“Eu te louvo,
ó Pai, Senhor do céu e a terra,
porque
escondeste estas coisas dos sábios e entendidos
e as
revelastes aos pequeninos”
Quantas vezes
já ouvimos esta página do evangelho hoje proclamada! Nos momentos de verdade
mais profundos fazemos a experiência de uma indigência “franciscana”: somos
pobres, profundamente pobres, radicalmente pobres. E, no entanto, o presente da
revelação do amor de Deus se faz aos pequenos, aos não sábios aos olhos do
mundo.
O evangelho
hoje proclamado é tido como o da revelação dos mistérios e segredos do
Pai aos pequenos e simples da terra. Os que se aproximam de Cristo, os
que veem seu rosto, acompanham seus passos, contemplam seus gestos,
podem ter acesso ao Pai, desde que sejam verdadeiramente pequenos.
“Ninguém conhece o Filho, senão o Pai, o Filho e ninguém conhece o Pai
senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
Arde dentro do
coração de todos os homens e mulheres de boa vontade um desejo profundo de
chegar até o fundo das coisas, às profundidades da vida, ao Mistério daquele
que nos chamou do nada à vida e colocou em nosso íntimo essa “saudade” da
Fonte. Vemos vestígios do Amado nas estrelas que luzem nas águas que
correm pelos vales, na cândida e límpida inocência de uma criança que
corre para nos abraçar ou nos trazer um raminho de flores que colheu no
jardim. As pessoas, os seres criados podem ser “escada” para o
Senhor. São vestígios do Senhor. Na beleza de tudo o que é criado, há como que
uma assinatura do Amado que cria por amor. Pela bondade e beleza das criaturas
chegamos à beleza e à bondade do Altíssimo.
Na medida em
que a pessoa se sente pobre, sem forças para conseguir vislumbrar com
clareza o sentido de seus dias e de sua vida, faz a experiência de sua
indigência e de sua pobreza. E a ela o Senhor se revela, tira o
véu. Os que experimentam essa radical dependência amorosa de Deus
recebem as confidências de seu amor.
Quem são na
verdade, esses pequeninos? São os simples, sem duplicidade, os que reconhecem
suas limitações, os que precisam de um sentido para viver e de uma mão que os
apoie, os que não são donos do mundo. Normalmente essas pessoas, ao longo de
sua vida, vão convivendo com o mistério do Cristo ressuscitado: ouvem sua
Palavra porque morrem de solidão, se unem ao dom que ele faz ao Pai na ceia do
altar, desejam refazer em suas vidas os mistérios de Cristo. Nessa
identificação que é graça e empenho Cristo se torna próximo. E esses recebem a
revelação de Jesus. Vai ao Pai pela revelação feita por Jesus.
A mulher mãe
de uma criança especial não se desespera. O homem, pai de família, luta
por criar em casa um ambiente de simplicidade e de perdão, a religiosa
idosa, sentindo-se meio sozinha na casa grande, ajuda as outras irmãs, sem
murmurar… Essas pessoas, esses pequeninos são apresentados ao Pai
pelo Filho.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
Nenhum comentário:
Postar um comentário