Os que desejam seguir o Senhor não conhecem
descanso. Sinceros e decididos não cessam de se interrogar a respeito do modo
como andam vivendo seus dias “cristãos”, sobre a melhor maneira de seguir o
Senhor. Acompanhemos passo a passo o evangelho de Lucas hoje
proclamado.
Jesus dirige-se a Jerusalém. Alguém coloca-lhe uma
pergunta: “São poucos os que se salvam?” Não é assim tão evidente e
tão simples a resposta à questão da salvação, da consecução da meta final. A
pergunta tinha sentido. Antes de mais nada será preciso passar pela porta
estreita ou seja pelo esforço, pelo empenho. Os que querem essa vida
plena e eterna sabem que há um labor a ser executado. O discípulo deseja
realmente ser do Senhor e não se importará em privar-se do supérfluo,
deixar de lado seus interesses e eventuais situações de comodidade.
Passará pela porta estreita da rejeição de uns e da indiferença de
outros.
Porta estreita pode ser ligada à educação que o
Senhor costuma dar aos que ama como diz a Carta aos Hebreus: “Meu filho, não
desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando ele te repreende; pois o
Senhor ama a quem ele corrige e castiga, a quem aceita como filho. É para vossa
educação que sofreis e é como filhos que Deus vos trata” (Hb 12, 5-7).
Lucas continua. Há um tempo de espera. E o tempo
termina. “Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós,
do lado de fora, começareis a bater, dizendo: Senhor, abre-nos a porta.
Ele responderá: Não sei de onde sois”. Os discípulos caminham pela
vida, trabalham, se casam, colocam filhos no mundo. No meio de tudo isso
precisarão ficar atentos e vigilantes. Não podem ser discípulos por
costume e ponto final. Lucas continua, colocando questionamentos na boca
que se veem excluídos: “Como, Senhor, não sabes de onde somos?
Comemos e bebemos diante de ti, tu ensinaste em nossas praças”. Não
basta apenas uma pertença formal e fria ao Senhor. Será preciso consciência de
seguimento e ardor nos gestos e palavras. Os que têm constante familiaridade
com o Senhor, aqueles que cultivam delicadeza de consciência e de coração, os
que estão atentos ao hoje das manifestações do Senhor serão salvos, serão bem
sucedidos na empreitada do seguimento do Senhor. O ser cristão não é uma
espécie de coisa mágica que leva à salvação. Não basta recitar o credo,
participar meio mecanicamente da missa, salpicar a vida com preces e
ritos. Será preciso a inteireza do coração. O ser cristão não é um meio
mágico de salvação. Esta última é o resultado do encontro entre o
esforço humano e o dom de Deus. Jesus alerta que há pessoas
batendo à porta da salvação. Serão impedidas, porque não praticam a
justiça.
Frei Almir Ribeiro
Guimarães
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