Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros (MG)
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros (MG)
O olhar só para a terra, isto é, para o
cotidiano, sem o ideal a ser buscado na vida, torna-nos pessoas de pequeno
horizonte. Somente o que é passageiro não nos realiza como pessoas humanas. O
tempo passa, os problemas nos afogam e não vemos a razão de ser da existência.
Ao contrário, quando enfrentamos os desafios para uma convivência fraterna e
com ideal de realização do bem ao semelhante, não temos medo de até nos
desgastarmos pelo sacrifício de lutarmos por causas elevadas e de valores da
dignidade humana.
O trabalho e a exercitação na prática
do bem fazem-nos ter força suficiente para superarmos os limites pessoais e
relacionais. O Apóstolo Paulo incita todos a superarem a preguiça e colocarem a
mão na massa para trabalharem e se sustentarem: “Há alguns que vivem à toa,
muito ocupados em não fazer nada... trabalhando, comam na tranquilidade o seu
próprio pão” (2 Tessalonicenses 3, 11.12).
O desânimo é tentação para o
descompromisso em se realizar um projeto de vida. É superado com o incentivo
para a busca de um ideal elevado de vida. Se é verdade que os problemas, as
incompreensões, os defeitos, as oposições, as críticas e a falta de colaboração
acontecem, o ardor no assumir uma causa elevada faz a pessoa ter força e
entusiasmo para um trabalho útil aos outros e a muitas instituições, como obras
de assistência e promoção humana. Quanta gente que, depois, de decepções por
doença ou morte de entes queridos, se colocam à disposição para o trabalho
junto a essas organizações!
O próprio Jesus fala das calamidades
que acontecem na terra e de efeitos nas pessoas e comunidade. Mas ele
entusiasma seus discípulos a não perderem o ânimo. Pelo contrário, devem se
colocar a caminho do serviço a todos. Mesmo nas perseguições perdem a coragem:
”Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão;
sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Essa será a
ocasião em que testemunhareis a vossa fé” (Lucas 21,12.13).
A cabeça voltada só para o “chão” do
que é efêmero impossibilita a pessoa de enxergar a vida com o que ela tem de
mais positivo e realização humana. Ela vale para colocarmos nossos talentos em
funcionamento para servirmos à causa da vida e da promoção do bem de todos, a
partir dos que nos circundam, da família, dos ambientes e da comunidade. Não
adianta só o chão físico do ter bens materiais, intelectuais, espirituais,
culturais, de bem estar físico e psicológico, como também de projeção pessoal
na sociedade. Se não utilizarmos tudo para ajudar o semelhante a se realizar
como pessoa humana, o tempo passa e não construímos nossa casa pessoal de
sustentação do ideal do verdadeiro amor.
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