É longo o
trecho do evangelho de Marcos hoje proclamado na liturgia. Jairo
tem a filha do doente e vem pedir sua cura a Jesus. Uma mulher que
tinha fluxo de sangue também se aproxima confiantemente de Jesus.
Estamos diante do tema da fé-confiança nesse homem que era diferente.
A multidão era
numerosa e Jesus permaneceu na praia. Jairo, um dos chefes da sinagoga, vem
exprimir a situação que vive e fazer um pedido. Cai aos pés de Jesus, segundo o
relato de Marcos. “Venho te pedir alguma coisas com insistência.
Minha filhinha está nas últimas”. Jesus atende o pedido e começa a
acompanhar Jairo até sua casa. A história de Jairo é cortada. Uma mulher
com fluxo de sangue toca em Jesus. Mais adiante Marcos
continuará o relato sobre a filha de Jairo. Jesus, mais tarde, vai tratar
do caso da hemoroíssa. Pessoas da casa do chefe da sinagoga chegam:
“A menina já morreu. Para que incomodar o Mestre”. Em seu estilo simples
e direto Marcos coloca os pormenores. Jesus escuta o que diziam os
mensageiros e fala com energia: “Não tenhas medo! Basta ter fé!” Jesus não quer
que a multidão o acompanhe. Somente Pedro, Tiago e João poderão ir
com ele e o pessoal da casa do chefe da sinagoga. Havia agitação. Gente
chorando, gritando. Jesus provavelmente está tocado interiormente.
Emocionado? Sofrendo com a morte da menina? Há toda uma
confusão no local. “Por que isso tudo? Esta menina está
apenas dormindo”. Novamente Jesus restringe os espectadores já que alguns
estavam caçoando dele. Poucos assistirão ao desfecho: ficarão junto
da menina e de Jesus o pai e a mãe da criança e os três apóstolos.
Tem-se a impressão que Jesus quer que esses três possam depois
testemunhar o que viram. E vem o gesto de desfecho, linguagem de vida e
sinal da ressurreição. “Jesus pegou a mão da menina e disse: Talitá cum – que
quer dizer: Menina,
levanta-te”. A menina levantou-se imediatamente e começou a
andar. E Marcos nos oferece o delicado pormenor: ela tinha doze
anos. Na última linha do texto proclamado outro detalhe:
Jesus manda que deem de comer à menina. Ressurreição da menina, sinal da
ressurreição. Os que morrem a si e renascem para vida nova em
Cristo são pessoas levantadas da indolência e da inércia.
Temos que
voltar ao caso do sinal da cura da mulher que sofria de hemorragia. A menina
tinha doze anos e a mulher sofria da doença há doze anos. A pobre mulher
piorava cada vez mais. Já tinha gasto todo seu dinheiro com médicos, sem
resultado algum. Novamente Marcos se compraz em falar de
pormenores. Há dez anos estava doente e sofrera demais na mão de muitos
médicos. Cada vez piorava mais. Ela chega discretamente. Não brada, não
grita. Quer ao menos tocar no Mestre. Toca a roupa. Fica curada.
Experimenta grande exultação. Jesus pergunta: “Quem me
tocou?” A mulher toda gratidão e medo caiu aos pés de Jesus e ouve:
“Filha, tua fé te curou, vai em paz e fica curada desta doença”.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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