quinta-feira, 28 de março de 2013

Lava-pés




Jesus “levanta-se da mesa, depõe o manto e, tomando uma toalha, cinge-se com ela. Depois, coloca água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido” (Jo 13,4-5). Jesus presta aos seus discípulos o serviço do escravo, “humilha-se a Si mesmo” (Fl 2,7).

Aquilo que diz a Carta aos Filipenses, no seu admirável hino cristológico – isto é, que, num gesto contrário ao de Adão, que tentara com as próprias forças apoderar-se do divino, Cristo desceu da sua divindade tornando-se homem, “assumiu a condição de servo” e fez-se obediente até a morte de cruz (cf. 2,7-8) – tudo isso ficou visível aqui num único gesto. Com um ato simbólico, Jesus ilustra o conjunto do seu serviço salvífico. Despoja-se do seu esplendor divino, ajoelha-se por assim dizer diante de nós, lava e enxuga os nossos pés sujos, para nos tornar capazes de participar no banquete nupcial de Deus.

Quando, no Apocalipse, aparece a formulação paradoxal segundo a qual os redimidos “lavaram as suas túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro” (7,14), isso quer dizer: é o amor de Jesus até o fim que nos purifica, que nos lava. O gesto do lava-pés exprime isto mesmo: é o amor serviçal de Jesus que nos tira fora da nossa soberba e nos torna capazes de Deus, nos torna “puros”.

Do Livro “Jesus de Nazaré – Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição”, de Bento XVI

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