Quem precisa de algo se coloca na
atitude de carente ou necessitado. A demonstração de que não precisa de ajuda
já bloqueia o possível favorecimento de seu pedido. Até o próprio Filho de Deus
mostrou a maneira humana de se dirigir ao Pai. Ele não precisaria de se
humilhar ou se colocar como inferior, por ter também a natureza divina. Se Ele
deu exemplo de humildade, muito mais nós, meras criaturas humanas, temos que
nos dirigir de modo completamente confiantes e mostrando nossa pequenez diante
do Criador. Ao mesmo tempo, a atitude de reconhecimento da grandeza e
prodigalidade dele nos impulsiona à demonstração do comportamento de filhos
confiantes, como a do filho pródigo! Não à toa Jesus nos ensina a oração
confiante do Pai Nosso!
Quem faz todo o esforço para realizar a
vontade de Deus tem a seu favor, na oração, a demonstração de que não quer
fugir de realizar sua parte para ir ao encontro do projeto do Criador a seu
respeito: “Quem serve a Deus como ele quer será bem acolhido e suas súplicas
subirão até as nuvens” (Eclesiástico 35, 20), Mas, quem ainda se encontra
totalmente fragilizado devido à sua vida não conforme os desígnios do Senhor,
deve pedir força para tentar ser melhor. Mostra a Deus suas carências e seu
esforço para mudar de vida. Ele não apaga o pavio ainda fumegante e vem em
socorro dos carentes que suplicam seus favores.
Quem é orgulhoso e usa da religião para
se projetar, não se importando com o testemunho de vida ética e serviçal em
relação ao semelhante, coloca-se à margem da fé autêntica e da oração eficaz.
Na parábola do fariseu e do homem pecador Jesus dá a lição da oração válida e
aceita por Deus (Cf. Lucas 18,9-14). No primeiro caso a oração é arrogante,
cheia de orgulho e de desprezo pelo outro. Nâo é o fato de a pessoa fazer
muitos atos religiosos, e até comungar da Eucaristia, que leva sua aceitação
por Deus. Tudo isso é importante, com a condição de a pessoa ter as disposições
necessárias para ser aceita por Ele. Até certas pessoas de projeção social
fazem seus atos religiosos em vista de seus interesses de propaganda política e
outros interesses para angariar simpatia da comunidade religiosa.
A oração do cobrador de impostos, tido
como pecador, foi louvada por Jesus, por sua atitude de reconhecimento de sua
pequenez, sendo verdadeiramente humilde e confiante na bondade de Deus.É
importante chamarmos os humildes para suplicarem a Deus em bem da superação de
tantos males e injustiças na sociedade. Muitos desmandos são feitos também por
quem usa da religiosidade para trair o povo, com o mau exercício de suas
lideranças. Precisamos unir os humildes para pedirmos a Deus que converta esses
maus corações e tenhamos mais e melhores serviços prestados à população, que
paga seus impostos e merecem ser melhor servidos em suas necessidades!
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)
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