Dom Roberto Francisco
Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos (RJ)
Bispo Diocesano de Campos (RJ)
O homem urbano atual tem muitas dificuldades em
lidar com o tempo de repouso, e considerá-lo não um tempo vazio, mas de
crescimento e harmonia espiritual. Parece que férias fosse o tempo de não fazer
nada, ou fugir da mecânica por vezes estafante do trabalho. Assim facilmente se
cai no tédio e na monotonia de programações que podem ser mais danosas que o
cansaço da tarefa laboral.
Para o cristão o tempo de repouso é um tempo
sabático de festa e lazer com o Senhor do tempo, que nos ensina a repousar no
Espírito. Estar em férias é abrir-se para o inédito, deixar-se
surpreender pela beleza e colorido da vida que não temos as vezes na rotina
para contemplar e simplesmente desfrutar em silêncio. Viver outra vez a
presença de cada minuto como dádiva e dom divino, para despertar e iluminar
todo nosso ser. Desembaçar o nosso olhar e as nossas narinas para experimentar
a diversidade e criatividade do Deus criador na exuberante natureza.
Cultivar a ternura, afetos e sentimentos
adormecidos ou até brutalizados, aprendendo a escutar e acolher o outro.
Saborear a meditação como encontro gratuito e pleno com a Palavra, descendo ao
núcleo mais profundo da interioridade e do coração.
Visitar, viajar, caminhar percorrendo rotas e
jornadas espirituais de um turismo místico voltado para o absoluto e
transcendente. Parar, recolher-se, unir-se resgatando a unidade perdida,
refocalizando toda a nossa pessoa, assumindo com mais consciência o nosso
projeto de vida. Desobstruir os canais de comunicação na família, compartilhar
jogos, saídas, ter tempo para brincar e participar plenamente das alegrias e
buscas de cada integrante do grupo parental.
Fazer as coisas sem pressa, procurando não só
cumprir com uma tarefa, mas realizando-as com prazer e capricho, lembrando
aquela frase de São José Maria Escrivá: "Estai no que fazes e fazei o que
deves". Relaxar sentindo o corpo, a respiração, as pulsações, inovando em
dietas e culturas alimentares, menos tóxicas, e agressivas, readquirindo o
gosto pela irmã água, pelos legumes e pelas frutas.
Escutar com delicadeza o gorjear dos passarinhos,
os sons da criação e ter novamente a experiência fascinante de ver o sol nascer
ou o crepúsculo do mesmo astro rei. Desta maneira as férias se tornarão num
momento de graça, de profunda alegria, e nos trarão a felicidade de
redescobrir o sentido e a paixão de viver. Deus seja louvado!
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