Há cristãos que parecem ter escolhido
viver uma Quaresma sem Páscoa. Reconheço, porém, que a alegria não se vive da
mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito
duras. A alegria do evangelho se adapta e se transforma, mas sempre permanece
pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de sermos
infinitamente amados. Compreendo as pessoas que caem na tristeza por causa das
graves dificuldades que têm de suportar, mas aos poucos é preciso permitir que
a alegria da fé comece a despertar, como uma secreta mas firme confiança, mesmo
no meio das piores angústias. “A paz foi desterrada da minha alma, já nem sei o
que é a felicidade. Isto, porém, guardo no meu coração; por isso, mantenho a
esperança. É que a misericórdia do Senhor não acaba, não se esgota a sua
compaixão. Cada manhã ela se renova; é grande a Sua fidelidade. Bom é esperar
em silêncio a salvação do Senhor” (Lm 3,17.21-23.26)
(Evangelii
gaudium, 6)
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