Graças a
Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. "Para mim, a vida é
Cristo, e morrer é lucro" (Fl 1,21). "Fiel é esta palavra: se com Ele
morremos, com Ele viveremos" (2Tm 1,11). A novidade essencial da morte
cristã está nisto: pelo Batismo, o cristão já está sacramentalmente
"morto com Cristo", para Viver de uma vida nova; e, se morrermos na
graça de Cristo, a morte física consuma este "morrer com Cristo" e
completa, assim, nossa incorporação a ele em seu ato redentor:
É bom para mim morrer em ("eis") Cristo Jesus, melhor do que reinar até as extremidades da terra. É a Ele que procuro, Ele que morreu por nós: é Ele que quero, Ele que ressuscitou por nós. Meu nascimento aproxima-se. (...) Deixai-me receber a pura luz; quando tiver chegado lá, serei homem. (Sto. Inácio de Antioquia)
Na morte, Deus
chama o homem a si. É por isso que o cristão pode sentir, em relação à morte,
um desejo semelhante ao de São Paulo: "O meu desejo é partir e ir estar
com Cristo" (Fl 1,23); e pode transformar sua própria morte em um ato de
obediência e de amor ao Pai, a exemplo de Cristo:
Meu desejo terrestre foi crucificado; (...) há em mim uma água viva que murmura e que diz dentro de mim: "Vem para o Pai". (Sto. Inácio de Antioquia)
Quero ver a Deus, e para vê-lo é preciso morrer. (Sta. Teresa de Jesus)
Eu não morro, entro na vida. (Sta. Terezinha do Menino Jesus)
A visão cristã da morte é expressa de forma
privilegiada na liturgia da Igreja:
Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível.
A morte é o
fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que
Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e
para decidir seu destino último. Quando tiver terminado "o único curso de
nossa vida terrestre", não voltaremos mais a outras vidas terrestres.
"Os homens devem morrer uma só vez" (Hb 9,27). Não existe
"reencarnação" depois da morte.
A Igreja nos
encoraja à preparação da hora de nossa morte ("Livra-nos, Senhor, de uma
morte súbita e imprevista": antiga ladainha de todos os santos, a pedir à
Mãe de Deus que interceda por nós "na hora de nossa morte" (oração da
"Ave-Maria") e a entregar-nos a São José, padroeiro da boa morte:
Em todas as tuas ações, em todos os teus pensamentos deverias comportar-te como se tivesses de morrer hoje. Se tua consciência estivesse tranquila, não terias muito medo da morte. Seria melhor evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã? (Imitação de Cristo)
Louvado sejais, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal, felizes aqueles que ela encontrar conforme a vossa santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal. (São Francisco de Assis)
Catecismo
da Igreja Católica, § 1010-1014
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