Mais uma vez
comemoramos a festa dos Magos que buscam o presépio do frágil Menino. No
Oriente, esta data é a festa do Natal. Sim, tudo começa outra vez. Diante de
nós, o presépio de um menino que recebe a visita de gente de longe, de muito
longe…
As coisas se
passam em torno do tema da luz, da claridade. Isaías, na primeira leitura desta
liturgia se dirige a Jerusalém, essa que mata profetas, mas essa cidade
encantada para a qual se dirigem aqueles que haviam sido deportados, que
passaram por toda sorte de humilhação na terra do degredo. Há solene marcha
empreendida pelo povo e por seu chefes. “Levanta-te, acende as luzes Jerusalém,
porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor”. As trevas vão
sendo devoradas pela luz que chega. Há uma festa de luz. “Os povos caminham à
tua luz e os reis, ao clarão de tua aurora”.
Jerusalém, a
cidade, é descrita como uma mulher que acolhe os filhos que chegam de longe.
Esguia ela levanta os olhos. Há chegada dos filhos e das filhas como se fosse
uma grande dança. Seus filhos vêm chegando de longe com suas filhas que
carregam nos braços. E o coração de Jerusalém baterá forte e seu
semblante terá cores radiantes.
Isaías fala
mesmo de uma caravana de homens trazidos por camelos. “… será uma
inundação de camelos e dromedários de Madiã e Efa a te cobrir; virão todos os
de Sabá, trazendo ouro, incenso e proclamando a glória do Senhor”.
Mateus afirma
que, no tempo do rei Herodes, quando Jesus tinha nascido Magos do Oriente
chegaram a Jerusalém. Traziam uma pergunta: “Onde está o rei dos judeus,
que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.
Vieram de
longe, esses misteriosos magos. Vieram cheios de interrogações, fazendo uma
longa viagem, esses peregrinos da fé. Estavam com o corpo cansado, as roupas
encharcadas de suor. Vieram à luz da estrela. Vieram à luz da fé. Vieram
consultando as Escrituras e guiados por um filete de fé que vinha de uma
estrela, que aparecia e desaparecia.
Depois de
interrogações e questionamentos de uns e de outros conseguiram chegar ao
presépio do frágil menino. A estrela reaparecera. “A estrela, que tinham
visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar em que estava o
menino”. Novamente, o tema da luz, da estrela da fé que encaminha os passos dos
peregrinos até o Senhor. Homens do Oriente que andavam à busca de Deus, que
carregavam essa ânsia de jogar suas histórias diante daquele que os
iluminava. Que fortuna viver com pessoas de fé, pessoas que caminham por
entre as coisas como se vissem o Invisível! Fé, dom de iluminação.
Finalmente
eles tinham chegado ao termo da viagem. Com a vista da estrela, os magos
sentiram uma alegria muito grande. “Quando entraram na casa, viram o Menino com
Maria, sua Mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram.
Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e
mirra”.
Terminamos
nossa reflexão retomando admirável texto de São Pedro Crisólogo sobre
aquele que nasceu para nós e não quis ser ignorado por nós: “Hoje, os Magos que
o procuravam resplandecente nas estrelas, o encontram num berço. Hoje, os Magos
contemplam maravilhados, no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o
homem em Deus, Deus no homem e, incluído no corpo pequenino de uma criança,
aquele que o universo não pode conter. Vendo-o, proclamam sua fé, não discutem,
oferecendo-lhe místicos presentes: incenso a Deus, ouro ao rei e
mirra ao que havia de morrer. Assim, o povo pagão, que era o último, tornou-se
primeiro, porque a fé dos Magos deu início à fé de todos os pagãos”.
Frei Almir
Ribeiro Guimarães
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