Leituras para
hoje: Gálatas 6,14-18; Lucas 9,23-26
Os
franciscanos comemoram hoje uma festa que lhes é particularmente cara ao coração:
a impressão das chagas do Senhor Jesus em Francisco de Assis. As leituras
acima mencionadas são próprias do Lecionário Franciscano. Paulo faz uma
declaração solene no final de sua carta aos cristãos da Galácia: não quer
gloriar-se de outra coisa senão da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Diz
que está crucificado para o mundo. Quem não seja molestado por ninguém porque
traz em seu corpo as marcas de Jesus. Lucas, no evangelho hoje
proclamado, recorda que os discípulos carregam a cruz de Cristo.
Não há como escapar dela.
Francisco ia
fazendo sua caminhada. O Senhor o chamara para uma vida de extremo seguimento
de Jesus. O Pobrezinho foi mostrando docilidade e ao longo do tempo e foi
vivendo os mistérios de Cristo. Quase no final de sua vida, em 1224, volta do
Oriente, cansado, adoentado. Experimenta também um mal-estar ao ver que o
grande número dos frades fez com que o primeiro fervor se arrefecesse.
Entrega a um frade o governo da Ordem. Retira-se da cena. Quer viver mais
em intimidade com o Senhor. Resolve fazer a quaresma de São Miguel no
Monte Alverne que lhe havia sido dado por um benfeitor agradecido. Está
por volta da festa da Exaltação da Santa Cruz. Leva consigo Frei Leão, a
“ovelhinha querida”, como dizia. Na paisagem agreste e severa do Monte
queria estar com o Senhor. Aos poucos, no silêncio do lugar, diante de
paisagens deslumbrantes, com frio e calor, com verde e folhas secas
vai fazendo vir à tona o melhor de sua história e de sua trajetória. Procura
estar com o Senhor, sempre com o Senhor, pede que Leão reze com ele. Está
debilitado, com as vistas quase extintas e cheio de dores. Na proximidade
da festa da cruz exaltada recebe uma visita do alto. Há um anjo em forma
de Cruz, o crucificado em forma de anjo, um serafim ardoroso em forma de
Cristo. A visão era ardorosa. Falava por si de amor e de
ardor. Na contemplação de tal visão, Francisco se dá conta que em
suas mãos, nos pés e no coração há vestígios das chagas de seu Amado Senhor.
Francisco poderia dizer com toda verdade, com Paulo: “Trago em meu corpo
as marcas de Jesus”.
Sim, ao longo
de sua vida Francisco fora se identificando com Cristo, ganhando a forma do
Filho de Deus. Com a impressão das Chagas não era mais Francisco que descia a
montanha do Alverne. Era Francisco feito Cristo, imagem do Cristo.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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