(Mateus 14,22-36)
Mais
uma vez ouvimos o relato da tempestade acalmada. Mateus descreve a cena
com muita vivacidade. Mais parece o estilo de Marcos do que de Mateus
Vale a pena acompanhar os pormenores do relato.
O
povo faminto havia comido e estava saciado. Jesus deu pão aos famintos,
na esperança que os seus ouvintes pudessem ir compreendendo aos poucos
que ele é que era o Pão de verdade. Pede que os apóstolos entrem numa
embarcação e o esperem do outro lado. Ele ainda queria despedir a multidão.
Será que teria dado a mão a cada um ou um ósculo… ou dito uma bênção?
Uma
vez sozinho sobe ao monte. Que monte não se sabe. Ele precisava arrumar seu
interior talvez um pouco agitado com tanta gente, tantos pedidos… tanto ruído.
“Jesus subiu ao monte para orar”. E tendo a noite chegado Jesus
continuava rezando. Para ele era importante essa comunhão com o Pai.
Todos experimentamos também a necessidade de estar com o Senhor e assim
não cair um estéril ativismo pastoral.
Os
apóstolos, por sua vez, na travessia do mar, vivem um momento delicado. O mar
agitado, os ventos contrários e o medo de que viessem a morrer. Estamos
diante da terrível experiência do medo de morrer. Há outros medos: medo
de fracassar, de tomar uma decisão. Quantos medos: medo de que os filhos
ingressem no universo da droga, medo de um assalto, medo que o casamento
termine, medo que o neném nasça doentinho. A lista poderia ser aumentada
com tantos outros pavores e receios.
Continuemos
a ver os pormenores do texto. Jesus, no meio da noite vem ter com os
apóstolos andando sobre as águas. “Quando os discípulos o avistaram
andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: ‘É um fantasma’ e
gritaram de medo. Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu!’”
Jesus
se faz presente, próximo dos seus. Hoje também ele está por perto. Não o vemos,
não é um fantasma. Mas ele está na Igreja, onde dois ou três estão
reunidos em seus nome. Está presente na casa dos religiosos transparentes
que rezam e se estimam. Está presente no trabalho da evangelização. Pode
ser que nossas comunidades de vida consagrada não consigam viver todo o
esplendor de sua consagração, que haja diminuição dos efetivos.
Espera-se, sem medo, que a proximidade do Senhor nos tirar da angústia e
obsessão pelas estatísticas. Por vezes temos a impressão que os membros
da Igreja não conseguem viver o esplendor do Evangelho. Temos receio que a
barca seja batida pelos ventos da indiferença, da indolência e da falta de coragem
de se dar um salto no escuro. Temos medo de tantos desafios. Mesmo nos
sentido chamados por Jesus temos receio de afundar em nossa vida de fé.
Pedro
começou a andar sobre as ondas como Jesus havia pedido. E o medo?
“Senhor, salva-me!”. E disse Jesus: “Homem fraco na fé, por que
duvidaste?”
Normal
que experimentemos receios e medos em muitos campos de nossa vida e em
diferentes circunstâncias. Uma fé sólida e uma confiança na proximidade
de Jesus em nossas vidas e na vida da Igreja faz com que sejamos corajosos.
Frei
Almir Ribeiro Guimarães – www.franciscanos.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário