Jesus fez o
que tinha que fazer. Andou pelos caminhos da terra dos homens. Olhou nos olhos
de pescadores e fez deles missionários.  Subiu ao monte e ensinou as
bem-aventuranças dos pobres  e  dos mansos. Desdobrou o programa de
um mundo de irmãos, de fraternidade, de harmonia, de serviço, de acolhida das
diferenças, de êxtase diante do Pai.  Acercou-se dos  mais
abandonados. Observou a limpidez do coração de uma mulher que colocava  no
cofre tudo o que tinha. Olhou nos olhos de Levi e Zaqueu e tentou atingir a
liberdades desses homens que queria perto dele. Pediu que as pessoas que ouviam
se convertessem e acreditassem que um  mundo novo, o  Reino de Deus,
estava em gestação com sua fala, seus gesto e agora com sua paixão e morte.
Isaías, 
na primeira leitura desta quarta-feira santa,  fala das coisas do
passado,  mas ouvimos  nas considerações do profeta  a voz de
Cristo: “O  Senhor  abriu-me os ouvidos;  não lhe resisti, 
nem voltei atrás.  Ofereci as costas para me baterem e as faces para me
arrancarem a barba;  não desviei os rosto dos bofetões e cusparadas. Mas o
Senhor Deus é meu auxiliador,  por isso não me deixei abater  o
ânimo, conservei o rosto impassível como  pedra, porque sei que não
sairei  humilhado”.
Jesus fez o
que tinha que fazer.  Mais não era possível. O horizonte se torna escuro e
não há mais saída.  Os  fiéis discípulos do  Senhor  se
preparam para estar com o Mestre e, nesta quarta-feira santa, contemplam a
fragilidade de  Judas. O Iscariotes resolve entregar o Mestre em troca de
trinta moedas de prata. Depois de acertar  o preço da venda  Judas
procurava um  modo de entregar o Mestre que, com sua fragilidade, o
decepcionara.
“Ao cair da
tarde,  Jesus pôs-se  à mesa  com os doze discípulos. Enquanto
comiam, Jesus disse:  ‘Em verdade vos digo, um de vós vai me trair’. Eles
ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: ‘Senhor, será
que sou eu?’ (…) Então Judas, o traidor, perguntou:  ‘Mestre, serei eu?’
Jesus lhe respondeu: ‘Tu o dizes’”.
O mais belo
dos filhos dos homens traído por um daqueles que estavam  sentados à mesa,
em sua intimidade.
Frei Almir Ribeiro Guimarães

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