Estamos acostumados a ver Maria mais vestida com trajes esplendorosos, cercada de anjos, com auréola dourada, quase sempre representada como uma habitante das alturas do que uma mulher da terra dos homens. Compreende-se. Ela é a Senhora da Glória. Vale a pena ler esse texto de Pio XII na declaração do dogma da Assunção: “Desde toda a eternidade unida misteriosamente a Jesus Cristo, pelo mesmo desígnio de predestinação, a augusta Mãe de Deus, imaculada na concepção, virgem inteiramente intacta na divina maternidade, generosa companheira do divino Redentor, que obteve pleno triunfo sobre o pecado e consequências , ela alcançou ser guardada imune da corrupção do sepulcro, como suprema coroa de seus privilégios”. Assim, ela é a Senhora da Glória.
Necessário, no entanto, contemplar a singeleza humana dessa mulher ímpar que temos a alegria de chamar de nossa Mãe. Uma mocinha de um canto perdido da Palestina, uma moça que fora criada na fé de seus pais e que deve ter tido forte influência da espiritualidade de Abraão, uma mulher que estava acostuma a olhar as nuvens dos céus que deveriam chover o Justo. Dela se aproxima a força do Altíssimo, o Senhor chega na singeleza dessa Maria de Nazaré. Pede-lhe assentimento e quer associá-la ao seu desejo de mostrar aos homens seu amor através do Filho. Maria é escolhida para ser Mãe daquele que se tornou a luz do mundo, o pastor das ovelhas desgarradas, o transformador de nossa vida banal em vida plena. Essa mocinha dá seu assentimento. Cuida do menino, vê o menino crescer, busca-o no templo, pede que ele seja razoável em suas afirmações porque pode morrer, está a seu lado em todos os momentos, sempre levando todas as coisas para o fundo do coração, sempre reiterando o sim do começo, corroborado de modo especial na hora da cruz quando a mãe ouve o Filho pronunciar a palavra do salmo: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Mulher, simplesmente mulher, mulher mãe, mulher das coisas de todos os dias, mulher fiel…Mãe do Menino e Mãe de Deus.
E assim a Assunção de Maria é o dia glorioso em que ela foi elevada ao céu. Novamente Pio XI, na declaração do dogma: “Semelhantemente a seu Filho, uma vez vencida a morte, foi levada em corpo e alma à glória celeste, onde, rainha, refulge à direita de seu Filho, o imortal rei dos séculos”.
“Aurora e esplendor da Igreja triunfante, ela é consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho, pois, preservastes da corrupção da morte aquela que gerou de modo inefável vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida” (Prefácio da Assunção de Maria).
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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