Num dos versículos da segunda carta aos 
Coríntios  proclamada na  liturgia de ontem líamos:  “E quando,
estando entre vós, tive alguma necessidade,  não fui pesado a ninguém,
pois os irmãos vindos da Macedônia supriram minhas necessidades.  Em todas
as circunstâncias, cuidei e cuidarei de não ser pesado a vós”(2Cor 11, 9). 
Paulo se contenta com o mínimo e não deseja ser peso para seus ouvintes que, ao
que parece,  não estão muito dispostos a serem generosos em seus
dons.  Paulo leva uma vida digna e frugal, simples, modesta.  No
trecho do Sermão da Montanha  Jesus faz uma séria advertência: “Não
junteis tesouros aqui na terra onde a traça e  ferrugem destroem e os
ladrões assaltam e roubam”.  Estamos diante do desejo desmedido de ganhar
e guardar.  Vivemos uma sociedade da competição e do lucro, da complicação
da  vida por causa da competição e do desejo do ter.
Muito se tem escrito e refletido sobre a
necessidade de reduzir  nossas exigências e desejos materiais. 
Vivemos  num processo de complicação da vida.  Se tivermos coragem
será possível viver com maior simplicidade,  mesmo nas grandes
cidades.  Compramos muito.  Compramos roupas demais, bebidas demais,
coisas demais.  As coisas perdem sua validade.  Consumimos.  Não
temos tempo de apreciar o perfume de um vinho, porque temos a adega cheia de
garrafas.   Não  “curtimos”  as pessoas porque o face-book
está  lotado de mensagens.  Respondemos sem colocar afeto nas
palavras que formulamos, sem “degustar”  a riqueza  do outro. 
Perdemo-nos em detalhes completamente dispensáveis e perdermos a visão do
conjunto, porque  “queremos” demais.   Exigimos coisas das quais
nem nos lembramos posteriormente. As pessoas precisam ir além do ter e da
competição.  Precisam apreciar um por-de-sol, uma paisagem bonita pela
paisagem,  um rio pela beleza do rio. Não podemos  querer comprar o
terreno para construir uma casa para nós, para nós…para nós…
Liberdade, poesia,  busca do Absoluto, 
tentar descobrir o tesouro do evangelho escondido no campo ou  buscar a
pérola preciosa que não se compra com dinheiro, nem com poder ou 
prestígio.  “Porque onde está o teu tesouro, aí está o teu coração”.
Frei Almir Ribeiro
Guimarães
www.franciscanos.org.br

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