quarta-feira, 18 de julho de 2012

Leitura bíblica: Mateus 11,25-27

“Eu te louvo, ó Pai,  Senhor do céu e a terra, 
porque escondeste estas coisas dos  sábios e entendidos
e as revelastes aos pequeninos”

Quantas vezes já ouvimos esta página do evangelho hoje proclamada! Nos momentos de verdade mais profundos fazemos a experiência de uma indigência “franciscana”: somos pobres, profundamente pobres, radicalmente pobres. E, no entanto, o presente da revelação do amor de Deus se faz aos pequenos, aos não sábios aos olhos do mundo.

O evangelho hoje proclamado é tido como o da revelação dos mistérios e segredos do Pai  aos pequenos e simples da terra. Os que se aproximam de Cristo, os que veem seu rosto,  acompanham seus passos, contemplam seus gestos,  podem ter acesso ao Pai, desde que sejam verdadeiramente pequenos. “Ninguém conhece o Filho, senão o  Pai, o Filho e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.

Arde dentro do coração de todos os homens e mulheres de boa vontade um desejo profundo de chegar até o fundo das coisas, às profundidades da vida, ao Mistério daquele que nos chamou do nada à vida e colocou em nosso íntimo essa  “saudade” da Fonte.  Vemos vestígios do Amado nas estrelas que luzem nas águas que correm pelos vales, na cândida e límpida  inocência de uma criança que corre para nos abraçar ou nos trazer um raminho de flores que colheu no jardim.  As pessoas,  os seres criados podem ser “escada” para o Senhor. São vestígios do Senhor. Na beleza de tudo o que é criado, há como que uma assinatura do Amado que cria por amor. Pela bondade e beleza das criaturas chegamos à beleza e à bondade do  Altíssimo.

Na medida em que a pessoa se sente  pobre, sem forças para conseguir vislumbrar com clareza o sentido de seus dias e de sua vida, faz a experiência de sua indigência e de sua pobreza.  E  a ela o Senhor se revela, tira o véu.  Os que experimentam essa  radical dependência amorosa de Deus recebem as confidências de seu amor.

Quem são na verdade, esses pequeninos? São os simples, sem duplicidade, os que reconhecem suas limitações, os que precisam de um sentido para viver e de uma mão que os apoie, os que não são donos do mundo. Normalmente essas pessoas, ao longo de sua vida, vão convivendo com o mistério do Cristo ressuscitado:  ouvem sua Palavra porque morrem de solidão, se unem ao dom que ele faz ao Pai na ceia do altar, desejam refazer em suas vidas os mistérios de Cristo.  Nessa identificação que é graça e empenho Cristo se torna próximo. E esses recebem a revelação de Jesus. Vai ao Pai pela revelação feita por Jesus.

A mulher mãe de uma criança especial  não se desespera. O homem, pai de família, luta por  criar em casa um ambiente de simplicidade e de perdão, a religiosa idosa, sentindo-se meio sozinha na casa grande, ajuda as outras irmãs, sem murmurar… Essas pessoas,  esses pequeninos  são apresentados ao Pai pelo Filho.


Frei Almir Ribeiro Guimarães


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