quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Superando o obstáculo da falta de perdão




Quando somos magoados e ficamos presos ao ressentimento, não conseguimos ser inteiramente felizes. Por essa razão, o Espírito Santo nos alerta: “Assim diz o Senhor, o vosso libertador, aquele que abriu caminho pelo mar, passagem entre as ondas violentas... Não deveis ficar lembrando as coisas de outrora, nem é preciso ter saudades das coisas do passado. Eis que estou fazendo coisas novas, estão surgindo agora e vós não percebeis?” (cf. Is 43,14-19).

Quantas pessoas se tornaram infelizes porque se fecharam em seu passado. Não conseguiram deixar para trás o que já não existe. Estão amarradas a lembranças difíceis, nocivas, e, por isso, não conseguem avançar. Lutam como aqueles dois bêbados que, depois de terem remado a noite toda, descobriram que não haviam desamarrado a canoa da beira do rio.

Depois do pecado cometido, ou da mágoa sofrida, a amargura é o mal maior. Uma pessoa triste torna-se a tristeza em pessoa. Precisamos lavar o passado com o perdão para podermos seguir adiante. O perdão é uma fonte de cura tanto para quem o dá quanto para quem o aceita. Ele dá forças para amar e crescer.

Ficar lembrando mágoas é re-sentir, é sofrer de novo, para com a dor alimentar forças de morte em nós: autopiedade, vingança, culpa, ódio etc. Não podemos deixar que a paixão do passado nos impeça de abrir de novo o coração ao amor, nem deixar que a traição nos torne desconfiados de todos, nem mesmo que a morte da pessoa amada nos torne amargurados. As coisas difíceis e dolorosas da nossa história não podem se tornar amarras que nos impedem de ir adiante, mas devem se converter em forças que nos impulsionam. Afinal, sobrevivemos a todas essas lutas e chegamos até aqui.

Aprendemos e podemos usar em nosso favor o que passou. A experiência é uma grande professora e nos ensina aquilo que devemos fazer e também o que não devemos repetir.

Quando dizemos que um remédio está “passado”, estamos afirmando que sua garantia venceu e que a partir daquela data ele não só pode deixar de curar, mas inclusive pode prejudicar. Uma comida que esteja “passada” pode até envenenar.

Não perdoar se torna um empecilho à cura da pessoa: “Aquele que quer vingar sofrerá a vingança do senhor, que guardará cuidadosamente os seus pecados. Perdoa ao teu próximo o mal que te fez e teus pecados serão perdoados quando o pedires. Um homem guarda rancor contra outro homem e pede a Deus a sua cura! Não tem misericórdia para com o seu semelhante, e roga o perdão dos seus pecados! Ele, que é apenas carne, guarda rancor e pede a Deus que lhe seja propício! Quem então lhe conseguirá o perdão de seus pecados?” (Eclo 28,1-5).

Perdoar é aceitar ser perdoado: isso cura o coração e, muitíssimas vezes, cura também o corpo.

Do livro “O Dom da Cura”, de Márcio Mendes

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