“Não recebemos
o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que
conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu”. Assim, lemos na
epístola de Paulo proclamada na liturgia de hoje.
Ouvimos muitas
vezes a expressão vida
espiritual. Levamos uma
vida espiritual, precisamos viver uma intensa vida espiritual.
Tentamos nos manter em ligação estreita com o Senhor ao longo de toda a nossa
trajetória. Não somos dele apenas episódica e esporadicamente.
Vivemos no Senhor e para o Senhor porque o Espírito foi derramado em nossos
corações e esse Espírito nos faz conhecer as coisas de Deus. Ele
perscruta o nosso interior. Ele nos foi dado no batismo e está sempre sendo
derramado na vida que levamos no seio da Igreja. O Espírito que repousou sobre
o caos para colocar ordem no começo da criação, o Espírito que agiu nos
profetas, o Espírito que havia pousado sobre Maria, o Espírito que pousou sobre
Cristo no seu batismo no Jordão, esse mesmo Espírito é derramado sobre os
fiéis que vivem na Igreja. Não temos uma vida espiritual parecida a um
treinamento feito de ginástica espiritual, de empenhos que partem de nossa
vontade. O Espírito, derramado em nossos corações, permite que tudo em
nós seja espiritual, em
outras palavras, que tenha o hálito, o sopro do Espírito. Assim, não
temos mais o espírito do mundo. Colocamo-nos fora dos esquemas de lucro, de
competitividade, de emulação vaidosa, de interesses egoístas. Os que
vivem espiritualmente deixam-se guiar pelo Espírito.
O Espírito nos
leva a perscrutar e sondar os acontecimentos de cada dia. Esse Espírito revela
aos cristãos e aos indivíduos os caminhos a serem percorridos para que a
instauração do Reino se acelere, o Espírito reza em nós de tal forma que
não apenas movimentamos os nossos lábios ou formulamos nossos pedidos, mas o
Espírito reza em nós, esse Espírito nos permite compreender o sentido das
Palavras que ouvimos e através da quais o Senhor quer nos falar e levar os
cristãos à verdade. Esse Espírito que, nas encruzilhadas da história
sugere renovações e reformas, aponta para o novo pedindo que sejamos
cúmplices de sua novidade.
Paulo conclui:
“O homem psíquico – o que fica no nível de suas capacidades naturais –
não aceita o que é do Espírito de Deus, pois isso lhe parece uma insensatez”.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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