terça-feira, 27 de novembro de 2012

Leitura Bíblica: Apocalipse 14, 14-19


“Lança a foice e colhe os cachos da videira da terra,
porque as uvas já estão maduras.”

Estamos  para terminar o ano litúrgico e chegam aos nossos ouvidos as leituras da Missa que nos colocam diante  das coisas dos últimos tempos.  O tempo da consumação está próximo.

Cada um de nós tem sua história e sua trajetória  mais ou menos longa.  Há aqueles, é bem verdade,  que morrem cedo  por muitos motivos:  uma doença incurável, um acidente, um assassinato.  Há aqueles que passam  muitos anos vivendo na terra dos homens. Os muitos anos vividos, por eles mesmos, não dizem que as pessoas estejam mais maduras, ou seja, mais santas.  Há aqueles que morrem na juventude e já estão preparados para serem colhidos.  O Apocalipse fala de uvas maduras, de existências que estão preparadas para  serem levadas para a sala de festas da glória na eternidade.

Há  vidas muito simples. Nada de feitos extraordinários. Uma mulher esposa e mãe: trabalhos, preocupações, controle do dinheiro a ser gasto e a ser economizado, o perdão concedido  a uma sogra intransigente e má, o carinho para com os seus, para que sua casa fosse sólida e não venha a faltar agasalho e alegria para todos…. Vida bela ao longo do tempo da existência,  mas sem nada de extraordinário.  Uva madura para ser colhida.

Há esse médico  batalhador. Tem consultório particular e plantões num posto de saúde.  Atende carinhosamente tanto aqui quanto ali.  Sofre enquanto não consegue restituir a saúde aos doentes.

Há essa religiosa  já idosa, mulher que fora responsável por belos e grandes trabalhos de pastoral da saúde numa diocese. Hoje, suas pernas não permitem que ela faça “estripulias” pastorais. Levanta-se cedo, passa meia hora na capela, reza com as irmãs, depois ajuda na cozinha a descascar legumes e a preparar doce de abóbora com coco, enquanto se dá ao exercício de caminhar na presença de Deus. As uvas da parreira de sua vida já estão maduras.

Mas nem tudo é assim.  O Apocalipse fala de um anjo que ceifa a vida dos que não foram santos. “E o anjo lançou a foice afiada na terra e colheu as uvas  da videira da terra.  Depois, despejou as uvas no grande lagar do furor de Deus”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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