sábado, 30 de março de 2013

O Senhor desceu à mansão dos mortos



Sábado Santo, dia de silêncio, de espera da noite da libertação, da chegada da aurora definitiva. Fazemos ume reflexão sobre o tema inspirando-nos numa Antiga Homilia no Grande Sábado:

Dia de silêncio. Não há celebração eucarística neste dia. Vazio. O grão de trigo foi lançado à terra. Vazio. Desolação,  mas também esperança.

“Que está acontecendo hoje?  Um grande silêncio reina sobre a terra.  Um grande silêncio e  uma  grande solidão. Grande silêncio porque o Rei está dormindo;  a terra estremeceu e ficou silenciosa,  porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam  há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos”.
Jesus vai à procura de Adão, visita os que estão mergulhados nas sombras da morte. O Senhor entrou onde eles estavam levando a arma da cruz vitoriosa.

Continua a  Antiga Homilia:  “Eu te ordeno:  Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permanecerdes na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti;  somos uma só e indivisível pessoa”.

E Cristo se dirige a Adão e a nós com palavras tocantes:  “Vê em meu rosto os escarros  que  por ti recebi, para  restituir-te o sopro  da vida original.  Vê em minhas faces as bofetadas que levei para restaurar, conforme a minha imagem, a tua beleza corrompida. Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti, para retirar de teus ombros o peso dos pecados.  Vê minhas  mãos  fortemente  pregadas à árvore da cruz por causa de ti, que outrora  estendeste levianamente tuas mãos para a árvore do paraíso”.

Finalmente, as promessas de ventura para os que estão na mansão dos  mortos: “Adormeci na cruz e  por tua causa a lança penetrou o meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso.  Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te  do sono da morte.  Minha  lança deteve a lança que estava dirigida contra ti”.

Sábado de silêncio,  de espera,  de grande reconhecimento.  Sábado em que o Senhor desce à mansão dos mortos.  Sábado do grande repouso.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

Nenhum comentário: