Hoje, fazemos memória a Santo Agostinho de Hipona,
Bispo e Doutor da Igreja. Santo Agostinho nasceu em Tagaste (África), no ano 354.
Depois de uma juventude perturbada, quer intelectualmente quer moralmente,
converteu-se à fé e foi batizado em Milão por Santo Ambrósio no ano 387. Voltou
à sua terra e aí levou uma vida de grande ascetismo. Eleito bispo de Hipona,
durante trinta e quatro anos foi perfeito modelo do seu rebanho e deu-lhe uma
sólida formação cristã por meio de numerosos sermões e escritos, com os quais combateu
fortemente os erros do seu tempo e ilustrou sabiamente a fé católica. Morreu no
ano 430.
Partilho aqui um trecho do livro “Confissões”, de
Santo Agostinho:
Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara
eternidade!
Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara
eternidade! Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e noite. Desde que te conheci,
tu me elevaste para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda não era. E
reverberaste sobre a mesquinhez de minha pessoa, irradiando sobre mim com toda
a força. E eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da
dessemelhança, como que ouvindo tua voz lá do alto: “Eu sou o alimento dos
grandes. Cresce e me comerás. Não me mudarás em ti como o alimento de teu
corpo, mas tu te mudarás em mim”.
E eu procurava o meio de obter forças, para
tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava até que abracei o mediador
entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1Tm 2,5), que é Deus acima
de tudo, bendito pelos séculos (Rm 9,5). Ele me chamava e dizia: Eu sou
o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). E o alimento que eu não era capaz
de tomar se uniu à minha carne, pois o Verbo se fez carne (Jo 1,14),
para dar à nossa infância o leite de tua sabedoria, pela qual tudo criaste.
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova,
tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e
lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo.
Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti.
Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e
afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti.
Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz.
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