Todo este mês
de dezembro tem perfume de esperança. Ele vem. O Messias, na verdade, já
veio. Estamos nos preparando para as grandes celebrações natalinas que
revigoram nossa fé na encarnação do Verbo. Tudo fala de esperança.
Isaías faz um
elenco de eventos alvissareiros: os surdos ouvirão as palavras do livro e os
olhos dos cegos verão no meio das trevas e das sombras. Os tempos messiânicos
sempre foram descritos como aqueles que os cegos e os surdos seriam curados de
suas limitações. E o texto continua na leitura do Evangelho. Jesus
ali coloca um sinal do Reino. Dois cegos se aproximam dele. Querem a
cura. Antes de fazer o gesto de cura, Jesus formula uma
pergunta: “Acreditais que eu posso fazer isso?” Com a afirmativa,
Jesus continua: “Faça-se conforme a vossa fé”. A cura é precedida de um ato de
fé-confiança. Toda essa simbologia nos remete para a cerimônia do batismo
em que é dada a luz. Os que solicitam o batismo desejam uma iluminação. Luz,
iluminação, círio pascal, abandono do pecado, do mundo das trevas, cura da
cegueira mais profunda. Quando Jesus cura os dois cegos da leitura evangélica,
toca os olhos e estes se abriram.
Toda esta
simbólica nos remete, como afirmamos, ao sacramento do batismo. Muitos fomos
batizados quando ainda não podíamos nos dar conta do que estava sendo em nós
operado. Em nossa caminhada de crescimento no conhecimento amoroso do
mistério de Cristo, somos convidados a retomar tudo aquilo que constituiu nosso
ingresso no universo da graça e da fé. Caminhantes e peregrinos nos damos conta
que enxergamos mal. Não temos clareza no momento de fazer uma escolha
fundamental. Nossa inclinação para o mal perturba a limpidez de nossa
visão. O pecado obscurece a razão. Sobretudo nos momentos em que a luminosidade
de uma presença mais sensível do Senhor desaparece não sabemos que caminho
tomar e que opção fazer.
Nos momentos
de maior lucidez buscamos pela luz. Fazemos nossas as palavras do
salmo: “O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor
é a proteção da minha vida; perante quem eu tremerei?”
Isaías, na
leitura hoje proclamada, continua com palavras embebidas de esperança:
“Os humildes aumentarão sua alegria no Senhor, e os mais pobres dos
homens se rejubilarão no Santo de Israel”.
Todas estas
leituras quando ouvidas com as entranhas arrancam do mais profundo de cada um o
desejo da iluminação e um sentimento de profunda gratidão ao Ressuscitado que
vestido da luz a manhã da Páscoa nos tirou definitivamente das trevas.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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