segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Leitura Bíblica: Apocalipse 1,1-4; 2, 1-5



Há uma coisa que eu te reprovo: abandonaste o teu primeiro amor (Ap  2, 4).

O discípulo de Cristo sabe que viver em união amorosa com o Mestre é tarefa que leva tempo. Uma coisa é aceitar a fulgurante beleza do Esposo nos arroubos dos primeiros encontros. Outra é permanecer fiel ao longo dos desafios e do desgaste do tempo da vida. O autor do Apocalipse lembra à Igreja que está em Éfeso a necessidade de permanecer fiel.

“Conheço a tua conduta, o teu esforço e a tua perseverança”.  Por ocasião de um retiro, na realização de um trabalho de pastoral,  devido a outras  circunstâncias, o discípulo se dá conta que seu relacionamento com o Mestre é marcado por fervor,  alegria,  garra. Pode mesmo ser que, no começo, esse amor pelo Senhor se revista de marcas de sensibilidade.  É bom que assim o seja. Em seguida, porém, será  necessário ficar firme na oração, mesmo nos momentos de aridez,  na execução das tarefas mesmo quando estas passam a ser penosas, na aceitação das contradições e perseguições mesmo quando estas partem dos de casa.

“Sei que não suportas os maus. Colocaste à prova alguns que se diziam apóstolos e descobriste que não eram apóstolos, mas mentirosos”. Pelo testemunho e força o discípulo mostra quem são os verdadeiros apóstolos e os que são mentirosos.

“És perseverante. Sofreste por causa do meu nome e não desanimaste”. Há esse sofrimento calado de uma doença suportada, de uma ofensa completamente injusta, de uma perseguição ostensiva quando o testemunho de vida passa a  ser uma condenação da vida dos outros. Há os que não desanimam. Perseveram, com a força da graça, na adolescência e juventude, na idade madura e na velhice, na saúde e na doença, sempre.

“Abandonaste o teu primeiro amor”. O Apocalipse recrimina a Igreja de Éfeso de ter perdido o elã do começo. O tempo da vida é longo e o discípulo corre o risco de fragilizar-se. O discípulo cai. E, ao longo do tempo da vida, será preciso levantar-se, converter-se, prestar atenção nos passos e descompassos, olhar  nos olhos do Senhor e parar diante dos irmãos. “Converte-te e volta à tua prática inicial”. Conversão: visitar o interior, não deixar vazia a casa do coração, cultivar a delicadeza de consciência, estar sempre atento aos pedidos do Senhor aqui e agora.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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