Mais uma
vez  ouvimos na Liturgia da Palavra a parábola do semeador.  Sempre
de novo somos convidados a examinar a qualidade de  nossa escuta dos sons
misteriosos  e  esplendorosos do coração de Deus.  Veneramos com
especial carinho as palavras das Escrituras.  Desde a nossa mais tenra
infância aprendemos a nos situar diante de suas recomendações,  verdades,
exortações.  Sabemos também que  o Senhor tem  outros meios
de  entrar  em contato conosco:  os acontecimentos de todos os
dias, os sinais dos tempos,  as alegrias e os sofrimentos,  a voz dos
mais abandonados, as exortações da Igreja.
Palavra,
comunicação, semente… Deus fala,  deseja entrar em comunhão com os homens
para  manifestar seu amor e operar maravilhas  no coração de cada
um.  Jesus pregador é  ser desejoso de estabelecer  pontes. Do
Pai sai a Palavra,  o Verbo  que corre veloz tentado  poder se
alojar no seio das pessoas.  A Palavra chega perto de  Maria. 
Acolhendo a Palavra  Deus nasce nela.  Este é o milagre da semente e
a força da palavra.
A vida é 
madrasta.  Por vezes os corações dos homens, entregues às suas
preocupações pequenas  ou  grandes, vão  endurecendo por dentro.
Uma vida de descuido da voz da consciência, posturas de indiferenças para as
coisas do coração e da fé  fazem com os corações se tornem  
duros como a pedra.  Deus quer falar,  mas  o chão é duro e
terreno impermeável. “Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor e  não
endureçais o vosso coração”.  A semente cai no caminho pisado,  duro
e o vento as leva para longe.
Há pessoas
de  boa vontade.  Recolhem-se, cantam, participam das coisas da fé.
Mas parece que o coração de alguns não tem profundidade.  São pessoas das
exterioridades.  Há também  pedras.  A fé não foi à raiz de seu
existir.  A raiz  não tinha suficiente  quantidade de
terra  para alimentar uma planta sadia.  Tantos que começam bem, mas
depois são influenciados por opiniões diferentes ou são fracos para  o
desafio da fidelidade!
A vida é
complicada.  Por vezes sentimo-nos no céu, junto de Deus.  Outras
vezes andamos preocupados demais com  a graça do corpo, as roupas bonitas,
o brilho disso e daquilo.  Tantos desejos que sufocam a plantinha que
tinha começado a medrar… Vidas acanhadas;  semente que brota no meio de espinheiros.
Por fim 
há tantos e tantos que estão na espera do Senhor, que sabem que ele anda
batendo à porta, que  espera ser recebido na sala de nossa
interioridade.  Acolhendo o  Senhor as pessoas  que são
terra  boa ficam, por assim dizer, grávidas de Deus.  “Aqueles que recebem
a semente em terreno bom  são os ouvem a Palavra, a recebem e dão
fruto;  uma dá trinta, outro sessenta e outro cem por um”.
Frei Almir Ribeiro Guimarães

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