Neste 17 de janeiro comemoramos Santo Antão (251/252-357), tido como pai da vida monacal. Assim Santo Atanásio descreve sua vida:
“Depois da morte de seus pais, tendo ficado sozinho com uma irmã ainda pequena. Antão, que tinha uns dezoito ou vinte anos, tomou conta da casa e da irmã.
Mal haviam passado seis meses desde o falecimento dos pais, que indo um dia à igreja, como de costume, refletiu consigo mesmo sobre o motivo que levara os apóstolos a deixarem tudo para seguir o Salvador; e por qual razão aqueles homens de que se fala nos Atos dos Apóstolos vendiam suas propriedades e depositavam o preço aos pés dos apóstolos para ser distribuído entre os pobres. Ia também pensando na grande e maravilhosa esperança que lhes estava reservada nos céus.
Meditando nessas coisas, entrou na igreja no exato momento em que se lia o evangelho, e ouviu o que o Senhor disse ao jovem rico: Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres, depois vem e segue-me e terás um tesouro no céu (Mt 19,21).
Antão considerou que a lembrança dos santos exemplos lhe tinha vindo de Deus, e que aquelas palavras eram dirigidas pessoalmente para ele. Logo que voltou da igreja, repartiu com os habitantes da aldeia as propriedades que herdara da família (possuía trezentos campos lavrados, férteis e muito aprazíveis) para que não fossem motivo de preocupação, nem para si próprio nem para a irmã. Vendeu também todos os móveis e distribuiu com os pobres a grande quantia que obtivera, reservando apenas uma pequena parte por causa de sua irmã.
Entrando outra vez na igreja, ouviu o Senhor dizer no evangelho: Não vos preocupeis com o dia de amanhã (Mt 6, 34). Não podendo mais resistir, até aquele pouco que restara deu-o aos pobres. Confiou a irmã a uma comunidade de virgens consagradas que conhecia e considerava fiéis para que fosse educada no Mosteiro. Quanto a ele, a partir de então, entregou-se a uma vida de ascese e rigorosa mortificação, nas imediações de sua casa.
Trabalhava com as próprias mãos, pois ouvira a palavra da Escritura: Quem não quer trabalhar também não deve comer (1Ts 3,10). Com uma parte do que ganhava comprava o pão que comia; o resto dava aos pobres.
Rezava continuamente, pois aprendera que é preciso rezar a sós sem cessar (1Ts 5,17). E era tão atento à leitura que nada escapava do que tinha lido na Escritura; retinha tudo de tal forma que a sua memória acabou por se substituir aos livros.
Todos os habitantes da aldeia e os homens honrados que tratavam com ele, vendo um homem assim, chamavam-no de amigo de Deus; uns o amavam como filho, outros como irmão."
Liturgia das Horas III, p. 1190-1191
Fonte: www.franciscanos.org.br
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