol brilha sem cessar; quer desvendar o logro de casas mal-assombradas; quer dominar as energias do universo; deseja devassar os segredos de nossas tendências mórbidas. Isso tudo é causa do progresso das ciências, e motivação sem fim de viver. É assim que ultrapassamos de longe os animais, que nada sabem sobre energia elétrica, sobre doenças causadas por micróbios, sobre a grande explosão do big bang, e muito menos dão notícias sobre energia atômica, ou a formação do universo. A curiosidade humana é espicaçada pelos segredos da natureza. O cosmos tem as suas leis, que precisam ser postas à luz do dia. “Multiplicai-vos e dominai a terra”  (Gen 1, 28).  O Criador envolveu tudo em véus de mistério. O ser humano sente necessidade de levantar os invólucros dessa realidade escondida, porque são provas da presença de um Ser sumamente inteligente. Esse é um modo de dialogar entre seres racionais. É uma sublime comunicação entre criador e criatura, cujo ápice é o encontro de amor, revestido de liberdade sem limites.

Mas o próprio Ser Amoroso nos advertiu contra escolhos, que podem afundar nossas melhores intenções. “Não te prostrarás diante de deuses falsos” (Ex 34, 14). E um dos mais perigosos deuses, que desviam a inteligência humana para o abismo do nada, é o “ego” que, pelo fato de ter descoberto alguma coisa, se julga o centro do universo. Por isso, a grande busca não será esquadrinhar o átomo, ou elaborar a teoria quântica, ou ainda aprender a domar todas as energias do cosmos. A busca eterna será conhecer a Deus, o mistério por excelência. Essa tentativa de compreensão será matéria eterna para o nosso amor. A busca de compreender a matéria, ou a anti-matéria, um dia poderá se encerrar. Teoricamente podemos chegar a perscrutar todos os enigmas, deslindar todos os problemas, ter conhecimento de todos as forças escondidas na natureza. Mas o Ser por excelência, o único necessário, o nosso Pai amoroso, precisamos de uma eternidade para compreender. “Eu sou o que sou” (Ex 3, 14).


Dom Aloísio Roque Oppermann

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