quarta-feira, 10 de outubro de 2012

As nossas misérias


“O homem nascido da mulher vive poucos dias e é oprimido de muitas misérias”. Esta é a sorte que nos fez o pecado. Ouvi os gemidos de toda a humanidade cuja figura era Job: “Pereça o dia em que nasci e a noite em que se disse: Um homem foi concebido! Porque não morri no seio de minha mãe, ou não pereci quando vim ao mundo! Por que me teve ela em seus braços e me criou nos seus peitos? Agora, dormirei em silêncio, e descansarei em meu sono” (Jó 14,1; 3,3.11-13).

Mas sobre esta grande miséria se levantava já a aurora de grandíssima esperança: “Sei que meu Redentor vive: e que serei de novo revestido de minha carne e nela verei o meu Deus; hei de vê-lo e meus olhos o contemplarão” (Jó 19,23-27)

Desde logo tudo muda: aquelas dores, antes sem consolação alguma, unidas às do Redentor não são mais do que uma penitência necessária, uma prova de justiça e de misericórdia, um gérmen de eternas alegrias.

Cristo, nosso Redentor, abriu, por sua morte, o céu ao homem decaído, que, por graça única, pedia à terra uma sepultura. E nós poderíamos nos queixar dos sofrimentos a que Deus reserva tão grande prêmio? Murmuraríamos quando pelas tribulações se digna Jesus Cristo associar-nos aos méritos de seu sacrifício?

Senhor, reconheço minha cegueira, minha ingratidão, e nada mais quero desejar neste mundo que ter parte em vossa paixão, a fim de ser um dia participante de vossa glória. Desta hora para sempre sede vós o senhor desta alma, o morador pacífico dela. Iluminai meus olhos, meu bom Jesus, para que sempre vejam a sua suavidade e brandura desse vosso coração, e, preso, de vossa formosura, tudo o mais não tenham em mim entrada.

Do Livro “Imitação de Cristo”

Nenhum comentário: