segunda-feira, 12 de março de 2012

Acolher Cristo

Os pobres no adro da igreja pedem esmola. Quanto dar? Cabe-vos a vós decidir; não fixarei montante, a fim de vos evitar qualquer embaraço. Comprai na medida das vossas posses. Tendes uma moeda? Comprai o céu! Não que o céu seja barato, mas é a bondade do Senhor que o permite. Não tendes moedas? Dai-lhes um copo de água fresca (Mt 10,42). [...]

Podemos comprar o céu e deixamos de o fazer! Por um pão que deis, recebereis o paraíso. Oferecei objectos de pouco valor, e recebereis tesouros; oferecei as adversidades, e obtereis a imortalidade; dai bensperecíveis, e recebereis em troca bens imperecíveis. [...] Quando se trata dos bens perecíveis, revelais muita perspicácia; porque manifestais tal indiferença quando se trata da vida eterna? [...] De resto, podemos estabelecer um paralelo entre os vasos cheios de água que se encontram à porta das igrejas para purificar as mãos e os pobres que estão sentados
fora do edifício para purificardes a vossa alma através deles. Lavastes as mãos na água: da mesma maneira, lavai a alma através da esmola. [...]

Uma viúva, reduzida a uma pobreza extrema deu hospitalidade a Elias (1R 17,9ss): a sua indigência não a impediu de o acolher com grande alegria. Então, em sinal de reconhecimento, recebeu numerosos presentes, que simbolizavam o fruto do seu gesto. Este exemplo talvez vos faça desejar acolher um Elias. Mas porque pedis Elias? Proponho-vos o Senhor de Elias, e não lhe ofereceis hospitalidade. [...] Eis o que Cristo, o Senhor do universo, nos diz: «Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,40).


São João Crisóstomo (c. 345-407), Bispo de Constantinopla, doutor da Igreja

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